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Leões avançam em Weverton Rocha

Os movimentos mais recentes do governador Flávio Dino (PSB) para eleger o seu candidato Carlos Brandão (recém filiado ao PSB) abalaram a então animada pré-campanha do senador Weverton Rocha (PDT).

Pelo menos dois fatos podem ser computados à força do Palácio dos Leões:

1) A filiação do candidato governista ao PSB, legenda onde já está alojado Flávio Dino;

2) A declaração de apoio da família do ex-governador Jackson Lago a Carlos Brandão;

Pedetista histórico, Jackson Lago deixou um legado entre os seus correligionários, inclusive para a ascensão de Weverton Rocha no cenário político.

Na lógica, a família Lago deveria marchar com o candidato do PDT, mas não funciona assim.

Outros fatores são muito mais importantes no jogo bruto da política.

Pelo menos dois herdeiros dos Lago têm cargos importantes no governo Flávio Dino. Ted Lago controla nada mais nada menos que o Porto do Itaqui, a galinha dos ovos de outo do Maranhão. Já o irmão Rodrigo Lago, pré-candidato a deputado estadual, é o atual secretário da influente Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), depois de deixar a Secretaria de Transparência e Controle.

Em síntese, os Lago são guiados pelo poder dos Leões. E nada mais.

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14 de março: a morte de Karl Marx

Karl Marx faleceu em 14 de março de 1883, num bairro da periferia de Londres.

Compartilho abaixo um trecho do discurso que seu amigo, Friedrich Engels, proferiu em seu sepultamento.

Esse texto funerário foi publicado pela primeira vez no Der Sozialdemokrat, nº 13, em 22 de março de 1883. A tradução é de Marcelo da Silva Reis, diretamente do alemão, confrontado com as versões em inglês e espanhol.

DISCURSO:

“Em 14 de março, quando faltavam 15 minutos para as 3 horas da tarde, deixou de pensar o maior pensador do presente. Ficou sozinho por escassos dois minutos, e sucedeu de encontrarmos ele em sua poltrona dormindo serenamente — dessa vez para sempre.

O que o proletariado militante da Europa e da América, o que a ciência histórica perdeu com a perda desse homem é impossível avaliar. Logo evidenciar-se-á a lacuna que a morte desse formidável espírito abriu.

Assim como Darwin em relação a lei do desenvolvimento dos organismos naturais, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da História humana: o simples fato, escondido sobre crescente manto ideológico, de que os homens reclamam antes de tudo comida, bebida, moradia e vestuário, antes de poderem praticar a política, ciência, arte, religião, etc.; que, portanto, a produção imediata de víveres e com isso o correspondente estágio econômico de um povo ou de uma época constitui o fundamento a partir do qual as instituições políticas, as instituições jurídicas, a arte e mesmo as noções religiosas do povo em questão se desenvolvem, na ordem em elas devem ser explicadas – e não ao contrário como nós até então fazíamos.

Isso não é tudo. Marx descobriu também a lei específica que governa o presente modo de produção capitalista e a sociedade burguesa por ele criada. Com a descoberta da mais-valia, iluminaram-se subitamente esses problemas, enquanto que todas as investigações passadas, tanto dos economistas burgueses quanto dos críticos socialistas, perderam-se na obscuridade.

Duas descobertas tais deviam a uma vida bastar. Já é feliz aquele que faz somente uma delas. Mas em cada área isolada que Marx conduzia alguma pesquisa, e estas pesquisas eram feitas em muitas áreas, nunca superficialmente, em cada área, inclusive na matemática, ele fez descobertas singulares.

Tal era o homem de ciência. Mas isso não era nem de perto a metade do homem. A ciência era para Marx um impulso histórico, uma força revolucionária.

Por muito que ele podia ficar claramente contente com um novo conhecimento em alguma ciência teórica, cuja utilização prática talvez ainda não se revelasse – um tipo inteiramente diferente de contentamento ele experimentava, quando tratava-se de um conhecimento que exercia imediatamente uma mudança na indústria, e no desenvolvimento histórica em geral. Assim por exemplo ele acompanhava meticulosamente os avanços de pesquisa na área de eletricidade, e recentemente ainda aquelas de Marc Deprez.

Pois Marx era antes de tudo revolucionário. Contribuir, de um ou outro modo, com a queda da sociedade capitalista e de suas instituições estatais, contribuir com a emancipação do moderno proletariado, que primeiramente devia tomar consciência de sua posição e de seus anseios, consciência das condições de sua emancipação – essa era sua verdadeira missão em vida.

O conflito era seu elemento. E ele combateu com uma paixão, com uma obstinação, com um êxito, como poucos tiveram. Seu trabalho no ‘Rheinische Zeitung’ (1842), no parisiense ‘Vorwärts’ (1844), no ‘Brüsseler Deutsche Zeitung’ (1847), no ‘Neue Rheinische Zeitung’ (1848-9), no ‘New York Tribune’ (1852-61) – junto com um grande volume de panfletos de luta, trabalho em organização de Paris, Bruxelas e Londres, e por fim a criação da grande Associação Internacional de Trabalhadores coroando o conjunto – em verdade, isso tudo era de novo um resultado que deixaria orgulhoso seu criador, ainda que não tivesse feito mais nada.

E por isso era Marx o mais odiado e mais caluniado homem de seu tempo. Governantes, absolutistas ou republicanos, exilavam-no. Burgueses, conservadores ou ultrademocratas, competiam em caluniá-lo. Ele desvencilhava-se de tudo isso como se fosse uma teia de aranha, ignorava, só respondia quando era máxima a necessidade.

Ele faleceu reverenciado, amado, pranteado por milhões de companheiros trabalhadores revolucionários – das minas da Sibéria, em toda parte da Europa e América, até a Califórnia – e eu me atrevo a dizer: ainda que ele tenha tido vários adversários, dificilmente teve algum inimigo pessoal.

Seu nome atravessará os séculos, bem como sua obra!”.

F. ENGELS

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As perspectivas do uso medicinal da Cannabis sativa

O caminho para o acesso ao uso terapêutico da Cannabis passa por informação, esclarecimento e mobilização. Essa foi a principal conclusão do 1º Seminário Estadual sobre a Cannabis Medicinal, com o tema “Uso terapêutico e perspectivas legais”, realizado pela Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), em parceria com o programa Farmácia Viva, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Conselho Regional de Farmácia do Maranhão, Associação Acolhedeira e Bella Farma.

O evento com transmissão on line reuniu gestores públicos, profissionais da saúde, pesquisadores, estudantes e familiares de pessoas que fazem uso terapêutico na Cannabis sativa no Maranhão e em outras regiões do Brasil.

Todo o conteúdo está disponível no canal Direitos Humanos Maranhão no YouTube para quem quiser rever ou assistir pela primeira vez.

O seminário, pioneiro no estado, trouxe para o debate as diversas potencialidades da planta para o tratamento de doenças como depressão, epilepsia refratária, esclerose múltipla, paralisia cerebral, alzheimer, dores, inflamações, entre outras. Além de painéis informativos, teve a apresentação de estudos científicos e um panorama sobre os avanços e desafios para regulação e legalização das medicações à base de Cannabis. O evento também contou com um painel que trouxe relatos de experiências, momento marcante para todos os presentes.

“A melhor forma de enfrentar o desconhecimento e o preconceito é fazer o que estamos fazendo hoje neste seminário: trocando conhecimentos e experiências, debatendo e principalmente abrindo o diálogo com os diversos setores da sociedade, como o poder público, a universidade, as instituições do sistema jurídico, com as comunidades indígenas que detém um saber ancestral sobre o uso das plantas medicinais para que possamos estabelecer novos paradigmas. Hoje avançamos nesse caminho e agora temos o desafio de ampliar essa mobilização para que mais pessoas tenham acesso ao tratamento terapêutico com a Cannabis no nosso Estado”, ressaltou o secretário de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves.

A Cannabis sativa é a espécie da planta que dá origem a maconha, muito conhecida por seu uso recreativo. Contudo, também é reconhecida por suas propriedades medicinais, dando origem ao Canabidiol (CBD), uma substância química, extraído da planta, assim como o princípio ativo tetrahidrocanabiol (THC). Ambas substâncias estão sendo utilizadas e estudadas amplamente, para fabricação de medicamentos contra inúmeras doenças.

A liderança indígena da Terra Indígena Araribóia, Maria Santana Guajajara, conhecedora das plantas medicinais, desenvolve, há anos, uma série de produtos para tratamento de doenças, como pomadas e óleos. Ao falar sobre sua experiência, ressalta que os povos indígenas têm como herança que passa de geração em geração os saberes da natureza que trazem cura. “O corpo fala, as dores no corpo falam pra gente, o tratamento fala pra gente. Esse conhecimento que nós, povos indígenas, temos, está dentro de nós, é resultado da preservação da nossa ancestralidade e do que o corpo humano apresenta”, disse. 

Um grupo de mães, intitulado Mãeconheira, participou ativamente do seminário como ativistas do uso medicinal da Cannabis, mostrando por meio de suas experiências com os filhos no tratamento da Epilepsia Refratária, doença que pode causar cerca de 50 convulsões diárias, e de sintomas associados ao autismo. Para a pedagoga Darli Machado, uma das fundadoras do grupo, o seminário representa um divisor de águas no debate sobre o uso terapêutico da Cannabis. “Esse evento é muito importante, é um divisor de águas para nós. Existe muito preconceito, as pessoas não entendem, não dão valor e muitos só pensam na maconha como algo negativo, como algo maléfico e não é. Para os nossos filhos é tudo, é a possibilidade de ter qualidade de vida. Meu filho faz uso há cinco anos e desde então tem uma vida melhor, o que é resultado do uso da Cannabis e faz toda a diferença na vida dele e da nossa família”, afirmou a pedagoga. 

Além da questão da saúde, o seminário também trouxe para a discussão o panorama legal e regulatório no Brasil, destacando os avanços e desafios para a garantia do acesso ao tratamento terapêutico com a Cannabis. O juiz titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, Douglas Melo Martins, destacou que esse debate é fundamental para o avanço de políticas públicas de saúde e para garantia dos direitos humanos. Ele destaca ainda que é necessário fazer uma mobilização em rede. “Há sim muitos avanços que podem ser destacados, ganhos individuais e coletivos para a sociedade. Mas se quisermos ampliar ainda mais o acesso ao tratamento com o uso da Cannabis é necessário fazermos uma articulação em rede. Eventos como esse aqui são importantes porque reúnem pessoas de diversos segmentos e geram um impacto que pode resultar em mudanças”, afirmou o juiz.

O defensor público estadual, Joaquim Gonzaga, que atua em ações envolvendo crianças e adolescentes, afirmou que conhece a dor das famílias que buscam o direito de realizar o cultivo da Cannabis, ter prescrição médica e acesso a medicamentos e que para muitas dessas famílias o uso da Cannabis é indispensável para o alívio da dor e do sofrimento. “É necessário que a gente continue se organizando, pois é assim que iremos evoluir. Há entraves, burocracia e interesses contrários que tendem a se levantar contra, mas já temos muito que comemorar. É importante que esse seminário se multiplique por outras regiões do estado e do país, para que todos possam conquistar seus direitos”, pontou Joaquim Gonzaga.

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As bibliotecas na minha vida

Ao longo de toda a minha permanente jornada de estudante, as bibliotecas sempre tiveram um significado especial, como se fossem lugares sagrados, em tons de catedrais.

Algumas vivências minhas em bibliotecas são inesquecíveis, mas uma delas foi marcante, durante a minha passagem pelo doutorado, na PUC do Rio Grande do Sul.

No campus Ipiranga da PUCRS há um prédio de 18 andares onde está instalada a Biblioteca Central Irmão José Otão.

Ali eu passava quase o dia inteiro, em condições ideais de ambientação, silêncio, equipamentos, acervo e toda a atenção, dedicação e simpatia dos(as) profissionais de Biblioteconomia.

Embora a biblioteca da capital gaúcha me deixe saudoso, é o velho prédio da Benedito Leite, no coração de São Luís, minha maior paixão.

Ali era obrigatória a minha passagem diária, em uma boa parte da graduação em Jornalismo na UFMA, mergulhado nos estudos em livros e jornais antigos, além da boa prosa ao fim do expediente com meu amigo José Benedito Azevedo Amorim, ex-funcionário da biblioteca e hoje advogado e servidor federal.

Naquela época eu só tinha dois passes escolares e poucos centavos, mas a vontade e o sonho de vencer na vida redobravam os meus esforços nos estudos. A biblioteca Benedito Leite, posso dizer sem exagero, salvou minha vida.

Neste Dia da(o) Bibliotecária(o), minha gratidão e reconhecimento por tudo que vocês desempenham na caminhada longa do conhecimento.

Parabéns e gratidão!

Imagem destacada / biblioteca Benedito Leite / site TV Mirante

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Beto Ehongue lança “Curare”

O single Curare, de Beto Ehong, foi lançado nessa sexta-feira, 11 de março de 2022, em várias plataformas digitais.

A música, de raiz ambientalista e beat forte, crava suas metáforas com água e veneno bem no peito da desordem organizada e anti-ecológica criada nos últimos tempos no mundo, principalmente no Brasil.

Fala aí, Beto:

“Eu vou meter um rio em você

Vou te enfiar goela abaixo a bacia Amazônica”

“Vou ali Raoni reunir” diz o refrão. O autor define o single como um grito de guerra pra ouvir, refletir e partir pra pista, vibrando amor e arte.

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Ameaças dos aplicativos reforçam urgência de regulação da mídia

O esforço de conter as mentiras nas redes sociais pode ser uma oportunidade para construir um novo sistema normativo para a comunicação, abrangendo o legado da radiodifusão e os novos ambientes digitais, diz Murilo Ramos, da UnB

Murilo Cesar Ramos reflete sobre os novos cenários da comunicação

[SOS Brasil Soberano] A necessidade de conter os ataques massivos de desinformação pública nas redes sociais pode promover uma rara oportunidade de conseguir alguma regulação de meios de comunicação no Brasil, de acordo com a avaliação do professor Murilo César Ramos, da Universidade de Brasília (UnB), pesquisador sênior do Centro de Políticas, Direito, Economia e Tecnologias de Comunicações (CCOM) e do Laboratório de Políticas de Comunicação (LaPCom). Segundo ele, face à influência crescente de plataformas como Facebook, Instagram ou Twitter, e dos aplicativos de mensageria (WhatsApp e Telegram), mesmo representantes de empresas como o Grupo Globo estariam reconhecendo, pela primeira vez, a necessidade de dar limites e normatizar o setor. A bandeira da desregulação absoluta, há anos empunhada pelos empresários da mídia hegemônica, está agora com as forças bolsonaristas, de extrema-direita.

“Os liberais da mídia eletrônica – vamos singularizar na Globo, porque é pedagógico mas não só – estão numa grande arapuca. Eles sempre disseram que a regulação seria censura, mas, agora, estão pedindo alguma regulação, e de conteúdo sim.” Basicamente, explica o pesquisador, porque “os aplicativos de mensagem viraram verdadeiros disseminadores de falsidades, mentiras, desinformação.”

Levaram a limites extremos a insubordinação às leis nacionais – “ a Internet é transnacional”, alerta o professor. “Como entender uma empresa privada decidir não atender a uma demanda da Justiça brasileira, como é o caso do Telegram, que recebeu notificação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para apresentar as medidas de moderação que estariam sendo adotadas durante o processo eleitoral, e simplesmente se nega. O Estado não tem a capacidade jurisdicional de ir lá e obrigá-los a fazer isso.”

Ramos acredita que o ex-presidente Lula, pré-candidato à Presidência pelo PT, teria promovido durante sua viagem à Europa uma “inflexão no discurso”, passando a apontar a internet, quando se aborda a questão da regulação. “Vamos discutir democracia e o risco que são as redes sociais? O risco que é a desinformação? Então vamos arrumar tudo. Enfrentar o legado analógico e o desafio digital que está contaminando o ambiente político, econômico e de negócios. Vamos fazer essa discussão. Esse é o desafio que temos hoje — juntar as duas pontas”, diz o professor.

Experiências europeias
Para impor algum limite às redes sociais, a União Europeia tem agido “muito fortemente sobre o poder econômico dessas empresas, com multas de bilhões de euros”, diz Murilo Ramos. “Aplica a Lei da Defesa da Concorrência e pune financeiramente.”

O pesquisador reconhece que a abordagem regulatória das redes é extremamente complexa e que “a soberania e o Estado nacional perderam a capacidade de agir nessas situações”. Além da alternativa mais direta, de tirar do ar, por exemplo, o aplicativo que não resolva o problema do disparo em massa de mensagens, ele cita as instâncias de moderação das próprias redes. Lembra que, no caso do Facebook, uma comissão de alto nível conta, inclusive, com a participação do advogado brasileiro Ronaldo Lemos, especialista em Internet.

Mesmo assim, o pesquisador é cético em relação à sua eficácia. “Acaba que só justificam e validam… porque eles [os aplicativos] não vão deixar de fazer as barbaridades”, adverte. “Sem as fake news, não há clique, a atenção se dispersa. Se não mantiver as pessoas ligadas, clicando, o modelo de remuneração e de captura de dados vai para o espaço. Então eles fingem que criam mecanismos [de moderação], mas, se forem fundo, o modelo de negócio acaba.”

O ideal, na opinião de Ramos, seria eliminar o modelo de negócios baseado na captura de dados pessoais. O que significaria, contudo, passar a cobrar pelo acesso aos serviços de redes como o Facebook, atualmente gratuitos. “O custo do serviço de graça está sendo uma desgraça para as sociedades contemporâneas”, analisa.

Nesse sentido, o pesquisador lembra que o Congresso Nacional promulgou, no último 10, a Emenda Constitucional  115, incluindo a proteção de dados pessoais entre os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. Também estabeleceu a competência privativa da União para legislar sobre sua proteção e tratamento.

Legado da radiodifusão

Com relação ao legado das comunicações eletrônicas do cenário pré-digital, o professor da UnB observa que a Constituição Federal inclui cinco artigos relacionados ao setor. Mas que esbarrou repetidas vezes nos lobbies empresariais e corporativos impedindo a sua regulamentação. Por exemplo, o projeto de regionalização da programação de TV (PL nº 256/91, da deputada federal Jandira Feghali), que nunca foi adiante no Congresso. Segundo ele, para fazer cumprir a Constituição, seria necessário atualizar a legislação do setor, que ainda é baseada na lei 4.117, de 1962, e no Código Brasileiro de Telecomunicações. “A Constituição Federal prevê [a regulação] mas a legislação não foi feita, a não ser em alguns casos”, diz.

Além disso, uma grande derrota na Assembleia Constituinte foi ter permitido que se retirasse do Estado o poder de decidir sobre as outorgas no setor. “Pegou-se uma outorga precária, que é a concessão e a permissão, retirou-se do Estado a capacidade de sancionar e regular, e jogou-se para o Congresso Nacional decidir se outorga ou se cassa. E, se cassar, [a decisão] ainda vai para o Poder Judiciário”, critica Murilo Ramos. Diferentemente do previsto para os demais serviços públicos, como transporte ou energia, não se consegue no Brasil cassar uma concessão de radiodifusão, mesmo em caso de descumprimento de obrigação.

Na maior parte do mundo capitalista, nas economias liberais de mercado, a mídia eletrônica é regulada, compara o professor da UNB. Nos EUA, a primeira legislação para regular a mídia foi a Lei do Rádio, de âmbito federal, em 1928. Em 1932, com a emergência da tecnologia da radiodifusão, a Comissão Federal do Rádio, que tratava do setor de telecomunicações, ampliou o escopo para o que se tornou o Communication Act, de 1934, a Lei de Comunicações. A Comissão Federal do Rádio virou então a Federal Communication Commission (FCC), ativa até hoje.

Referências importantes para buscar um modelo de regulação das comunicações no Brasil incluiriam, ainda, as experiências europeias, centradas no serviço público, por meio de empresa estatal (a BBC britânica, a RTP portuguesa, a Deutsche Welle alemã, entre outras), com autonomia e financiamento público. Nos EUA, o modelo já nasceu privado, baseado em recursos publicitários, mas, mesmo assim, há uma emissora pública, estatal, com padrão alto de qualidade na programação e de confiabilidade junto ao público.

O Brasil, ressalta o professor da UNB, teria que criar seu próprio modelo. Ele defende a coexistência de uma mídia privada regulamentada, com órgão regulador, contratos claros para cobrança de responsabilidade, possibilidade de aplicação de sanções, e uma organização pública nos moldes idealizados originalmente para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

“Se Lula vencer, tenho certeza de que o projeto [da EBC] será retomado”, avalia. “E qual vai ser a presença da radiodifusão pública do Brasil na internet? Vai precisar ter o seu streaming e competir também nesse modelo.”

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Município de Itapecuru-Mirim é contemplado com Restaurante Popular

 Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social (Sedes), inaugurou, nesta quarta-feira (9), o 78º Restaurante Popular do Maranhão no município de Itapecuru-Mirim. O equipamento faz parte da rede de segurança nutricional e alimentar que vem sendo implantada com celeridade pela Sedes. Serão distribuídas no local, diariamente, 1.200 refeições, sendo 800 almoços e 400 jantares, ao custo de R$ 1,00 cada.

O ambiente também ofertará outros serviços, como palestras e oficinas em educação alimentar, tendo como público-alvo as comunidades mais vulneráveis. A iniciativa busca estimular a capacitação dessa população e a movimentação do comércio local. 

Durante a cerimônia, o governador Flávio Dino ressaltou a importância do trabalho que vem sendo feito. “Este é o Restaurante Popular de número 78 do Maranhão, a maior rede de segurança nutricional do Brasil. Isso significa dizer que estamos trazendo comida de qualidade, acessível e nutritiva aos que mais precisam nesse momento tão delicado. E estão vindo mais por aí”, afirmou o governante.

A secretária da Sedes, Larissa Abdalla também pontuou sobre a relevância dessa inauguração. “A população de Itapecuru-Mirim recebe hoje seu primeiro Restaurante Popular, uma iniciativa marcada pelo espírito de união que resulta em benefício concretos para aqueles que mais precisam, trazendo acesso a um alimento bom e barato”, disse a secretária.

Presente no local, o prefeito Coroba (Benedito de Jesus Nascimento) elogiou a obra completada com êxito no município. “Essa iniciativa do Governo do Maranhão, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Social, foi de suma importância aqui para o município. Esse restaurante trará uma alimentação digna para quem tanto precisa, é uma enorme alegria poder ver isso”, disse.

O morador local, José Alberto Franco também esteve na abertura e mostrou empolgação com o novo empreendimento do Estado. “Esse restaurante vai ajudar muita gente, várias famílias que precisam de um alimento, e por apenas R$ 1,00, vai ser bom demais, eu venho todo dia”, afirmou.

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Fapema apresenta plano de trabalho para 2022

Na cerimônia, a Fundação lançou editais voltados para robótica e
literatura e lançou resolução de convênio com a Emap.

Na tarde de 08/03 (terça-feira) aconteceu a cerimônia de apresentação do Plano de Trabalho 2022 da Fapema, no auditório do Palácio Henrique de La Rocque, com transmissão simultânea no canal oficial do Youtube da Fundação. O Evento contou com a presença de bolsistas e pesquisadores, além de autoridades convidadas representando diversas secretarias do governo e instituições de ensino superior do Maranhão.

A apresentação do plano de trabalho é um evento anual e que visa apresentar para a comunidade os projetos que a Fundação vai promover em cada ano. Na Fapema, os editais são divididos em quatro linhas de ação: Mais Ciência, Mais Inovação, Mais Qualificação e Popularização da Ciência. Durante a abertura do evento, o diretor-presidente da Fapema ressaltou a importância do momento para apresentar os projetos do ano para os setores interessados, além de destacar a importância da Ciência e Inovação para o Estado: “Muitas vezes nos deparamos com problemas que parecem muito grandes, mas com as soluções de pesquisas que estão sendo implementadas nas Universidades e Instituições de Ensino, é possível prosseguir com o desenvolvimento do nosso estado”, declarou André Santos.

A Linha de ação Mais Ciência tem como objetivo a promoção e o fomento de projetos de pesquisa. O Edital Universal é o principal dessa linha de ação, e este ano inclui uma faixa para os recém-doutores. Além disso, também estão previstos editais de Pós-Graduação,apoiando o custeio dos PPGs em todo o estado, e de Infraestrutura, que buscam a implantação, recuperação e modernização de centros de Ciência, Tecnologia e Inovação, para diminuir a desigualdade regional em pesquisa no Maranhão.

Além disso, ainda nessa linha de ação, a edição de 2022 do edital Geração Ciência terá o foco na integração da robótica como recurso tecnológico e acessível para alunos de Instituições Públicas de Ensino Médio e Técnico: “Professores e estudantes de Instituições de ensino médio, em cooperação com as Universidades, vão ter acesso a bolsas e auxílios financeiros para a realização de projetos de robótica voltados para a solução de problemas que podem ser aplicadas em empresas ou pelo próprio poder público”, explicou o diretor-presidente da Fapema, durante o lançamento do  edital, que aconteceu logo após a apresentação do plano de trabalho.  No total, o investimento para as ações do Mais Ciência em 2022 estão previstas em R$15.072.000,00.

Programas que visam financiar a melhoria na qualificação dos pesquisadores do Maranhão estão na linha de ação Mais Qualificação: Nessa linha estão os programas de concessão de bolsas de Estágio, Iniciação Científica e Iniciação Científica Júnior, além das bolsas de Mestrado e Doutorado e de Produtividade para valorizar os pesquisadores com contribuições relevantes na produção científica. Em 2022, serão R$ 30.267.000,00 investidos em qualificação.

Para auxiliar na divulgação científica, a Fapema conta com a linha de ação Popularização da Ciência, que possui editais voltados para a publicação de artigos e periódicos científicos. Aproveitando a solenidade e em comemoração aos 100 anos da semana de arte moderna de 1922, a Fapema, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (SECMA), também lançou o edital Literatura Graça Aranha: o nome é uma homenagem ao escritor maranhense que foi um dos organizadores da histórica semana de arte moderna, e o edital permitirá a publicação de livros digitais. Para esse e mais editais voltados para a popularização da ciência, a Fapema deve investir R$ 3.910.000,00 esse ano.

Para estimular a cooperação entre empresas, Instituições de Ensino Superior, centros de pesquisa, organizações não-governamentais e governo para a promoção da inovação e empreendedorismo, a Fapema conta com a linha de ação Mais Inovação. Para o ano de 2022, estão previstas várias ações de caráter internacional e interdisciplinar, como os editais do programa cooperação internacional e do programa cidadão do mundo. Além disso, o programa Inova Maranhão possui o edital Ecossistemas de Inovação em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) e o SEBRAE, que visa incentivar as IES a implantar espaços de inovação que auxiliem empresas de micro, pequeno ou médio porte em todo o Estado, além do próprio setor público.

Outro programa importante na área da Inovação é o programa Porto do Futuro, realizado em parceria com a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap). A parceria consiste em um programa de pesquisa voltado para projetos que contemplem a área portuária, e para isso serão concedidas bolsas de pesquisa a estudantes e programas de pós-graduação maranhense, auxílios a projetos de pesquisa, programa de intercâmbio portuário dentre outras ações. A previsão é que sejam investidos R$ 40.000.000,00 de reais nos próximos anos, sendo R$ 10.000.000,00 já em 2022: “É preciso que os pesquisadores maranhenses pensem em projetos que vão subsidiar esses interesses do Porto, para que sejam criadas soluções que atendam às necessidades do nosso sistema portuário”, destacou o professor André Santos durante o evento.

Como o evento foi realizado no dia 08/03, em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, e considerando que a maioria das pesquisas apoiadas pela Fapema foram desenvolvidas por mulheres, a ocasião não poderia ser ignorada. Por isso, ao final do evento, foram distribuídas flores para todas as mulheres presentes.

 Além disso, todos os pesquisadores presentes receberam uma cópia do plano de trabalho 2022. Algumas destas cópias continham uma surpresa: um selo dourado escrito “pesquisador premiado”. O selo garantiu uma lembrança extra para os sortudos: O Kit pesquisador, que contou com sacola personalizada, além de um Planner, calendário e livros produzidos com o apoio da Fundação.

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Maria Firmina dos Reis para crianças

Bicentenário da romancista maranhense que viveu no século 19 será celebrado com o lançamento do livro Maria Firmina, a menina abolicionista, de Andréa Oliveira

Com o livro Maria Firmina, a menina abolicionista, a jornalista e escritora Andréa Oliveira inaugura a Coleção Meninas do Maranhão, série de biografias infanto-juvenis sobre grandes mulheres maranhenses, e também o selo independente Palavra Acesa. A obra, com ilustrações da artista visual Mônica Barbosa, será lançado nesta sexta, dia 11 de março, às 18h, na Sala Sesc de Exposições (Av. dos Holandeses). A data marca o bicentenário de nascimento da autora do primeiro romance abolicionista da literatura brasileira.  

O livro é fruto de dois anos de pesquisa sobre a personagem e também sobre a escravidão, um dos capítulos mais tenebrosos da história do mundo e principalmente do Brasil, o último país das Américas a abolir essa prática, pelo menos oficialmente. “Quando eu tive a ideia de construir a coleção de biografias de mulheres maranhenses, o nome de Maria Firmina foi o primeiro da lista. Ela é a nossa grande pioneira nas principais lutas que ainda estão na pauta do tempo presente, pela liberdade para todos, contra o racismo e toda forma de opressão contra as mulheres”, afirma Andréa Oliveira.

A vida de Maria Firmina dos Reis é tão rica de acontecimentos impressionantes que parece até inventada: uma menina afrodescendente no Maranhão do século 19, criada numa vila do interior sem a figura paterna e distante do mundo dos privilégios vir a se tornar a primeira professora concursada do estado, a primeira mestra-régia, a romancista publicada nos jornais da capital.

Ela também foi quem criou a primeira escola em que meninas e meninos estudavam as mesmas lições, a escritora que deu voz às pessoas escravizadas, fossem africanas e seus descendentes, fossem indígenas; e questionou o lugar das mulheres. Até aqui parece muito, mas Maria Firmina dos Reis foi mais adiante e atuou também como poeta e compositora dos festejos populares, autora de toadas que até hoje encantam mestras e mestres do bumba-meu-boi do Maranhão. E tudo isso poderia ter ficado no esquecimento se alguém não tivesse encontrado um livro seu, por acaso, mais de um século depois, e dado início à recuperação de sua história.

A jornalista e escritora Andreia Oliveira em nova produção literária

“Conhecer Maria Firmina dos Reis e honrar o seu legado é dever de todas as pessoas nascidas no Brasil, principalmente nós, maranhenses. Por isso escrevo para crianças e, como costumo dizer, para crianças de todas as idades, para que cresçam com referências reais sem perder de vista a fantasia que uma história como a dela pode despertar, inspirar, emprestar poder. E se estamos falando dela hoje – e é uma das autoras brasileiras mais estudadas – é porque sua obra tem poder”, diz a escritora.

Andréa Oliveira, que estreou no gênero biográfico com a história do compositor João do Vale, em João do Vale – mais coragem do que homem (EDUFMA, 1998) e João, o menino cantador (Pitomba!, 2017), inicia, com este novo título, uma ciranda de mulheres em todas as etapas da produção literária. Além da companhia de Mônica Barbosa, nas ilustrações, o livro tem projeto gráfico de Tay Oliveira, revisão de texto de Eulália Oliveira e a impressão foi feita na gráfica Gênesis, comandada por Eva Mendonça.

O projeto Maria Firmina, a menina abolicionista foi contemplado pela Lei Aldir Blanc (SECMA) e recebeu apoio do Sesc Maranhão.

TRECHO

Tudo parecia ir muito bem até que algo muito esquisito aconteceu. Como um feitiço, daqueles que espalham uma nuvem de esquecimento sobre todo um reino, a história dela desapareceu e ficou escondida dentro de um silêncio profundo por mais de um século. A sua vida, toda a obra que criou, tudo foi perdido como uma folha seca no vai e vem das marés. E da grande mestra e escritora abolicionista Maria Firmina dos Reis não sobrou nem mesmo uma fotografia. Um nome sem rosto, um corpo perdido na história, mas uma voz tão forte que um dia, como se por encanto, foi desenterrada do fundo de um monte de livros antigos. E assim ela se tornou uma das escritoras mais admiradas e estudadas do Brasil. 

SERVIÇO

O quê: Lançamento do livro Maria Firmina, a menina abolicionista, de Andréa Oliveira

Quando: 11 de março, 18h

Onde: Sala Sesc de Exposição (Av. dos Holandeses, em frente ao Ibis Hotel)

Quanto: R$ 50,00

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De tudo, muito.

Eloy Melonio é professor, escritor, poeta e compositor

Dizem que o verbo “dizer” joga nas duas pontas: ora é falar; ora, escrever.

É isso e muito mais: dar uma opinião, passar uma informação, exprimir um sentimento. E, nesse jogo lexical, cada um diz o que vem à mente ou ao coração. Sem se esquecer de que é a “palavra” que joga em todas as posições, inclusive no banco de reservas.

Se falei “dizer”, não é demais ouvir a voz da sabedoria. Aristóteles dizia que “o sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz”. Na filosofia popular, a gente se vira mesmo é com “tudo que é bom dura pouco” ou “tudo o que é demais sobra”.

Esses conceitos parecem coisa do passado. Não dizem mais a mesma coisa nestes novos tempos. E desconfio que o “bom senso” já não está com essa bola toda. Acho até que a teoria do “equilíbrio” não se sustenta mais. Ou você ataca (e se defende) pela direita ou pela esquerda. No meio do discurso, pode haver pedras.

E, por falar nisso, será que ainda existe esse negócio de “bom senso”?

Ao que tudo indica, é essa falta de equilíbrio o grande problema da sociedade. Por causa dele, muita gente cai do cavalo. Parece que está tudo fora do prumo. O velho “normal” já era, e grande lance agora é o novo. Não se diz e não se faz mais um monte de coisas como antigamente.

Viver esse novo tempo não é tarefa fácil. O excesso de alegria é chato. A revelação de inteligência pedantismo. Opiniões, sugestões, lições… quem as pediu?

Apesar de tudo, ainda há gente interessada no velho bom senso. Não dá pra levar a sério o que se vê, se ouve ou se fala nas redes sociais nem nas mídias tradicionais. Alguém acredita que o papa chamou os brasileiros de “cachaceiros”? Teria alguém coragem de dizer que os sintomas da Covid-19 não passam de “uma gripezinha”?

Muita gente reclama desse novo palco, com seus figurinos e falas. Toquinho, o parceiraço de Vinicius de Moraes, revela num vídeo sentir-se um estranho no ninho. Saudosista, relembra a infância e a adolescência marcadas pela pureza e ingenuidade. Em sua “Aquarela”, já parecia antever as cores desse novo mundo: “Nessa aquarela, não nos cabe/ Conhecer ou ver o que virá/ O fim dela, ninguém sabe/ Bem ao certo onde vai dar”; “Vamos todos/ Numa linda passarela/ De uma aquarela que, um dia, enfim/ Descolorirá”.

Como diz o outro, a nudez feminina é uma dessas poucas coisas positivas. Antigamente, corríamos às bancas para “comprar” a PLAYBOY do mês, que trazia uma famosa na capa: Luma de Oliveira, Xuxa, Adriane Galisteu. Hoje, anônimas desfilam nuas a um click no smartphone, sem nenhum custo. O que tem de gente rebolando, mostrando o bumbum, “não está escrito (nem dito)”. Gente que a gente conhece do barzinho, do shopping, das redes sociais. Amigos trocam vídeos e fotos com incrível naturalidade. Nesse novo tempo (com o perdão de Nelson Rodrigues), “toda nudez será prestigiada”.

Entre o velho e o novo, o mundo gira, e a vida segue. No campo das Letras, a choradeira é geral. “Tá tudo muito diferente”, diria Machado de Assis, caso se deparasse com Fernanda Montenegro e Gilberto Gil ao descer, numa quinta-feira qualquer, para o chá das cinco na sede da ABL. Letras, em seu sentido estrito, apenas na sigla ABL. Num contra-ataque, acho que os escritores podem facilmente entrar para a Academia dos Astrólogos ou dos Alquimistas.

Esse novo cenário é um turbilhão de “fake news”, retórica vazia, “haters”, insultos, agressões. Uma realidade na qual o eufemismo é uma figura de linguagem arcaica nos embates políticos, seja entre eles ou entre nós. Em nome da assertividade, jogam-se no lixo a ética, o respeito, os bons costumes e ─ acredite ─ o velho e cansado bom senso.

Bruninho, torcedor-mirim do Santos F.C., sentiu na pele essa pressão ao ser hostilizado por torcedores marmanjos do seu próprio time, no fim do jogo Santos x Palmeiras (7-11- 2021). Seu erro: pediu a camisa do goleiro do time adversário, de quem é fã. Situação assim faz-me lembrar da pergunta (que já calou) de Galvão Bueno: Pode isso, Arnaldo?

Hoje, todo mundo pode tudo. Tudo é de todos, e todos só é realmente todos se ─ em alguns casos ─ trocarmos a vogal da última sílaba da palavra por outra letra ou sinal.