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Musical em homenagem ao cantor João do Vale volta ao palco do teatro Arthur Azevedo

Após o grande sucesso da última temporada, o musical ‘João do Vale, O Gênio Improvável’ encerrará a programação do GEMA – Grandes Espetáculos do Maranhão, evento promovido pelo Governo do Maranhão a partir da coordenação da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), por meio do Teatro Arthur Azevedo.

Serão quatro apresentações: no dia 22 às 21h, no dia 23 às 18h e às 21h e no dia 24 às 19h. As apresentações marcam a preparação para a turnê nacional prevista para começar neste semestre.

Desde 2017, o musical já percorreu diversas cidades do interior do Estado com a turnê ‘De Teresina a São Luís’. São Luís, Caxias, Codó, Coroatá, Pedreiras e também a capital do Piauí, Teresina, estiveram no roteiro do espetáculo, que lotou praças e espaços públicos por onde passou.

‘João do Vale, o Gênio Improvável’ retrata a trajetória do cantor e compositor maranhense João do Vale, natural da cidade de Pedreiras, que ainda na adolescência abandonou a sua terra para viver o sonho de ser compositor.

Suas canções ganharam destaque nas ondas do rádio nas décadas de 60 e 70, na voz de grandes interpretes da música brasileira como Nara Leão, Zé Kéti, Chico Buarque e muitos outros.

O músico e compositor maranhense João do Vale é a inspiração do espetáculo produzido e idealizado pelo diretor do Teatro Arthur Azevedo, Celso Brandão.

“Quando assumi a direção da casa em 2016, me deparei com o enorme privilégio de estar aqui nas vésperas dos seus 200 anos. E eu pensei que precisaria fazer algo que marcasse esse bicentenário”, conta Celso Brandão.

“A fascinação por João do Vale sempre foi muito presente na minha vida e na minha carreira. Ele é uma figura excepcional, que representou o Maranhão Brasil afora e precisava de uma homenagem como essa que veio a casar com os 200 anos da maior casa de espetáculos do nosso Estado”, completa.

O projeto GEMA

Grandes Espetáculos do Maranhão trouxe para o palco do Teatro Arthur Azevedo grandes produções maranhenses.

A comédia ‘O Auto da Compadecida’ teve duas sessões lotadas nos dias 2 e 3 de fevereiro. No dia 10, foi a vez do espetáculo ‘O Miolo da Estória’, que emocionou a todos com a dramática história do operário João Miolo.

‘Chico, Eu e Buarque’ mostrou porque é considerado o melhor espetáculo de dança do Maranhão sendo sucesso com uma única apresentação no dia 15, seguida de ‘Pai e Filho’, nos dias 16 e 17, que encantou o público e foi sucesso de crítica.

Os ingressos para assistir ao musical João do Vale no GEMA estão sendo vendidos nos pontos da Bilheteria Digital (Rio Poty Hotel, Shopping da Ilha e Rio Anil Shopping), na bilheteria do Teatro Arthur Azevedo (aberta de terça a domingo, das 14h às 18h30) ou pelo site (bilheteriadigital.com).

Os valores são: plateia e frisa R$ 50,00, camarote R$ 40,00, balcão R$ 30,00 e galeria R$ 20,00.

Mais informações pelo telefone (98) 99167-2696 ou pelo site (cultura.ma.gov.br/taa) e redes sociais do Teatro Arthur Azevedo.

Foto destacada: cena do espetáculo “João do Vale, o gênio improvável” / divulgação / Secretaria de Comunicação e Assuntos Políticos (Secap)

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A mídia descontrolada: livro analisa atuação dos meios de comunicação no Brasil

Fonte: NPC (Núcleo Piratininga de Comunicação)

A publicação traz uma coletânea de artigos produzidos por um dos maiores especialistas do Brasil no tema da democratização da comunicação. Em São Paulo, haverá lançamento no dia 13 de março, às 18h30, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho.

As eleições presidenciais de 2018 desorientaram os meios de comunicação tradicionais. Todos eles apostavam numa candidatura palatável para os seus interesses políticos e empresariais mas não encontraram quem a encarnasse. De repente se viram às voltas com uma realidade inesperada. Têm pela frente um governo que os despreza, que assusta muito dos seus leitores, ouvintes e telespectadores, mas do qual não podem se afastar totalmente, como sempre acontece no Brasil. A dependência das verbas publicitárias oficiais e de outros favores governamentais é muito grande.

Já dão mostras que se acomodarão aos novos tempos. Daí a importância dos movimentos sociais seguirem na luta por uma comunicação que abra espaço para a diversidade do país, democratizando a circulação de vozes existentes na sociedade. Uma parte importante dessa batalha está em A mídia descontrolada – episódios da luta contra o pensamento único, novo livro de Laurindo Leal Filho, o Lalo, lançado pelo Barão de Itararé.

A publicação traz uma coletânea de artigos produzidos por um dos maiores especialistas do Brasil no tema da democratização da comunicação. A análise crítica da atuação dos meios de comunicação feita por Lalo fornece ao leitor as peças do quebra-cabeça que revela os interesses e o poder jogado pelo oligopólio midiático no país. Uma contribuição que reúne o rigor da investigação científica do professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) com linguagem acessível mesmo a quem não está acostumado com as discussões do mundo da comunicação.

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Novos (e velhos) impactos no cerrado maranhense

Texto de autoria do jornalista Mayron Régis, do Fórum Carajás

Os municípios de Buriti, Mata Roma, Chapadinha e Afonso Cunha se localizam na bacia do Médio Munim, rio que corta e abastece vários povoados e cidades do norte e centro-norte maranhense. O rio Munim tem suas nascentes principais no município de Aldeias Altas, região dos Cocais, onde sofre impacto pela produção de cana-de-açúcar, e em Codó, onde tem impactos pela criação de gado.

No final dos anos 90, a região do Médio Munim começou a receber fluxos de plantadores de soja, entre eles a empresa SLC, que comprou irregularmente mais de 50 mil hectares de áreas de chapada, das mãos do ex-prefeito de Buriti, Nenem Mourão.

Esses mais de 50 mil hectares estão localizados parte no município de Buriti e outra parte em Mata Roma. A empresa SLC, assim como outros plantadores de soja, beneficiaram-se de apoio de grupos políticos locais e estaduais que pressionavam pela rápida liberação de licenças ambientais.

Em 2009, o Fórum Carajás denunciou a SLC por grilagem de terras e por irregularidades na obtenção de licenças ambientais. Em 2010, a empresa, alegando questões financeiras, vende a fazenda para um grupo desconhecido. Mais tarde se ficou sabendo que a fazenda foi apenas arrendada e um dos objetivos desse arrendamento seria plantar mudas de eucalipto que se destinariam à fabrica de pellets da Suzano Papel e Celulose, planejada para a cidade de Chapadinha.

O projeto da Suzano não foi adiante e os plantios de eucalipto ficaram encalhados para objetivos mais lucrativos. Atualmente, os eucaliptos são cortados e vendidos para cerâmicas em vários pontos do estado do Maranhão, o que não compensa financeiramente. A última noticia que se tem é que a SLC pediu as terras de volta e para que isso ocorra a empresa arrendatária precisa cortar todos os eucaliptos.

Nesse processo, os funcionários da empresa arrendatária cortam os eucaliptos e derrubam também a mata nativa do cerrado. Segundo informações de moradores da zona rural de Buriti, os funcionários desmataram mais de 300 hectares e a pretensão é alcançar 1500 hectares, atingindo as cabeceiras do riacho Feio, principal tributário do rio Munim e de fundamental importância econômica ambiental para várias comunidades nos municípios de Buriti e Chapadinha.

Caso esse desmatamento e outros desmatamentos se concluam as comunidades verão seus acessos a água e à biodiversidade se restringirem ainda mais com impactos no clima e no solo.

Imagem destacada: vegetação do cerrado maranhense / Fórum Carajás

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Rádios comunitárias: Abraço Maranhão realiza encontro na região do Turi e Gurupi

Radialistas das emissoras comunitárias participam neste sábado, 16 de fevereiro, do I Encontro da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) Maranhão na regional Alto Turi e Gurupi, compreendendo 20 municípios. O evento será realizado na Câmara Municipal de Santa Luzia do Paruá, das 8h às 18 horas.

A iniciativa da Abraço visa mobilizar as emissoras e fortalecer a organização da entidade na região. Durante o evento haverá palestras sobre a atuação do movimento de rádios comunitárias no Maranhão e no Brasil, além dos temas de interesse jurídico e técnico sobre o funcionamento das emissoras diante da legislação e das novas diretrizes do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

Haverá também uma palestra especial, em formato de videoconferência, sobre marketing digital aplicado às rádios comunitárias. A palestra será proferia por Maira Moraes Ollila, formada em Administração e Marketing na East Central University, nos Estados Unidos.

Segundo o diretor regional da Abraço na regional Alto-Turi, Cícero Julio, diretor da rádio Difusora, localizada no bairro Josias, em Zé Doca, o encontro será uma oportunidade importante para congregar as rádios e fortalecer a organização da entidade em uma região importante do Maranhão.

Agência Tambor

Um dos assuntos em pauta durante o encontro é a parceria entre a Agência Tambor e as rádios comunitárias.

A Agência Tambor é uma ação de apoio à comunicação livre, popular, comunitária e alternativa, lançada no Maranhão, em março de 2018, a partir de uma articulação do Jornal Vias de Fato, da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Maranhão (Abraço-MA), com o apoio de outras organizações sociais. A Agência Tambor tem uma Rádio Web, que pode ser acessada no site www.agenciatambor.net.br 

De segunda a sexta-feira é produzido o Jornal Tambor, um radiojornal, com uma hora de duração, sempre a partir das 11h. Um dos objetivos da Agência Tambor é construir uma parceria com as rádios comunitárias para compartilhar conteúdo jornalístico e também formar uma rede de repórteres para atuar em ação colaborativa visando a produção de notícias, reportagens e entrevistas sobre temas de interesse municipal, estadual e nacional.

Programação do I Encontro da Abraço Maranhão no Alto Turi e Gurupi

8h – Apresentação dos participantes

9h – Panorama da Abraço no Maranhão e a situação das rádios comunitárias (Ed Wilson Araujo, presidente da Abraço-MA)

10h – Lanche

11h – Palestra sobre temas jurídicos e técnicos das rádios comunitárias (engenheiro Fernando Cesar Moraes e advogado Fernando Câmara)

12h – Almoço

14h – Plenária aberta para relato sobre as rádios comunitárias da região do Alto Turi

16h – Videoconferência “Redes sociais e as rádios comunitárias: ameaças ou desafios? (Maira Moraes Ollila*)

17h – Encaminhamentos

18h – Encerramento

* Maranhense, formada em Administração e Marketing na East Central University, nos Estados Unidos. A macroregião do Alto Turi e Gurupi compreende os municípios: Araguanã, Bom Jardim, Governador Newton Bello, Nova Olinda do Maranhão, Presidente Médici, Santa Luzia do Paruá, São João do Caru, Centro Novo, Centro do Guilherme, Zé Doca, Boa Vista do Gurupi, Governador Nunes Freire, Junco, Maracaçumé, Maranhãozinho, Amapá do Maranhão, Candido Mendes, Carutapera, Godofredo Viana e Luis Domingues.

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Vídeo: “Diálogos Republicanos” aborda pós-verdade e fake news

O vídeo contém a gravação integral da primeira edição da série “Diálogos Republicanos”, evento organizado pelo Centro Cultural e Administrativo do Ministério Público do Maranhão, dia 6 de fevereiro, promovida pela Escola Superior do Ministério Público (ESMP), com a discussão sobre o “Direito à informação, pós-verdade e fake news”.

Mediado pelo promotor de justiça Márcio Thadeu Marques, diretor da ESMP, o tema foi debatido pelo promotor de justiça Alessandro Brandão, da comarca de Imperatriz, e pelos professores Ed Wilson Araújo (Ufma), doutor em Comunicação pela PUC do Rio Grande do Sul, e Leonardo Ruivo (Uema e Ufma), mestre e doutor em Filosofia também pela PUC-RS.

Assista ao vídeo abaixo e aqui a reportagem completa com texto e imagens do jornalista José Luiz Diniz

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Casa D’Arte recebe exposição fotográfica “Crianças Tentehar” e show com Djuena Tikuna

No próximo domingo, 17 de fevereiro, o Quintal Cultural, do Casa d’Arte Centro de Cultura, homenageia os povos indígenas através do evento (R)existência, com a abertura da exposição “Crianças Tentehar”, do fotógrafo Taciano Brito, show musical da cantora Djuena Tikuna, roda de conversa com o Povo Tremembé e lançamento do trailer do filme “Iwazayzar: Guardiões da Natureza”. Artesanatos Tikuna estarão à venda durante todo o evento.

A exposição

Nessa exposição, Taciano Brito traz como principal estética fotográfica o portrait, gênero na pintura ou na fotografia onde a intenção é descrever um sujeito humano, que normalmente pode ser inspirado pela admiração ou carinho do artista pelo “objeto”.

Djuena Tikuna canta a natureza. Foto: Diego Jonatã

Na exposição “Crianças Tentehar”, a admiração e o carinho transmitem bem o sentimento que o fotógrafo tem pelos povos originários, trazendo com sensibilidade recortes da sua passagem pela ancestral Festa do Mel, em agosto de 2017, quando dava início à jornada do seu longa-metragem: “Iwazayzar – Guardiões da Natureza”.

Roda de Conversa

O evento tem ainda bate-papo com o Povo Tremembé sobre suas experiências de resistência nos municípios de Raposa e São José de Ribamar, suas histórias e costumes.

Música ao pôr do sol

A cantora do povo Tikuna, Djuena, é uma artista da Amazônia, da região do Alto Solimões. Filha de Nutchametükü e Tochimaüna. Nasceu em Umariaçu, onde o rio “banzeira as  fronteiras” do Brasil, Peru e Colômbia. Djuena, “a onça que pula no rio”, canta a cultura do seu povo, mantendo viva a sua história.

O álbum Tchautchiüãne, primeiro disco de Djuena, foi indicado ao Indigenous Music Awards, a maior premiação mundial da música indígena, que acontece em Winnipeg, no Canadá.

Djuena Tikuna encanta quando provoca o público a entrar em contato com sua ancestralidade, participando assim de um ritual de celebração, como uma revoada de pássaros multicoloridos, entoando canções de resistência e liberdade.

Programação:

16h – Abertura da Exposição fotográfica Crianças Tentehar, de Taciano Brito

17h – Roda de conversa com o Povo Tremembé

18h – Show musical com a cantora Djuena Tikuna

SERVIÇO

QUINTAL CULTURAL NO CASA D’ARTE

Domingo, 17 de fevereiro, a partir das 16h.

A entrada é gratuita. Cachê colaborativo (contribua com o que quiser ou puder).

Local: Casa d´Arte Centro de Cultura. Rua do Farol do Araçagy, nº 9, Raposa-Maranhão (rua em frente à clínica Ruy Palhano).

Informações: www.casadarte.art.br/blog

(98) 99974-9366 / (98) 98160-9188

Imagem destacada: Taciano Brito

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Filme sobre o bispo Casaldáliga explica o combate atual à Igreja Católica progressista no Brasil

Uma boa narrativa para entender as denúncias de espionagem contra religiosos da Igreja Católica é o documentário “Descalço sobre a terra vermelha”, que narra a saga do bispo emérito de São Félix do Araguaia (MS), Dom Pedro Casaldáliga.

No auge da ditadura, em 1968, Casaldáliga enfrentava latifundiários, grileiros e jagunços que exterminavam lavradores e índios no Mato Grosso.

O documentário retrata uma terra sem lei nem justiça, onde a força bruta e a bala imperavam, com apoio do próprio sistema de segurança oficial.

Em determinada cena do filme, os fazendeiros reunidos concluem que a resistência e organização dos lavradores e indígenas não estava apenas em Casaldáliga, mas na força das ideias progressistas impregnadas na leitura da bíblia.

Leia-se nessas ideias a Teologia da Libertação, o método “ver-julgar-agir” e as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), que vicejaram na América Latina a partir da Conferência de Medellín (1968), mesmo ano em que Pedro Casaldáliga chegou ao Araguaia.

Parte da igreja, o chamado clero progressista, aderiu à Teologia da Libertação e ao seu princípio fundamental – a “opção preferencial pelos pobres” – atuando em defesa da reforma agrária, do meio ambiente e contra a ditadura militar.

No documentário, é nítida também a batalha ideológica que ocorre dentro e fora da Igreja Católica.

Casaldáliga enfrentava os latifundiários no Brasil e era acuado também pela censura do Vaticano, sob o comando do então cardeal linha dura da direita católica Joseph Ratzinger.

A Teologia da Libertação era um incômodo à cúpula do Vaticano, que censurou vários religiosos na América Latina, entre eles Leonardo Boff e Clodovis Boff.

O silêncio imposto aos religiosos, o corte de recursos para as ações da Teologia da Libertação e uma série de restrições ao trabalho de base do clero progressista acabou afastando a Igreja Católica das suas bases no meio do povo.

A postura da cúpula do Vaticano colaborou muito para a proliferação das igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais, ainda mais à direita que a linha dura do cardeal Ratzinger.

No Brasil atual, a suposta espionagem contra o chamado clero de esquerda tem raízes mais profundas. Basta ver o filme protagonizado pelo bispo Dom Pedro Casaldáliga.

Assista aqui ao documentário “Descalço sobre a terra vermelha”

Diretor: Oriol Ferrer

Coprodução: TVC, TVE, TV Brasil, Raiz Produções e Minoria Absoluta (produtora espanhola)

A película é baseada na obra homônima do escritor Francesco Escribano.

Imagem destacada capturada neste site

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Jornalista é processado 59 vezes após publicação de reportagem sobre suposta fraude em Sobral (CE)

Fonte: Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)

Após publicar em 13.set.2018 a série de reportagens Educação do Mal sobre supostas fraudes nas avaliações de educação em Sobral, o jornalista Wellington Macedo passou a ser alvo de 59 processos por danos morais no Juizado Especial Cível. As ações são movidas por diretores e diretoras de escolas do município e foram protocoladas em um intervalos de 7 dias (de 19.set.2018 a 27.set.2018). O advogado em todas as ações é Charles Antonio Ximenes de Paiva, responsável pelos contratos e convênios da Secretaria de Educação de Sobral. 

O material, publicado no canal de Macedo no YouTube, traz entrevistas com estudantes e pais sobre o funcionamento do suposto esquema de fraudes do município. Os estudantes com bom desempenho escolar seriam previamente selecionados pela diretoria das escolas para realizar as provas, além de receberem treinamento para dar as respostas certas. O esquema de adulteração dos resultados funcionaria graças a uma articulação entre alunos, professores, gestão escolar e secretaria de Educação.

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Pirataria “francesa”: Polícia Civil apreende objetos históricos furtados de comunidades quilombolas no Maranhão

A pedido do Ministério Público da Comarca de Bacuri, por meio de Ação Cautelar, o juiz Alistelman Mendes Dias Filho expediu mandado de busca e apreensão em uma casa localizada no bairro Murici, no povoado Portugal, onde estavam guardados clandestinamente vários artefatos, objetos e peças de interesse histórico retirados de áreas quilombolas pela dupla de supostos arqueólogos Magnólia de Oliveira e François-Xavier Pelletier, integrantes da ong Homme Nature.

Leia aqui a primeira reportagem sobre o caso.

A Ação Cautelar do Ministério Público atendeu à denúncia formalizada pelo lavrador João dos Santos Oliveira, que relatou ao promotor Denys Lima Rego a retirada de duas estruturas de ferro (uma roda e uma viga medindo 2,5m) do sítio da sua família, no povoado Mutaca, onde vivem seus antepassados há mais de 150 anos. Segundo João Oliveira, o furto foi efetivado pela dupla Magnólia e François.

Na ocasião, o promotor Denys Lima Rego também ouviu denúncias de dois moradores da área quilombola São Félix, onde houve devastação de mata nativa, escavações e perfurações de solo, seguidas da retirada de vários objetos. Segundo os relatos de vários moradores de São Felix, foram subtraídas estruturas metálicas assemelhadas a encanações, esferas de ferro fundido parecidas com munição de canhão, vigas com características de lanças e arcos, pedras espessas quadradas e retangulares similares a piso ou assoalho para residência, lascas de madeira, restos de material cerâmico e pedregoso, além de amostras de solo (veja imagens ao longo desse post).

As denúncias de violação das comunidades vieram à tona por meio historiadora Klíssia Jéssica Fonseca Ferreira, titular da Coordenação de Igualdade Racial, vinculada à Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Bacuri. Ela é responsável pelo mapeamento histórico das comunidades com o objetivo de obter a certificação de área remanescente de quilombo, expedida pela Fundação Palmares, órgão do governo federal.

A descrição dos moradores de São Félix sobre os artefatos retirados da comunidade coincide com várias peças encontradas na casa do bairro Murici, utilizada por Magnólia de Oliveira e François-Xavier Pelletier para estadas temporárias e guarda dos objetos.

“A Polícia Civil informou que na casa foram encontrados diversos objetos de valor histórico, cultural e arqueológico, inclusive objetos grandes assemelhados a rodas de engenhos e bolas de canhão, retirados de forma irregular e eram depositados nessa casa.”, informou o promotor.

Reportagem publicada neste blog apurou junto à vizinhança da casa, no bairro Murici, que a dupla Magnólia e François retirou uma expressiva quantidade de objetos pequenos ainda no sábado (2 de fevereiro), colocou no carro e bateu em retirada. Fontes ouvidas pelo blog também revelaram que os objetos seriam levados por François para o exterior. “Não sabemos quais objetos já tinham sido retirados quando da suposta fuga do casal”, disse Denys Rego.

As autoridades do Judiciário e o MP vão entrar em diálogo e viabilizar um local para guardar os objetos de forma adequada e dar o destino mais seguro.

A diligência do promotor Denys Lima Rego foi essencial para agilizar a busca autorizada pelo juiz Alistelman Filho. O representante do Ministério Público ajuizou Ação Cautelar dia 4 de fevereiro e a decisão do magistrado saiu em 5 de fevereiro, no final da tarde. A Polícia Civil cumpriu o mandado nesta quarta-feira (6).

 “Durante todo o dia recebemos várias ligações para saber informações a respeito dessa questão porque envolve não só as comunidades quilombolas aqui de Bacuri, mas toda a população dentro e fora do Brasil em uma batalha constante pelo direito do povo negro. Queremos deixar claro que estamos dando prioridade total para essa questão e esperamos que em breve espaço de tempo a gente possa dar um desfecho. O fato é que logramos êxito em ter achado esses objetos e já vão servir com certeza de prova para outros crimes que possivelmente serão investigados pela Polícia Federal”, detalhou Rego.

Há cerca de um ano, a dupla Magnólia e François vinha percorrendo as comunidades quilombolas e demais povoados de Bacuri, munida de detector de metal e outros equipamentos, a pretexto de fazer pesquisa arqueológica e criar um museu na região.

François é fluente em francês e Magnólia seria originária do Pará, da cidade de Barcarena.

Com a apreensão dos objetos, eles devem ser indiciados por outros crimes, agora na esfera da Polícia Federal, além do furto na residência dos familiares do lavrador João dos Santos Oliveira, no povoado Mutaca.

“Estamos esgotando aqui a nossa atribuição e caso haja a necessidade de novas intervenções com certeza o Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Bacuri, assim como pela Procuradoria Geral de Justiça dará todo encaminhamento e a celeridade necessária para tão importante causa para a nossa sociedade”, resumiu o promotor Denys Lima Rego.

Leia a primeira reportagem sobre a pirataria “francesa” aqui.

Imagens: divulgação / Polícia Civil de Bacuri, Maranhão

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A nova pirataria “francesa” em comunidades quilombolas do Maranhão

Ela atende pelo nome de “Magnólia”; ele, “François”. Há cerca de um ano, pilotando um automóvel surrado da marca “subaru”, branco, o casal percorre comunidades quilombolas do município de Bacuri, no Litoral Ocidental do Maranhão.

A pretexto de realizar pesquisas arqueológicas e criar um museu na região, eles se aproximaram das lideranças e moradores, especialmente crianças, até conquistar a confiança e adentrar em áreas onde estão localizados objetos e artefatos de interesse histórico vinculados ao período colonial e da escravidão.

Segundo os moradores, a dupla utiliza equipamentos sofisticados, entre eles drone e um detector de metais para fazer a varredura e identificar objetos metálicos. A mais recente intervenção ocorreu no sítio histórico localizado na área pertencente a Antônio Pereira da Silva, contígua à comunidade quilombola São Félix.

Registro de 2018 mostra o sítio histórico preservado,
antes das escavações. Foto: Klíssia Ferreira
O local foi totalmente alterado após
as escavações. Foto: Marizélia Ribeiro

Nesta localidade, de acordo com relatos de vários moradores, registros em fotografias e vídeos, o casal devastou a cobertura vegetal nativa, fez escavações e perfurações no solo e retirou grandes estruturas metálicas assemelhadas a encanações, esferas de ferro fundido parecidas com munição de canhão, vigas com características de lanças e arcos, pedras espessas quadradas e retangulares similares a piso ou assoalho para residência, lascas de madeira, restos de material cerâmico e pedregoso, além de amostras de solo.

Moradores de São Félix acompanharam a
inspeção após as escavações. Foto: Marizélia Ribeiro

No entorno da área saqueada existem vestígios do baldrame do que seria a antiga “casa grande” de uma fazenda pertencente ao português Antônio Bittencourt, cuja memória passada pelas gerações lembra um escravocrata cruel que aplicava castigos violentos nos negros.

A casa da Rua Murici

A presença de Magnólia e François nas áreas quilombolas é fartamente comentada entre os moradores e várias fontes consultadas pela reportagem convergem para a mesma narrativa: os materiais retirados de São Felix foram transportados para uma casa na periferia do povoado Portugal, na rua Murici.

A moradia de alvenaria, na via sem asfalto nem saneamento básico, onde predominam casas de taipa, passou por várias benfeitorias, principalmente a colocação de grades de ferro em todas as janelas.

Casa de tijolo na rua Murici, onde estariam guardados os
objetos retirados das comunidades São Felix e Mutaca. Foto: Marizélia Ribeiro
Na varanda da casa, ferros, pedras e madeira
semelhantes aos descritos pelos quilombolas. Foto: Marizélia Ribeiro

Nesta rua, sábado (3 de fevereiro), a vizinhança observou uma grande movimentação de Magnólia e François retirando vários objetos da casa, prontamente armazenados no velho subaru branco, logo batendo em retirada. Ele estaria de viagem marcada para a França e ela ficaria no Maranhão para novas escavações.

A reportagem passou dois dias na zona rural e na sede do município de Bacuri tentando obter o telefone do casal Magnólia e François, mas nenhuma pessoa disse ter conhecimento do número.

Conheça o perfil da dupla no final da reportagem.

Certificação e pirataria

Em 19 de dezembro de 2018, São Félix recebeu a certificação de área remanescente de quilombo, expedido pela Fundação Cultural Palmares, após o minucioso trabalho de levantamento de dados, memória oral e registro fotográfico da historiadora Klíssia Jéssica Fonseca Ferreira, titular da Coordenação de Igualdade Racial, vinculada à Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Bacuri.

O levantamento de 2018 elaborado por Klíssia Ferreira para ser encaminhado à Fundação Palmares permite comparar as imagens atuais (3 de fevereiro de 2019) e perceber o grau de devastação feito pelo casal franco-brasileiro em São Félix: o que parecia ser um sítio arqueológico foi transformado em uma espécie de garimpo. Os escavadores chegaram a colocar lonas plásticas, cobertas com terra, para proteger algo de relevante que ainda seria explorado.

Escavação na comunidade São Félix, onde estaria uma bomba d’água.
Foto: Marizélia Ribeiro
Coberturas provisórias nas escavações, com a proteção de lonas plásticas pretas.
Foto: Marizélia Ribeiro

No povoado Mutaca, ainda não reconhecida como área remanescente de quilombo, o casal retirou, sem autorização, duas estruturas de ferro que estavam guardadas na residência da família de João dos Santos Oliveira. “Quando meu pai se entendeu por gente tinha esses ferros lá. Ele plantou um pé de laranja no meio da roda de ferro. A laranjeira deu muito fruto, depois morreu e a roda continuou lá. Aí chegou esse casal e levou tudo de lá da nossa tapera. Estou muito injuriado com isso”, desabafou João Oliveira, nascido e criado em Mutaca e proprietário de uma roça na localidade.

João Oliveira fez a denúncia da retirada dos dois objetos de ferro junto ao promotor da Comarca de Bacuri, Denys Lima Rego. O moradores de São Felix – João Evangelista da Silva e Maricélia Santos Borges – também registraram ocorrência no Ministério Público (MP) local.

Ação Cautelar do MP

Segundo o promotor, o MP colheu as informações preliminares e vai formalizar uma Ação Cautelar no Judiciário, com pedido de urgência, visando obter do juiz o procedimento de busca e apreensão na residência da rua Murici, onde, segundo as informações, estariam depositados os objetos e materiais retirados das comunidades quilombolas. O objetivo da busca, dentro da competência do promotor, é apurar a denúncia de furto dos objetos de ferro que estavam na residência da família do lavrador João dos Santos Oliveira, em Mutaca.

A entrada de Magnólia e François nos sítios históricos não teve autorização dos quilombolas nem da Prefeitura de Bacuri. A coordenadora de Igualdade Racial, Klícia Ferreira, só tomou conhecimento da retirada dos objetos quando o estrago já estava feito. “Fiquei muito indignada com a devastação em São Felix porque esses materiais retirados de lá e todos os equipamentos que têm algum vínculo com o período da escravidão servem de prova nos meus relatórios para, juntamente com outros documentos e procedimentos técnicos, obter a certificação de área remanescente de quilombo na Fundação Cultural Palmares”, registrou.

Armações de madeira foram utilizadas como suporte para o trabalho de escavação.
Foto: Marizélia Ribeiro

Se houver a remoção de objetos e equipamentos em outras comunidades todo o trabalho inicial do levantamento histórico que pode levar a Fundação Cultural Palmares a fazer certificação fica inviabilizado.

O secretário de Igualdade Racial do Governo do Maranhão, Gerson Pinheiro, afirmou que todas as medidas serão tomadas para preservar os direitos das comunidades remanescentes de quilombos.

Em São Felix, Magnólia informou que iria fazer pesquisa arqueológica e fez circular em todas as comunidades que o objetivo do casal era criar um museu para “fazer o bem” aos quilombolas. Mas, o tom cordial era raro no trato com os moradores e chegava à rispidez em algumas ocasiões. Uma das pessoas que chegou a colaborar nas escavações e viu de perto todos os procedimentos para a retirada dos objetos passou a ser hostilizado quando tentou registrar o trabalho com imagens. “Magnólia ‘embrabou’ comigo quando eu comecei a tirar fotos e fazer a filmagem utilizando meu aparelho celular”, relatou Edson Marques Ferreira.

Edson Ferreira: “Magnólia embrabou comigo”. Vídeo: Marizélia Ribeiro

O proprietário da fazenda São Felix, Antonio Pereira da Silva, disse que no seu contato com Magnólia ela mencionou o interesse em pesquisa, mas em nenhum momento ele concedeu autorização para fazer escavações, enfatizando o valor histórico e o patrimônio imaterial contido nas comunidades quilombolas. “O que está acontecendo é uma nova modalidade de pirataria”, comparou.

Antonio Silva classificou a retirada dos objetos
de “pirataria moderna”. Video: Marizélia Ribeiro

Segundo relatos dos moradores, Magnólia e François também tentaram retirar material do sítio histórico denominado Bitíua, mas foram impedidos pelas lideranças locais. Este povoado foi certificado desde 2008 pela Fundação Cultural Palmares como área remanescente de quilombo. Em Bitíua ainda é possível visualizar as ruínas de paredões que indicam a existência de construções antigas, além de rodas com cravos de engrenagem similares aos equipamentos utilizados nos engenhos de cana de açúcar.

Bacuri tem 14 comunidades com características quilombolas. Desse total, seis já foram certificadas pela Fundação Palmares: no período de 2008 a 2016 garantiram reconhecimento as localidades Bitíua, Santa Rosa e Barreira. Entre 2017 e 2018 foram encaminhados e aceitos os pedidos de certificação para Vila Nova, Batepé e São Felix.

Klícia Ferreira já iniciou os contatos para levantar as informações e organizar a documentação visando certificar as localidades: Águas Belas, Estrada Nova, Matinha, Mutaca, Jurupiranga, Ponta Seca, Estiva de Gado e Campinho.

O secretário adjunto de Infraestrutura de Bacuri, Aldeir Cardoso, frisou que as áreas quilombolas não podem ser expropriadas porque as escavações criam condições desfavoráveis aos moradores, correndo o risco até de reverter certificações já concedidas pela Fundação Palmares.

O pioneiro e a guardiã

O casal franco-brasileiro revelou aos quilombolas apenas seu vínculo com uma organização denominada Homme Nature, identificada como “Centro de pesquisa, desenvolvimento e realização de multimídia”, com registro neste site. Na identificação dos fundadores estão François-Xavier Pelletier, classificado como “pioneiro de vários mundos, naturalista, etnólogo, escritor, fotógrafo e diretor.” Segundo a descrição da plataforma, ele “dedica sua vida a estudar, fotografar e filmar pessoas que vivem em simbiose com a Natureza e especialmente com as pessoas da água e da floresta”.

No seu perfil do site, Magnólia de Oliveira é a “guardiã da verdadeira natureza amazônica, dos pais “Castanheiros”, especialista em ecologia amazônica.” Sua atuação é voltada para lutar sempre visando divulgar e preservar essa floresta que a viu nascer e ser educada.

Confira os perfis de Magnólia e François aqui