Categorias
notícia

Obras do hospital de campanha em Açailândia chegam à reta final

Com obras em estágio avançado, o Hospital de Campanha em Açailândia está cada vez mais próximo de ser entregue, fortalecendo a luta contra o novo coronavírus (Covid-19) no Maranhão. Resultado da parceria entre o Governo do Estado e a empresa Vale, responsável pela montagem do espaço, a estrutura fica localizada nas proximidades do Fórum de Açailândia, no bairro Tropical, e contará com 60 leitos para atender os casos de Covid-19 considerados de baixa complexidade.

“Em tempo recorde ampliamos a nossa oferta de leitos no intuito de oportunizar a assistência aos diagnosticadas com a Covid-19. Com o Hospital de Campanha em Açailândia, vamos ampliar o suporte às unidades públicas que atendem a região, deixando-as exclusivas para os casos que demandam maior atenção devido à gravidade”, disse o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula.

Ao todo, serão 60 leitos, sendo 53 de enfermaria e sete para UTI. “Para a Vale é uma honra contribuir com o hospital de campanha, que visa o atendimento às pessoas infectadas pelo coronavírus. O nosso principal objetivo é contribuir para que as equipes médicas tenham uma qualidade de trabalho a contento e que também a população seja bem atendida com infraestrutura adequada”, afirmou a gerente de Relações Governamentais da Vale, Vanessa Tavares.

O hospital contará com o apoio de duas ambulâncias de plantão, ambas equipadas com estrutura de UTI. Aproximadamente 217 profissionais deverão trabalhar no local, entre equipe multiprofissional e médica. O hospital será entregue ainda neste mês de maio.

Capital

Em São Luís, o Governo segue construindo outro Hospital de Campanha como forma de aliviar a crescente demanda nas unidades de saúde. Localizado no pavilhão de eventos do Multicenter Negócios e Eventos, a instalação da estrutura foi requerida por meio do Decreto Governamental nº 35.779.

“No que compete à responsabilidade do Estado, temos feito todo possível para salvar vidas, todavia, o nosso principal aliado na luta contra o coronavírus continuará sendo a população. Por esta razão continuaremos a enfatizar que sejam seguidas com rigor as medidas de prevenção, principalmente o respeito ao decreto de lockdown que entra em vigor nesta terça-feira. Este momento é o momento de pôr a mão na consciência, deixar o individualismo de lado e pensar no próximo”, pontuou Carlos Lula.

Com o piso finalizado e as paredes sendo erguidas. A estrutura contará com 200 leitos, sendo 186 leitos clínicos e mais 14 de UTI. A região concentra atualmente mais de 90% dos casos do novo coronavírus do estado.

A estrutura será administrada pela Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (Emserh), com apoio da Casa Civil. A montagem do hospital em São Luís é resultado de uma parceria entre a Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP), Vale, Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Emserh.

(Foto: Reprodução/Ascom Vale)

Categorias
notícia

Podcast: Robson Junior estreia “Conversando é que a gente se entende”

Já começou a ser distribuído nas redes sociais o podcast “Conversando é que a gente se entende”, idealizado pelo radialista Robson Júnior, a usina de criatividade na mídia sonora, apresentador do programa Repórter Difusora, na rádio Difusora FM, instrutor de Comunicação para rádio e professor de Oratória.

Entre tantas ideias e projetos, o “Conversando…” saiu do papel com a proposta de ser um bate-papo em volta de uma mesa, como se fosse uma conversa informal, porém com um fio condutor para não dispersar a audiência.

A cada edição os convidados falam sobre o tema definido pelo âncora Robson Junior. No programa de estreia distribuído dia 30 de abril de 2020 a abordagem teve como foco as perspectivas de futuro após a pandemia do novo coronavírus.

Na edição inaugural a música tema do programa, “Dias melhores”, de Jota Quest, costurou os sentidos e as narrativas desenvolvidas pelos convidados que falaram sobre as suas impressões do mundo quando a pandemia passar.

É mais ou menos assim: a dor e o sofrimento de hoje têm algo a nos ensinar no futuro.

Participaram do primeiro programa o médico e ex-secretário de Saúde do Governo do Maranhão, Marcos Pacheco; o professor universitário e diretor do Instituto de Criminalística do Maranhão, Robson Mourão; o mestre em Oratória, escritor, teólogo e publicitário, Marcos Soares; e o jornalista, doutor em Comunicação pela PUC do Rio Grande do Sul, professor da UFMA, presidente da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão e membro da Agência Tambor, Ed Wilson Araújo.

Na segunda edição, postada em 1º de maio, o tema da pandemia seguiu na pauta.

Como será o mundo pós-coronavírus?

Para dialogar em torno dessa pergunta participaram o médico William Cantanhede, psiquiatra e psicólogo, também com formação em Filosofia; e a professora universitária Itapotiara, bacharel e licenciada em Ciências Biológicas e mestre em Geologia.

Vale a pena conferir.

Categorias
notícia

Makers do Maranhão já produziram mais de 2.500 protetores faciais para profissionais de saúde

No dia 7 de abril, o grupo ‘Makers contra o Covid-19’ fez a entrega de 320 protetores faciais (face shields) para atender a demanda dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra o novo coronavírus no Maranhão. Em menos de um mês, a produção desse coletivo de voluntários inovadores mais do que sextuplicou e hoje eles já contabilizam 2.559 protetores faciais fabricados.

Os makers são pessoas que usam a inovação para produzir coisas. Eles têm parceria com o Casarão Tech, do Governo do Maranhão, que estimula o uso de novas tecnologias. 

Do total produzido, já foram entregues 1.165 máscaras e mais de 1.000 unidades deste tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI) devem ser entregues nos próximos dias. Tudo isso obedecendo as normas especificadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Equipamentos produzidos pelos makers (Foto: Divulgação)

Mas a produção não para aí. Em meio à escassez mundial de EPIs hospitalares para tratar pacientes com a Covid-19, a comunidade Makers do Maranhão e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) desenvolveram dois novos produtos para proteção de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. 

Na última sexta-feira (24), o grupo entregou para teste e validação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) dez cabines de proteção em acrílico e dois protótipos de máscaras N95. 

Enquanto as face shields se assemelham às viseiras de capacetes de motociclistas e são a primeira barreira física para que os profissionais de saúde evitem contato com gotículas do vírus, a máscara do tipo N95 (ou PFF2) se diferencia das máscaras cirúrgicas por filtrar partículas em dois sentidos, retendo o que é emitido por quem a utiliza e bloqueando cerca de 95% das partículas em suspensão.  

Casarão Tech

Makers são pessoas ou grupos que promovem a inovação e essa iniciativa contra a Covid-19 tem como makerspace o Casarão Tech Renato Archer, espaço de inovação do Governo do Maranhão localizado no Centro Histórico de São Luís, voltado para estimular achados tecnológicos no estado.

Produção feita pelos makers do Casarão Tech (Foto: Divulgação)

Para evitar aglomerações, uma parte reduzida da equipe de desenvolvedores atua na montagem, controle de qualidade e distribuição dos equipamentos na sede do Casarão Tech, e outros 70 voluntários trabalham de casa.    

O Casarão Tech conta com mais de 14 impressoras 3D e maquinários de alta performance para produção em escala de EPIs. 

Os equipamentos que hoje atuam na produção de EPIs no combate ao novo coronavírus poderão ser reutilizados em outros projetos inovadores no futuro. É o que avalia o superintendente de Inovação da Secti, Leandro Franco. 

“Toda essa estrutura que está sendo criada pode ser aproveitada pós-Covid, o que torna mais interessante ainda esse investimento”, afirma o superintendente.

Categorias
notícia

Big não são os “brothers”. Big são as “sisters”

Eloy Melonio *

Que tal tirar uns minutinhos de nosso precioso tempo pra falar do Big Brother Brasil, o famoso BBB da Rede Globo? Por quê? Porque tá todo mundo falando sobre isso. Especialmente depois da final apoteótica da 20ª edição do mais popular reality show do país, nessa segunda-feira, 27, que consagrou uma mulher negra como a grande vencedora.

Esse estrondoso sucesso me faz lembrar o início do BBB, quando uma suposta elite intelectual vigiava e condenava quem assistia ao programa, então acusado de “vulgar”, sem conteúdo, e com excessivo apelo sexual. E era assim mesmo! Pelo menos para muita gente. Mas havia algo mais subliminar, só apreendido por olhos e ouvidos mais atentos. Gente que tentava entender o que cada participante tinha a dizer, a ousar, a realizar. Que via nas cenas e nas pessoas um reflexo de sua casa, de seu condomínio, do escritório, dos amigos.

Eu era um desses desajustados.

Nessa loucura toda, quanto mais se fala em liberdade, mais se tenta reprimi-la. E os repressores são justamente seus pretensos defensores. Quanta incoerência, não? Hoje muita gente receia expor suas idéias, suas escolhas, suas concepções. Porque uma “milícia” parece andar atrás de quem pensa diferente dela. Na verdade, nesse velho Brasil de hoje, são “duas”. Que não apenas caçam, mas acusam e julgam. E ainda usam apelidos ofensivos com o nítido intuito de depreciar o outro. E aí eu me pergunto: para onde foi a educação, o respeito, a convivência pacífica?

Uma parte de que sempre gostei no BBB ¬― e que ainda me emociona ― é a música-tema do programa. Paulo Ricardo não podia estar mais inspirado quando compôs Vida Real, música que é a cara do programa. E que tem tudo a ver com a vida: a dos participantes e a nossa vidinha de cada dia. Na contramão do programa, a música não promove o embate de idéias ou atitudes agressivas entre os oponentes. É mais uma conversa de amigo, de brother, de gente que se interessa pelo outro. Do início ao fim, o ex-RPM revela esse interesse em conhecer e entender o outro: Se você pudesse (soubesse)…, o que faria?

É ou não é apaixonante?

Nunca assisti ao BBB sob a mesma ótica de um telespectador comum. Enquanto alguns queriam apenas ver participantes atraentes, seminus, exibindo-se na piscina e nas festas, ou fazendo sexo debaixo do edredom, eu buscava aspectos mais psicológicos. Suas idéias e motivações, seus sonhos e suas estratégias, suas histórias, indo um pouco além para conhecer a pessoa por trás do participante.

No show, um participante pode até fingir, dissimular, enganar os outros. E aqui, um parêntese para uma explicação do padre Manuel Bernardes (Nova Floresta, IV, p. 5.): “Simular é fingir o que não é; dissimular é encobrir o que é.” Alguns até tentam, mas “Encobrir o que se (verdadeiramente) é” para milhões e milhões de olhos é uma tarefa hercúlea.

Dessa forma, the Big boss, ou seja, aquele que assiste a tudo da poltrona de sua casa e tem o poder de decidir, raramente é enganado. E é aí que, para mim, reside a genialidade do programa-laboratório, hoje estudado por comunicadores, psicólogos, críticos de arte. E curtido pelos comuns, pelos “invisíveis”, e (pasmem!) até pela antiga opositora elite intelectual.

Acho que Paulo Ricardo não imaginava quão fortes e verdadeiras eram suas palavras. E que a verdade ― tão avacalhada em nossos dias ― confirma-se como único caminho das pessoas sérias e honestas. Seus versos hoje soam ainda mais atuais e significativos do que em 2002: “O mundo é perigoso/ E cheio de armadilhas/ Um dia estéril e gozo/ Verdades e mentiras”.

O tempo passou e o show ganhou status de “jogo”, competição que exige mais que aparência física, simpatia ou loquacidade do participante. Jogo é a palavra que melhor traduz o espírito do programa, desbancando a idéia de que é apenas um showzinho qualquer, cheia de gente bonita. Jogo tem foco, estratégia, esquema…, e um vencedor.

Sob tanta inspiração, Paulo Ricardo já antecipava: “Viver é quase um jogo/ Um mergulho no infinito/ Se souber brincar com fogo/ Não há nada mais bonito”.

Da inspiração musical para o mundo dos brothers, o programa capitaneado por Tiago Leifert é bem diferente do BBB da era Pedro Bial. É mais conceitual, mais estratégico e mais envolvente. E nesse contexto, o apresentador é tão interativo quanto os concorrentes. Equilibrado, e dono de invejável expressividade, Leifert rege o programa com a batuta da fina autoridade, da simpatia e da elegância.

A edição 2020 do BBB foi realmente espetacular. Reuniu gente comum (os inscritos) e celebridades do mundo digital (os convidados) num mesmo palco. Provocou discussões acirradas e oportunas, como o debate racial, protagonizado por dois participantes negros: a médica Thelma Assis, 35 anos, e o ator Babu Santana, 40 anos.

Thelma, a única das três finalistas que se inscreveu no programa, sabia quem ela era, pagou para ver o futuro, deslumbrou-se com o brilho das estrelas, driblou armadilhas, mergulhou no infinito. Fez de tudo um pouco, seguindo a trilha sonora de Vida Real. E, acima de tudo, “brincou com fogo”, quando, estrategicamente, teve de votar em Babu, amigo e parceiro de lutas.

Finalmente, depois de mais de 90 dias de confinamento, Tiago Leifert, com a voz embargada pela emoção, anunciou: Thelma Assis, a grande vencedora do BBB 2020.

E o nosso amado Brasil viverá, até janeiro de 2021, merecidamente, sob o reinado de uma Big Sister.

  • Eloy Melonio é professor de inglês, compositor, escritor e poeta.
Categorias
notícia

A queda para cima: Sérgio Moro e a nova face da tirania

Por Marco Rodrigues, escritor e filósofo

No diálogo Πολιτεία (Politéia), do filósofo grego Platão, mais conhecido como A República, um sofista (mestre na arte da persuasão), chamado Trasímaco, apresenta a seguinte tese: “o justo nada mais é senão a vantagem do mais forte”. Essa ideia poderia muito bem servir ao ex-juiz, e agora ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que teve a imagem de “herói nacional ” construída com a ajuda de boa parte da mídia, embora se servindo à revelia de procedimentos ilegais e vazamentos, enquanto exercia o cargo de juiz federal em pleno apogeu da Operação Lava-Jato. Porém, a potência da mística entorno do combate à corrupção acabou por solapar e minimizar essas práticas sorrateiras, ao ponto de parecerem nem existir. Combatia-se a corrupção? Sem dúvida, como jamais havia se realizado antes, com ampla autonomia do Ministério Público e da Polícia Federal inclusive, mas na mesma medida em que também se cometia crimes e abusos contra o ordenamento legal.

Já estava esboçado, inequivocamente, um projeto de poder, cujas raízes já se estendiam às paragens da parcialidade ainda não muito nítidas. O verme da corrosão social vagarosamente roía as bordas da Constituição Federal de 1988. Cito aqui o livro A República não apenas por ser a justiça o tema central, além da dimensão política de seu debate. Essa obra na verdade permite compreender, quando lida cuidadosamente, a genealogia das possíveis aspirações tirânicas e suas causas, as quais não se realizam sem a imposição de uma fúria ornada de certa pseudomoral, cujo sentido precisa contagiar e inspirar a esperança e o anseio por mudança meio ao caos, generalizado pela ineficiência das instituições políticas em decadência. É na figura de um “salvador da pátria”, de um “messias”, que esse fenômeno se demonstra, na mesma medida que o autoritarismo avança sistematicamente.

Poderíamos supor, então, que se trataria de Jair Bolsonaro a consumação dessa tendência em vigor. Mas não, de forma alguma. Apresentar-lhes-ei uma outra hipótese. Antes, em estado de crisálida, uma mariposa hematófaga que crescia em Curitiba, as sombras do mito mequetrefe, rompe o invólucro e começa voar. O presidente da república Jair Bolsonaro não tem condições cognitivas mínimas para se tornar nem mesmo o maior dos estúpidos da história brasileira. Restar-lhe-á, em dado momento, apenas anedotas burlescas a seu respeito, ilustrativas de um tempo caricato ao delírio de teorias da conspiração e obscurantismo. Por outro lado, tem realizado, sem perceber, o trabalho sujo que servirá ao autêntico representante dos modos tirânicos hodiernos, deixando assim um larguíssimo campo aberto. As desavenças com governadores, até com aqueles que eram a ele simpáticos, como Ronaldo Caiado; as demissões por simples divergência e capricho, envolvendo o general Santos Cruz, Gustavo Bebianno, e principalmente a de Henrique Mandetta que, por sua vez, o incomodava pela popularidade atingida com mérito frente a pasta da saúde, expressa o orgulho característico da psicologia platônica do tirano. É por isso que Platão compreende que “o tirano terá que se livrar de todos”, é uma condição sine qua non, “se pretender governar, até que a sua volta não reste um único amigo ou inimigo de alguma dignidade”, pois nutre um egoísmo visceral por ser inteiramente dominado por seus apetites e frêmitos dos mais passionais – o que desencadeia a necessidade constante em ser o centro de todas as atenções. Todavia, isso constitui, inevitavelmente, a sua própria ruína, pois chegará um momento em que não será capaz de confiar nem mesmo em sua própria sombra.

Porém, estamos diante de um outro tipo de homem tirânico, que diferente do platônico não se deixa facilmente arrastar por seus ímpetos em histeria e chilique espontâneos. Pelo contrário, ele é frio, dissimulado. Olha de soslaio, sorri de canto de boca. Como um operador de telemarketing, fala quase sempre no mesmo tom, sem alterar drasticamente a voz, mesmo sob grande tensão. Não é porque não seja afetado pelos seus impulsos, mas porque os domina inteiramente, e por isso almeja realizá-los por completo no instante derradeiro. Não é uma disposição virtuosa, trata-se de uma disciplina dos vícios e iniquidades de um predador. Ao invés de inflamar-se por fora, como o tirano clássico, abrasa-se por dentro. Cirúrgico, como Hannibal Lecter, no clássico cinematográfico O Silêncio dos Inocentes, conhece os métodos mais eficazes no exercício da morte para não levantar tantas suspeitas. É por essa razão que suporta humilhações, é habilidoso em manter o foco. Cínico, sem utilizar de deboche, como na gíria ludovicense, “a cara nem treme”. É resiliente, de causar inveja ao melhor dos coachs; digo “melhor” apenas por cortesia. Não se importa de modo algum em perder a dignidade, em ser desautorizado, ultrajado, conquanto que isso garanta a saída oportuna no instante em que o seu adversário direto estiver em crise e enfraquecido pelas circunstâncias ou por sua própria inoperância. Arma em seu fracasso o próprio triunfo, fingindo ser a vítima, instaurando uma nova fase. Tem objetivos ao invés de sonhos, com ares megalomaníacos. Sendo assim considerado, o homem tirânico contemporâneo, que vos apresento, exerce o seu domínio, com efeito, através da indiferença atrativa de sua condição de existência, que serve de espelho ao ódio e ao moralismo exaltado das massas e dos homens médios que nele se reconhecem através de mecanismos de destruição que atuam como representações da eficácia.

Para conferir alguns exemplos, sem titubear Sérgio Moro outrora propôs o “excludente de ilicitude”, isto é, licença para matar, como uma das medidas do “pacote anticrime”. Sem qualquer constrangimento, foi contra o projeto de lei que visa punir abuso de autoridade, ao passo que se servira largamente, na condição de juiz, de medidas coercitivas e mandados de prisão mesmo sem necessidade. Não hesitou em condenar sem provas, e provavelmente por esse motivo foi contra a proposta de instauração do chamado “juiz de garantias”, o que poderia eventualmente inviabilizar a promoção de seu bel-prazer, a exemplo da possibilidade de indicar uma testemunha à acusação, como fizera, cujo processo ele mesmo julgaria.

Ora, levando em consideração tamanho grau de manipulação, premeditação e calculismo, em nome dos próprios interesses, seria quiçá possível e forçoso se concluir que se trata de um caso de psicopatia? Deixo isso a cargo de especialistas. Com requintes de crueldade, no ato do pronunciamento de sua demissão, não foi difícil acusar o presidente Jair Bolsonaro de crimes graves, dentre os quais se destacam improbidade administrativa, por tentar interferir no trabalho da Polícia Federal e crime de responsabilidade, ao impor que se destituísse do cargo o diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, de modo a atender demandas pessoais, as quais pouco ainda se sabe. E, para coroar seu sadismo, fez questão de sugerir que tais eventos seriam até impensáveis em tempos dos governos petistas, os quais sempre foi oposição: “Imaginem se durante a própria Lava Jato, o ministro, o diretor-geral, a então presidente Dilma, o ex-presidente Lula ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento”. Quase como um lance de poker, arrogando para si uma ausência de autonomia na condução do ministério, afirmando não ter tido “carta branca”, reforça a imagem de autoritário do presidente da república e suaviza a sua própria, permitindo assim passar a impressão de que agora, além de “símbolo” do combate à corrupção, seria também o mais honrado paladino da liberdade. “Falei com o presidente que [a exoneração de Valeixo] seria uma intervenção política [na PF], e ele disse que ‘seria mesmo’”, diz ainda o ex-ministro, não tendo qualquer empatia ao chutar, com a ponto de seu caro sapato social, um cão que gradativamente agoniza, num gesto de regozijo e júbilo incapaz de arrependimento. Foi praticamente indiferente aos problemas decorrentes com a pandemia de covid-19, cuja medida utilizada não passou de silêncio.

Conduto, não poderia sair momentaneamente de cena sem conservar um traço distintivo do bolsonarismo à construção do morismo: a formação intelectual deficitária, ou simplesmente a burrice arrogante. Ao declarar que houvera solicitado uma pensão, caso algo a ele acontecesse, cuja proposta não está prevista em lei, deixa claro seu reles domínio do conhecimento jurídico, além de confessar sem querer um crime, previsto no seguinte mecanismo legal:

Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem” (Artigo 317 – código penal)

Destarte, duas facções certamente estarão em curso. O bolsonarismo deve sem dúvida se radicalizar ainda mais, com o estrebuchar do “gabinete do ódio”, o que nutrirá a possível ascensão do morismo sem precisar nem mesmo de propaganda. Como modelo de homem tirânico contemporâneo, é Sergio Moro, e não Bolsonaro, embora isso não retire esse último da condição de escória existencial, o verdadeiro expoente daquilo que se denomina, embora de modo insuficiente, de extrema-direita.

Por fim, caberá aos “cidadões de bem” decidir quem apoiar, cuja ignorância passa a vivenciar um dilema: qual desses dois criminosos é menos criminoso ao combater a corrupção e a ameaça comunista?

É difícil imaginar quando esse delírio irá se dissipar, trazendo de volta a lucidez indispensável que permita se pensar, com seriedade, a promoção da democracia. Reflexões são extremamente necessárias nesse momento, frente a possibilidades distópicas que tem avançado, que minam a liberdade e a ideia de cidadania. Como adverte Montesquieu, cujos conceitos inspiraram inclusive a nossa Constituição, “liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder”. Por isso, preservar instituições é imprescindível e, ao invés de buscar destruí-las ou fechá-las, por conta de falhas humanas, que sempre irão existir, o que se precisa é constantemente corrigi-las e aperfeiçoá-las, com alternância de poder e vigilância perene de suas práticas que a todos afeta. 

Sem inteligência, não há salvação…

Imagem destacada capturada aqui / Marcelo Camargo / Agência Brasil

Categorias
notícia

Projeto Conexão Cultural dá fôlego financeiro a mais de 600 artistas em tempos de pandemia

No dia 18 de março, um dia antes de decretar situação de calamidade pública no Maranhão por conta da pandemia do novo coronavírus, o governador Flávio Dino anunciou em suas redes sociais um edital de apresentações via internet para apoiar artistas, já que o setor cultural foi um dos primeiros a parar por força da pandemia. 

Surgia ali o projeto Conexão Cultural. A iniciativa foi a solução encontrada para movimentar a economia criativa do Maranhão em tempos de distanciamento social. A ideia deu tão certo que no dia 4 de abril foi lançado um novo edital de apresentações culturais. 

O novo certame previa a seleção de 50 profissionais, mas por determinação do governador Flávio Dino, todos os artistas regularmente inscritos foram contemplados com o segundo edital do projeto. 

Ao todo, os dois editais selecionaram aproximadamente 650 artistas de várias modalidades culturais, como artes visuais, arte urbana, bandas de todos os gêneros, músicos de voz e violão, circo, dança, DJs, grupos instrumentais, performances teatrais e shows de humor.

Entre os contemplados, o DJ e pesquisador musical Pedrinho Dreadlock, que há 10 anos faz shows em São Luís com uma playlist heterogênea, que passeia pelo eletrônico, reggae, dub, soul e ritmos regionais, sempre com forte ênfase para a musicalidade negra. 

Com dois contratos fixos e vasta experiência na área artística, do dia para a noite o DJ viu seu faturamento como músico despencar devido à pandemia da Covid-19. Segundo Pedrinho, a quarentena que impôs o distanciamento social como saída para reduzir o contágio da doença “afetou 100% do seu rendimento”. 

“Eu não tenho como sair para gerar minha renda, os lugares em que me apresento estão fechados. Apertou tanto que estou me desfazendo de alguns equipamentos. Estou tentando desenvolver algo pela internet, mas ainda tá muito difícil. Nas lives, as pessoas preferem ajudar grandes artistas do que os artistas do seu próprio estado”, diz. 

Sua apresentação no projeto Conexão Cultural ainda não teve a data divulgada, mas ele reconhece a importância desse tipo de auxílio em um momento delicado para o setor artístico. 

“Eles foram muito felizes com essa iniciativa e em aprovarem todos os inscritos. Nota 10! Eu admiro muito a iniciativa. Não vejo nenhum estado que esteja fazendo isso com os artistas”, pontuou Pedrinho Dreadlock. 

DJ Pedrinho Dreadlock (Foto: arquivo pessoal)

Avaliação similar à do multi-instrumentista e produtor musical Sandoval Filho, que também foi selecionado na segunda chamada do Conexão Cultural. 

“Esse edital pra mim foi uma boa iniciativa do Estado, uma forma de não desamparar os músicos. Uma iniciativa excelente e necessária que eu acho que deve permanecer em apoio à classe artística enquanto a pandemia não acabar”, aponta o músico.            

Ele atua em projetos musicais consistentes da cena maranhense, como o duo Criolina e a Soulvenir, banda que ganhou projeção internacional em 2016 ao vencer o concurso EDP Live Bands Brasil e se apresentar em vários países da Europa.  

“Amparo fundamental”

Sandoval Filho diz que só não vem sofrendo tanto com os efeitos da pandemia porque mantém workshops online e algumas atividades de estúdio que não prescindem de contato físico com outros músicos. Sandoval Filho elogiou a decisão do governador em beneficiar todos os artistas inscritos no segundo edital. 

Sandoval Filho durante turnê da Soulvenir na Europa. (Foto: aquivo pessoal)

“Uma atitude dessa da parte do governador mostra que ele se preocupa com a classe artística. Isso é muito importante porque, infelizmente, é incomum as pessoas priorizarem ou darem importância para a classe artística. O meio artístico normalmente se locomove de forma independente e ter um amparo desse em uma situação como essa é fundamental”, afirmou. 

Já para Rhúzell Póvoas, músico que se apresenta com voz e violão em casas de shows maranhenses há duas décadas, se não fosse o projeto Conexão Cultural, o artista só teria como manter as despesas com o uso de uma reserva econômica pessoal e com o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso.

“Achei uma grande iniciativa do estado, dando esse apoio aos artistas. Já dá pra dá uma ajuda nas despesas do músico enquanto esse período não acaba”, avalia Rhúzell. 

Os shows do Conexão Cultural são transmitidos pelo Instagram da Secretaria de Estado da Cultura (Secma), @cultura.maranhao, e pelas redes sociais dos artistas. Cada apresentação tem duração de 15 a 30 minutos, com produção e transmissão ao vivo (lives) ou em mídia gravada enviada à Secma.

Imagem destacada / Rhúzell Póvoas (Foto: arquivo pessoal)

Categorias
notícia

Égua! Festival Pan-Amazônico de Cinema chega à sexta edição

As cinco edições do Festival Pan-Amazônico de Cinema Amazônia Doc realizadas nos últimos dez anos, no período de 2009 a 2019, contribuíram efetivamente com a democratização do acesso e difusão da produção cinematográfica dos países da Pan-Amazônia. Permitiu ainda, ampliar o conhecimento sobre a diversidade cultural e etnográfica desse imenso território por meio dos filmes exibidos e ainda, dos debates, bate-papos e palestras apresentadas.

Nas últimas cinco edições o Amazônia Doc viabilizou a democratização do acesso gratuito aos bens culturais de aproximadamente 30.000 pessoas. Além disso, oportunizou a formação na linguagem audiovisual de aproximadamente 600 pessoas, entre jovens e adultos na faixa etária de 16 a 50 anos, tanto nos municípios de Belém (sede do evento), como na sua ITINERÂNCIA pelos municípios de Marabá, Rondon do Pará, Santarém e Soure.

Diante deste cenário, os resultados esperados para 2020 são extremamente positivos e permitem vislumbrar a ampliação do público circulante e de espectadores na nossa 6ª edição para aproximadamente 50.000 participantes na circulação do projeto sediado em Belém, e ainda, na intenção de realizar uma itinerância por cinco municípios paraenses a serem definidos e divulgados em breve pela comissão organizadora do Festival e seus patrocinadores.

Em 2020, mesmo com um cenário de grandes dificuldades para o setor audiovisual no Brasil, nós do time da organização do Festival desde 2009 decidimos por unanimidade ampliar os horizontes da 6ª. Edição do Festival Pan-Amazônico de Cinema – Amazônia Doc. Nesta edição, não temos edital de apoio à produção, ainda não temos recursos financeiros captados, mas, de forma voluntária, vamos realizar a 6ª edição do Festival Pan-Amazônico de Cinema Amazônia Doc e vamos contribuir com o protagonismo dos alunos do ensino médio das Escolas Públicas do Pará com o lançamento oficial do 1º Festival Curta Escolas, com Troféus e premiações para os 3 primeiros curtas documentários selecionados pelo Júri oficial.

E seguindo o compromisso com as pautas urgentes da sociedade, vamos prosseguir com o fortalecimento e visibilidade da mulher, promovendo o lançamento do 1ª Festival as Amazonas do Cinema, com uma Mostra Competitiva específica para premiação de cineastas mulheres da Pan-Amazônia.

E assim, de mãos dadas e no fluxo das águas, publicamos a convocatória de inscrições nacionais e internacionais para Mostra competitiva da 6ª edição do Festival Pan-Amazônico de Cinema Amazônia Doc, na certeza de sempre encontrar um caminho pra vencer os obstáculos e adversidades!

Zienhe Castro

Categorias
notícia

Virgínia Fontes: coronavírus e a crise do capital

Fonte: Andes Sindicato Nacional

Crises são também momentos de agudização das contradições que atormentam a vida social sob o capitalismo. A pandemia do novo coronavírus – ao que sabemos até aqui – nasceu na China, país superpopuloso que, diante do temor de expansão da doença em proporções gigantescas e descontroladas, tomou rigorosas medidas de isolamento social. Tais medidas envolveram a interrupção total das atividades num dos maiores centros industriais do país, Hubei, com mais de 60 milhões de habitantes, e de sua capital Wuhan. Essa decisão, em pleno período de tensões crescentes com os Estados Unidos, com seguidas provocações de Trump, impactou o mundo por um viés inesperado: a defesa da vida antes do lucro.

Os governos dos países centrais – com raras e honrosas exceções – consideraram inadmissível tal disjuntiva – defender a vida em vez do lucro – e tentaram por todos os meios evitar interrupções ou reduções no processo de extração de mais-valor. Isso ocorreu na França, na Itália, na Inglaterra e nos Estados Unidos e agora está acontecendo no Brasil. Até que a violência da pandemia expusesse a fragilidade dos sistemas de saúde, desfinanciados, sem os insumos necessários para realizar testes nas populações, sem equipamentos de proteção individual (EPI), com escassez de leitos, de respiradores e de equipes de saúde treinadas. Em meio à catástrofe sanitária, voltaram atrás tardiamente, e promoveram maior isolamento físico, mas todos, sem exceção, despreocupam-se com os trabalhadores de inúmeros setores – e não apenas os essenciais – que prosseguem em atividade sob ameaça de demissão. E, durante todo esse tempo, as populações gritam dos balcões e janelas em defesa da vida contra o lucro.

Para falar sobre a crise que o capital enfrenta de forma evidenciada durante a pandemia da Covid-19, conversamos com Vírginia Fontes, historiadora e doutora em Filosofia pela Université de Paris X, Nanterre (1992). Atualmente a docente integra o NIEP-MARX (Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Marx e o marxismo) e integra diversos conselhos editoriais no país e no exterior.

ANDES-SN: Professora, qual a relação entre a crise do capital e a forma como a pandemia da Covid-19 está se desenvolvendo e atingindo o mundo todo?

VF: Gostaria de separar dois movimentos: um, o da crise regular do capital, mais uma vez por superprodução, isto é, por excesso de extração de mais valor e de lucratividade do próprio capital. Há enormes massas de capital que encontram dificuldades para se valorizar na proporção faraônica que pretendem. Essas crises são recorrentes e vêm sendo a cada dia mais devastadoras para as populações e os trabalhadores, e resultam desgraçadamente da própria expansão do capitalismo. Entre 2008 e 2009 nos Estados Unidos, em 2012 na Europa, e ao longo desse período em muitos países (como no Brasil), os governos doaram bilhões para os capitalistas, mas sacrificaram pesadamente suas classes trabalhadoras. Salvaram os capitais para que eles avançassem com ainda maior ferocidade sobre os trabalhadores no mundo inteiro, extraindo mais-valor de maneira brutal pela generalização da uberização, continuando a expropriar direitos, apoderando-se dos fundos públicos.

Antes de falar da crise sanitária, é preciso lembrar que já estávamos ingressando numa nova crise capitalista, de novo por superprodução de capitais, pois o enorme volume de capitais, sob forma de títulos ou de dinheiro, que precisam se valorizar, já estavam implodindo a vida social. Longe da falaciosa versão de que “vínhamos crescendo e o vírus pode atrapalhar”, apresentada por Trump e por Bolsonaro, a crise já estava em curso, e era anunciada pelos próprios economistas burgueses. Ora, se o capital promove crises quase permanentes, uma verdadeira “crise do capital” ocorre quando as massas irrompem na história e bloqueiam sua capacidade de recompor-se. Revolucionam a existência. Dão um basta a essa forma de economia e a esse modo de ser bárbaro e truculento.

ANDES-SN: Nos últimos anos a extrema direita se consolidou no Brasil e no mundo. Como o avanço desse movimento se conecta a expansão desordenada do capital?

VF: No mundo contemporâneo, diversos arranjos protofascistas vinham se constituindo, inclusive no pólo central do capitalismo contemporâneo, os Estados Unidos. Desde a eleição de Ronald Reagan, cresceram as manifestações de uma extrema direita (alt-right) supremacista branca e racista, antifeminista, anti-trabalhadores, encarceradora e colonizadora. Esse endurecimento chega a seu ponto máximo com a eleição de Donald Trump, uma caricatura supremacista, de um nacionalismo exibicionista e belicoso e, finalmente, com a eleição do protofascista Jair Bolsonaro, no Brasil. Não obstante as demonstrações de truculência de ambos, a economia dos dois países estava dando sinais de dificuldades. No caso do Brasil, a crise iniciada em 2015 jamais foi superada, apesar de seus promotores – grande burguesia, seus acólitos políticos, pastores venais, militares e paramilitares, juízes a soldo –  usarem de enorme violência, retirando direitos de maneira brutal e lançando na precarização quase a metade dos trabalhadores, totalmente desprotegidos. Não podemos esquecer da brutalidade policial francesa contra os coletes amarelos, da truculência da polícia chilena cegando manifestantes populares que enfrentaram o medo e foram às ruas contra a permanência da política econômica ditatorial, da criminosa atitude policial e miliciana contra o governo de Evo Morales…

Essas são as condições antes da pandemia. A própria expansão do capital em sua desordenada e devastadora relação com a natureza vem agudizando permanentemente a possibilidade de pandemias, e já há uma enorme quantidade de estudos a esse respeito – confinamento de animais, tratados com doses massivas de medicamentos; alteração do uso do solo e do ambiente por monoculturas gigantescas, massivamente impregnadas de agrotóxicos etc. Todos os dias as mídias proprietárias relembram das últimas grandes epidemias – Ebola, SARS, MERS, H1N1 etc, mas “esquecem” de dizer que foram gestadas pelo próprio capitalismo. Ainda a destacar, o avanço das expropriações de direitos sociais incidiu diretamente na saúde, privatizando parcelas expressivas das políticas universais, precarizando trabalhadores, transferindo boa parte da saúde pública para mãos empresariais ávidas de lucro, além da destinação crescente de recursos públicos para o setor privado.  Esta é portanto uma pandemia totalmente acoplada à crise da vida social provocada pela expansão do capital e do capitalismo, sem falar da profunda internacionalização das relações sociais de produção.

O capital precisa se opor à disjuntiva verdadeira, à exigência que se generalizou, e que prega que a vida está acima do lucro. Por isso, cria a falsa disjuntiva da defesa da saúde contra a “economia”. Essa é a expressão mais direta da luta de classes em tempos de pandemia.

ANDES-SN: Essa pode ser uma oportunidade para escancarar a falência do modelo neoliberal e do Estado mínimo para o social?

VF: Mais uma vez, como fizeram em 2008 e em 2012, os governos capitalistas despejam trilhões de dólares para os proprietários de capital, numa negação óbvia e repetida (posto fazerem isso regularmente fora dos olhares do público) da pregação dogmática que repetiram todos os dias, do ‘ajuste fiscal’ e do controle da dívida pública. A hipocrisia agora dispensa véus.  Não destinam tais recursos para os trabalhadores e nem para as políticas de cunho social. A discussão sobre o Estado é complexa e longa, e vou tentar abreviar.

A expansão do que denominei capital-imperialismo envolveu uma interconexão desigual entre burguesias diversas na propriedade do capital, altamente internacionalizada. Mas envolveu também, como precocemente assinalou Antonio Gramsci, alterações nas formas de organização da dominação capitalista, pelo crescente papel de lutas pelo convencimento, levadas a efeito tanto pelas organizações dos trabalhadores, como do empresariado, através de partidos, sindicatos, jornais (mídia em geral), igrejas, associações diversas (sem fins lucrativos) etc. Para Gramsci, Estado e sociedade civil (e seus aparelhos de hegemonia), como em Marx, constituem uma unidade. A cultura e a sociabilidade se converteram em terreno ainda mais acirrado de antagonismo social. Essas formas organizativas, não obrigatórias, intensificaram disputas no próprio interior dos Estados capitalistas, para onde dirigem suas reivindicações. Mas também é do Estado que emanam, sob a forma de uma ‘universalidade truncada’, as modalidades de convencimento construídas desde a sociedade civil, que podem assumir uma dimensão mais popular quando avançam as lutas dos trabalhadores (ampliação de direitos, reconhecimento de reivindicações históricas populares) ou, ao contrário, assumir uma dimensão manipulatória e regressiva.

ANDES-SN: Como a dominação de classe se organizou para enfrentar a sistematização de luta da classe trabalhadora?

VF: A dominação de classes se organizou diretamente para enfrentar as formas organizativas dos trabalhadores. Ele entrelaça os interesses patronais e empresariais numa rede que vai além do estreito limite das próprias empresas e que se apresenta como apartidário, assumindo feições nacionais e, na grande maioria dos casos, apoiadas e integrando associações congêneres internacionais. Assumem diferentes formatos, desde a defesa de interesses patronais setoriais (gerais, como bancos, comércio, serviços; ou específicos, como a indústria farmacêutica ou de máquinas), passando por agrupamentos de grandes blocos de interesses (como por exemplo a ABAG, no caso brasileiro que reúne desde a rede Globo até bancos, grandes empresas proprietárias de terras e empresas brasileiras e estrangeiras de insumos e agrotóxicos; ou o Fórum de Davos, no cenário internacional). Mas além disso, constituíram também outras duas formas, uma intelectual e outra ‘social’. Na primeira, a tentativa de bloquear o conhecimento crítico produzido de maneira universal, através de entidades de ensino e educação com base unicamente empresarial, visível nos Master Business of Administration (MBAs), passando por think tanks que se arvoram a ‘fala autorizada’; e na segunda, a difusão de um suposto capitalismo filantrópico, voltado diretamente para os setores populares. Todos visam impedir conquistas efetivamente universais e para tanto contam com grandes escritórios de advocacia, que formulam, incessantemente, legislações privatizantes, que atuam para contornar a lei e as exigências constitucionais. Sua atuação conjunta foi agressiva, mas sob uma novilíngua que os apresentava como arautos de uma atuação para os pobres que visava… mantê-los pobres e silentes. Não por acaso, essa era também a política conduzida pelo Banco Mundial.

Essa estratégia assegurou um crescimento de burguesias periféricas, mas mantendo-as estreitamente atadas ao capital-imperialismo tanto pelos elos de co-participação em diversas formas de propriedade (pelos investimentos externos e pela exportação de capitais de burguesias secundárias) quanto pela permanente instigação originada dos aparelhos de hegemonia de alto vôo internacional.

 A meu juízo, somente é possível compreender o que muitos denominam como ‘neoliberalismo’ se analisamos a intensa atuação dessas classes dominantes nos cenários nacional e internacional por meio dos organismos semi-públicos voltados para a reprodução do capital (BM, FMI, OMC, dentre outros) e pela ampliação dessa malha de aparelhos de hegemonia que, ao passo em que coordenavam as ações empresariais, agiam para desbaratar e desorganizar internacionalmente as classes trabalhadoras. O empresariado duplicou sua rede de relações no interior dos Estados, além de lançar teias expressivas para os setores populares, ao mesmo tempo em que capturava os recursos públicos sociais para geri-los privadamente. Nesse processo, partidos originados das classes trabalhadoras foram engolidos, transformados em ‘esquerdas para o capital’, convencidos da filantropia empresarial através de gordas retribuições.

Não há espaço para apresentar como essa forma de organização de classes foi devastadora para os setores populares. No entanto, as massas trabalhadoras não vivem de convencimento, mas de vida concreta e, nela, as condições pioravam. Agora, sem direitos e sem sequer contratos de trabalho. E o que é pior, com suas organizações, criadas com tanto sacrifício, oferecendo-se a serviço do capital.

ANDES-SN: Para a senhora, as contradições do capital-imperialismo estão expostas e, em parte resultam do seu próprio sucesso, que fragilizou as instituições representativas burguesas?

VF: De maneira similar às crises resultantes da excessiva extração de mais-valor e do excesso de lucro, com sua acumulação especulativa, a malha empresarial ao devastar as conquistas sociais promove crises políticas recorrentes, o que resultou em gigantescas manifestações populares que crescem desde o início do Século XXI – as ‘primaveras’ árabes, as revoltas na França ou no Chile, dentre outras.

As contradições têm ainda outro viés: burguesias subalternas criadas sob o guarda-chuva imperial dos Estados Unidos pretendiam ingressar no clube dos dominantes, sem alterar as regras do jogo, o que foi expresso pelo BRICS, composto por países subalternos cujas classes dominantes começavam a se expandir seguindo o modelo construído e imposto pelos preponderantes. Não pretendiam alterar as regras do jogo, queriam participar mais plenamente.  No entanto, apenas essa perspectiva abriu tensões insuportáveis para os grupos dominantes, especialmente para os Estados Unidos, abrindo-se novas fricções inter-imperialistas, direcionadas contra a China.

A ampliação do Estado que Gramsci analisou, e que alguns supuseram ser capaz de avançar na direção de um aumento da participação popular em condições democráticas, revelou-se uma verdadeira coagulação da democracia em quase todos os quadrantes do planeta. A manutenção do capitalismo vem exigindo doses múltiplas de violência, ao lado da potencialização de formas de convencimento direcionadas para os processos eleitorais que são, na verdade, verdadeiras milícias virtuais protofascistas.

O Estado continua a ser o refúgio do capital. Nas atuais condições de múltiplas crises – econômica, política, social, sanitária – as falas do governo brasileiro através de Paulo Guedes são esclarecedoras: justificam se afastar de sua política padrão de ajuste fiscal para derramar bilhões de reais para o grande capital, seja para jogar o dinheiro pela janela ao tentar manter o valor do real; seja para que enormes massas de dinheiro público coagulem, ficando empoçadas nos bancos que avidamente as controlam; seja para facilitar a vida dos mega e grandes empresários, acenando também para os médios e, até mesmo, alguns pequenos capitalistas. Implodem mais uma vez seus dogmas, mas com a intenção explícita de retomá-los adiante e prometem mais retirada de direitos, maior rebaixamento das condições salariais e da vida dos trabalhadores. Longas reuniões feitas pelo ministro por meios digitais com os empresários mostram a subordinação dos governantes às classes dominantes e sua ojeriza às populações que eles próprios contribuem para fragilizar e tornar vulnerável. Enquanto os recursos bilionários já chegaram a muitos bancos e empresários, estão longe de ter algum encaminhamento consistente para os setores populares.

Algo tão brutal somente pode ser garantido pelo crescimento da violência, real e simbólica. Ao mesmo tempo, os trabalhadores sabem que estão abandonados, exigem saúde e recursos para cuidar da vida durante a pandemia. Ao contrário de assegurar a vida, o governo Bolsonaro joga para aumentar ainda mais o grau de exploração das grandes massas trabalhadoras. Para isso, vem contando com o apoio de suas clássicas milícias, assim como das Forças Armadas, que parecem dispostas a sair de seu papel de militares, para se converterem em policiais contra o próprio povo.

ANDES-SN: O governo brasileiro, assim como outros países, está injetando dinheiro para salvar empresas e bancos. Qual o impacto dessa medida? É possível dizer que há um oportunismo nessa ação, uma vez que a crise antecede a pandemia?

VF: Não só oportunismo, mas desfaçatez absoluta. Aliás, essa desfaçatez começa com a deferência do super-ministro da economia, Paulo Guedes, frente às entidades associativas empresariais e frente ao setores que lhe são caros, como o dos investidores, exemplificados pela XP Investimentos. Essa empresa lançou recentemente ações na Bolsa de Nova Yorque e acaba de ser denunciada nos Estados Unidos por comportamento não regular.  Longas ‘lives’ (transmissões diretas abertas pela internet) permitem assistir ao ministro cercado de seus amigos empresários, a quem presta contas pessoalmente. Nenhum encontro público ou privado com sindicatos e associações de trabalhadores, com movimentos sociais ou suas organizações. Um absoluto desprezo pelas grandes maiorias, para as quais destinou – segundo sua fala na live da XP – 88 bilhões, enquanto liberou 400 ou 500 bilhões para o empresariado e, segundo ele, alguns bilhões para a saúde pública.

A exigência e o clamor popular eram pela liberação urgente e imediata de recursos para assegurar a permanência dos empregos, a não redução salarial e a garantia da sobrevivência dos trabalhadores informais sob condições de pandemia. Era e ainda é a reivindicação da vida antes do lucro. A opção deste governo foi a de distribuir a rodo recursos para o empresariado, e de embarreirar com firulas burocráticas a urgente distribuição de verba pública para o setores sociais mais vulneráveis. Frente às reivindicações crescentes, inclusive de setores médios, para que o governo Bolsonaro libere “já” os recursos para os setores populares, ele retruca com o lucro contra a vida. Exige o retorno ao trabalho, custe o que custar aos trabalhadores. Estes deverão trabalhar sem equipamentos de proteção, levando e trazendo a contaminação pelas cidades afora, adoecendo e lotando os hospitais desequipados depois de décadas de subfinanciamento do Sistema Único de Saúde, de privatização da saúde e de precarização das relações de trabalho também no âmbito dos trabalhadores da saúde.

 Este é um governo que promove a catástrofe. Joga com o que há de pior – ele próprio ameaça com a fome e o abandono para que os trabalhadores e trabalhadoras enfrentem o medo da doença e da morte e se joguem na produção do lucro para o empresariado, engordado com os recursos públicos e ávido para retirar ainda mais direitos e salários de seus empregados.   

ANDES-SN: Qual Estado precisamos para enfrentar esse momento de crise?

VF: De maneira imediata, precisamos de um Estado capaz de recompor plenamente o sistema de saúde, de destinar recursos públicos para a saúde pública, universal e gratuita, garantidora da equidade e igualdade sociais. O SUS precisa ser, finalmente, implantado, o que jamais ocorreu plenamente. Para tanto, é necessário recompor e reconverter a estrutura produtiva, que deve dirigir-se para a produção dos bens urgentes para a saúde pública e, na sequência, para assegurar a qualidade de vida da população. Para que isso ocorra, é também urgente a destinação única de recursos públicos para a educação pública, que vem sendo sangrada em grande escala não apenas pelas empresas de vendas de pacotes educativos, mas por aparelhos privados de hegemonia empresariais que capturam as verbas públicas, formulam os programas educacionais em todos os níveis (municipal, estadual e federal) e procuram transformar a própria noção de público, para rebaixá-lo a uma gestão privada.

É urgente acabar com a Emenda Constitucional 95, a emenda da morte, e reverter todos os recursos para os direitos sociais. É preciso suspender o pagamento da dívida criminosa e especulativa, anulando tal dívida. Jamais soubemos no que foram aplicados tais recursos. Com isso, destinar os recursos para garantir saneamento básico – e chega a ser vergonhoso mais uma vez exigir saneamento básico, algo que reivindicamos há um século! Garantir água corrente e energia elétrica a todos os rincões do país.

Isso nos leva a enfrentar e reconverter a estrutura produtiva atual, pois está voltada para a devastação da natureza e da vida, nos campos e nas cidades. Vale lembrar os crimes cometidos pela mineração, a monocultura transgênica e encharcada de agrotóxicos, o genocídio que vem sendo cometido contra os indígenas, os quilombolas e os camponeses que resistem a essa barbárie. Vale não esquecer dos trabalhadores uberizados nas grandes capitais, dos entregadores de bicicleta, dos trabalhadores de telemarketing, das vendedoras e trabalhadoras sem reconhecimento ou direitos. É preciso uma nova forma de sociometabolismo, reconstruindo uma relação entre seres sociais e natureza capaz de assegurar os bens necessários à vida sem a exaustão do planeta, de suas águas, vegetação e fauna. E sem a exaustão dos trabalhadores. Um Estado que assegure o controle dos processos produtivos aos que efetivamente produzem, sabedores que os laços que unem os trabalhadores na atualidade não se limitam mais ao espaço fabril, e conectam todos aqueles que vivem do seu próprio trabalho. É preciso tornar públicas todas as águas, desfazendo as iniciativas privatizantes levadas a efeito pelo Estado-para-o-capital. Precisamos de um Estado diretamente controlado pelas grandes massas.

Começaríamos então a poder pensar numa verdadeira democracia, onde a liberdade é a possibilidade de ir além da vida destinada ao trabalho e à necessidade. No mundo do capital, só são livres os poderosos e os seus herdeiros bilionários. A grande massa da população está escravizada pela necessidade mais imperiosa, que a impele a vender sua força de trabalho mesmo se arriscando à morte. A liberdade começa exatamente ali onde a necessidade se reduz. As contradições geradas pelas múltiplas crises que estamos atravessando são poderosas. A resposta do grande empresariado brasileiro tem sido avançar nos recursos públicos e distribuir menos que migalhas. Mas, embora tenham eleito um protofascista e embora as milícias reais e virtuais sigam agindo, a vida real é mais poderosa e as contradições agora ficarão expostas, visíveis e dolorosas.

A vida acima do lucro diz o que precisa ser dito.

 *As opiniões contidas nesta entrevista são de inteira responsabilidade dos entrevistados e não necessariamente correspondem ao posicionamento político deste Sindicato

Fonte: ANDES-SN

Categorias
notícia

ONG realiza projeto “Paço bem em casa”

Na primeira etapa do projeto serão entregues mais de 3 mil kits de higiene e cartilha informativa para população de Paço do Lumiar.

Neste sábado (25), a partir das 8h, a Organização Social para Sustentabilidade da Vida – Ecobio realiza a primeira etapa do projeto “Paço Bem em Casa” com a entrega de 3 mil kits de higiene no município de Paço do Lumiar. O evento é realizado em parceria com a prefeitura.

A ação de entrega dos kits e cartilha com orientações essenciais para a prevenção do covid-19 será realizada por equipes de profissionais da saúde no sistema “porta a porta” durante todo o dia, conforme orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), evitando assim deslocamentos e aglomerações desnecessárias de pessoas em postos de entregas.

Os kits que foram devidamente organizados e higienizados, contam com produtos essenciais na prevenção do covid-19, tais como álcool em gel (500 ml), máscara reutilizável em pano 100% de algodão (2 unidades), desinfetante (1 litro), sabonete líquido (500ml) e sabão (300g), além de uma cartilha com orientações preventivas de saúde.

A distribuição dos 3.300 kits nas residências seguirá o seguinte roteiro pelos bairros:

Nova Luz – 250

Novo Paço – 1.500

Armindo Reis – 1.060

Nova Jerusalém I – 160

Nova Jerusalém II – 180

Parque Copacabana – 180

Total 3.330 casas

Serviço:

O quê: Campanha de Orientação e combate ao Convid-19 “Paço Bem em Casa”

Quando: 25 de Abril / Sábado

Horário: das 8h às 17h

Onde: Ponto de Encontro na Secretaria de Saúde de Paço do Lumiar (A partir das 8h a ação segue respectivamente para os bairros Nova Luz, Novo Paço, Armindo Reis, Nova Jerusalém I, Nova Jerusalém II e Parque Copacabana).

Público: Famílias de 6 bairros residenciais em Paço do Lumiar – MA

Assessoria de Comunicação: Marcus Saldanha (98) 98409-7000

Imagem destacada / rua do bairro Parque Copacabana / divulgação

Categorias
notícia

Abraço Maranhão lança programas educativos sobre o novo coronavírus

A Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço) no Maranhão começou a distribuir hoje para as emissoras filiadas a série de programas com orientações sobre a pandemia do novo coronavírus.

Com o nome “Rádio Abraço Saúde”, os programas radiofônicos contêm informações e dicas sobre os sintomas da doença, as formas de contágio, orientações sobre as medidas emergenciais que devem ser tomadas pela pessoa sintomática e o reforço sobre a importância do isolamento social, entre outros conteúdos.

No formato de perguntas e respostas, os primeiros programas contam com a participação da professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), médica infectologista Maria dos Remédios Carvalho Branco, doutora em medicina tropical e saúde internacional.

Ouça aqui o primeiro programa, aqui o 02 e aqui o 03 e o 04.

Drª Remédios Carvalho Branco

De forma didática, ela responde às perguntas essenciais com o objetivo de orientar os ouvintes sobre as formas de prevenção, cuidados e as providências fundamentais que devem ser tomadas pela população, como o uso de máscaras e a higienização das mãos com álcool gel e água e sabão.

A iniciativa da Abraço Maranhão, em parceria com a Agência Tambor, visa disponibilizar conteúdo radiofônico em linguagem acessível à maioria da população e reforça o papel das rádios comunitárias no enfrentamento da pandemia.

Além da participação dos programas da Abraço, a médica Maria dos Remédios Carvalho Branco já mantém um site com um diversos conteúdos sobre a pandemia (acesse aqui)

Os programas têm roteiro do presidente da Abraço Maranhão e professor da UFMA, Ed Wilson Araújo; locução e edição de Marcio Calvet; participação especial de Lanna Gatinho; e consultoria do engenheiro Fernando Cesar Moraes. Antes de formular as perguntas para a médica Maria dos Remédios Carvalho Branco a produção do programa fez uma sondagem junto a alguns radialistas de emissoras comunitárias para saber quais eram as dúvidas mais frequentes dos ouvintes.