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Dom Helder Câmara: uma aplicação do elogio da caridade

“Se eu aprender inglês, francês, espanhol, alemão e dezenas de outros idiomas, mas não souber me comunicar como pessoa e viver distante dos problemas do mundo e não emprestar minha voz aos fracos e injustiçados, de nada valem as minhas palavras …

Se eu morar numa cidade grande, mas desconhecer os problemas das pessoas que nela vivem, e fugir para as férias no Sul e até para América e a Europa, e nada fizer pela promoção do homem, não sou cristão…

Se eu tiver a melhor casa da minha rua, e o melhor carro e não souber que muita gente jamais terá um lar, e vai sempre andar a pé, não sei de nada…

Se eu ensinar no melhor colégio da cidade, e me esquecer das famílias que dormem embaixo de viadutos, e esqueci famílias que vivem nas favelas, sem escolas e sem condições mínimas de vida humana, não sou gente…

Se eu possuir a roupa mais avançada do momento, e o sapato da onda, mas não me lembrar de que sou responsável por aqueles que moram na minha cidade, e andam de pé no chão e se cobrem de sujo e de molambo, serei apenas uma sombra colorida…

Se eu passar o fim de semana em festas, boates, farras e programas, sem ver a fome e o desemprego, o analfabetismo, a doença e o desespero do povo que anda e sofre sem libertação, não sirvo para nada…

O cristão é lúcido.

O cristão não foge, nem desespera.

O cristão insiste na luta pela verdade.

O cristão não tolera a injustiça.

O cristão sabe que a única coisa que vai sobrar de tudo isto 

é a caridade, é o amor!”

Do livro “Meus queridos amigos. As crônicas de Dom Helder Câmara”. Recife: Editora CEPE, páginas 315 e 316.

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A fase anal do filho de Bolsonaro

“Eu acho uma pena, essa imprensa mequetrefe que a gente tem aqui no Brasil fique dando conta de cobrir apenas máscara. ‘Ah a máscara, está sem máscara, está com máscara’. Enfia no rabo gente, porra!”

A violência verbal do senador Eduardo Bolsonaro ocorre no momento em que o Brasil supera a marca de 270 mil mortos por covid19.

Somada a tantos impropérios já pronunciados pelo pai e seus filhos, essa frase indica exatamente onde está localizado o ânus no corpo desses animais – é na boca!.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/enfia-no-rabo-diz-eduardo-bolsonaro-sobre-uso-de-mascara-contra-covid.shtml

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O sentimento humanitário de Lula

O primeiro discurso de Luís Inácio Lula da Silva (PT) após a decisão do ministro Edison Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulando os processos no âmbito da Lava Jato, tem várias singularidades.

Uma delas chamou atenção quando o ex-presidente disse não ter mágoas nem rancores diante de tudo que passou ao longo da trama lavajateira que resultou na sua condenação e encarceramento: a morte da sua esposa Marisa Letícia, a proibição de ir ao funeral do seu irmão mais velho (Genival Inácio da Silva, o Vavá), a perda do seu neto Arthur Lula da Silva, de 7 anos… entre outros dramas.

O raciocínio de Lula foi baseado na situação do país, no contexto da pandemia. Como ele poderia ter mágoas diante do sofrimento de tantas pessoas morrendo, em luto pela perda de parentes, amigos e pessoas próximas?

“O sofrimento do povo brasileiro é infinitamente maior do que eu passei na prisão”, comparou o petista.

Nessa analogia, Lula revela um profundo sentimento humanitário e cristão, no sentido de se colocar no lugar do outro, ao perceber a dor do irmão e da irmã muito mais necessitados de acolhida.

Essa é uma qualidade essencial de um líder emanado de coletivos progressistas, formado nas lutas por direitos, com profundo conhecimento da vida real do povo.

Lula falou não como candidato a presidente, mas como um militante de esquerda, incorporando o sentido pleno do conceito de companheiro.

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Em pronunciamento, Lula defende a liberdade de imprensa

Nesta quarta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, para falar sobre as decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF), que anularam todas as condenações e processos do petista no âmbito da Lava Jato.

No seu longo pronunciamento, Lula elogiou a edição do Jornal Nacional de 9 de março porque, segundo ele, trouxe a verdade à tona sobre os procedimentos da Lava Jato e do ex-juiz Sergio Moro no processo que levou à sua condenação e prisão.

Jornalista não deve ter mordaça, disse, reafirmando que o compromisso dos profissionais da comunicação tem de ser com a verdade, inclusive em relação ao PT. Para o petista, a cobertura jornalística não deve ser condicionada aos interesses políticos do editor ou do proprietário da empresa. “Sempre defendi a liberdade de imprensa e é preciso que a própria imprensa tenha compromisso com a informação e a verdade”, enfatizou.

Ao fazer referência ao papel dos meios de comunicação, o petista mencionou explicitamente o presidente das Organizações Globo. “Nem o João Roberto Marinho gosta mais da imprensa do que eu”, frisou.

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Tornar Lula elegível não basta. Sergio Moro tem de ser investigado

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ao anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos processos da Lava Jato, não pode funcionar como cortina de fumaça para esconder outras situações igualmente graves no curso do golpe de 2016 que se estendeu até à condenação e prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva

Lula já entrou condenado em um processo fraudulento orquestrado pelo então juiz Sergio Moro e a Lava Jato.

Sergio Moro tem de ser investigado pelas arbitrariedades cometidas ao longo de um processo de cartas marcadas.

Cabe também ampla investigação sobre o procurador Deltan Dallagnol e os seus colaboradores. As mensagens entre procuradores da Lava Jato reveladas inicialmente pelo site The Intercept Brasil são o fio da meada para compreender como esses supostos juristas atropelaram as regras do Direito para forjar uma condenação sem provas.

Imagem destacada / O procurador da República Deltan Dallagnol e o ex-juiz federal Sergio Moro / Crédito: Jorge Araújo/ Folhapress

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UEMA e Defensoria Pública lançam curso sobre combate à violência sexual infantojuvenil

A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em parceria com a Defensoria Pública do Maranhão, lança, nesta quarta-feira (10), o curso aberto “Atuação em Rede no Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes”.

O curso será ofertado gratuitamente na plataforma Eskada (https://eskadauema.com/) e objetiva orientar sobre o tema violência sexual contra crianças e adolescentes, apresentando medidas protetivas, assim como mecanismos disponíveis por toda a rede de proteção para enfretamento do problema.

A solenidade virtual irá começar às 16h e será transmitida pelo canal Uemanetoficial (https://www.youtube.com/watch?v=wS1vfqTyYUk).

O evento de lançamento terá a participação do reitor Gustavo Costa, da coordenadora geral do UEMAnet, Ilka Serra; e dos defensores públicos Alberto Bastos e Davi Veras

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ABJD denuncia que punição a professores viola liberdades de expressão e acadêmica

Ao lado da APD (Associação de Advogados e Advogadas Públicas para a Democracia) e do coletivo Transforma MP, a ABJD vêm a público denunciar as violações à liberdade de expressão e à liberdade acadêmica, perpetradas no Brasil por pessoas e órgãos ligados ao governo Bolsonaro.

Reafirmando o seu compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito e das liberdades fundamentais, as entidades citam em nota ataques contra a liberdade de expressão, contra a liberdade de reunião e contra a liberdade acadêmica e científica, recentemente divulgados pela imprensa e que violam, pelo menos, quatro decisões do STF.

Veja a nota capturada no site da ABJD:

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), Associação de Advogados e Advogadas Públicas para a Democracia – APD e o coletivo Transforma MP, reafirmando o seu compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito e das liberdades fundamentais, vêm a público denunciar as violações à liberdade de expressão e à liberdade acadêmica, perpetradas no Brasil por pessoas e órgãos ligados ao governo Bolsonaro.

Como veiculado pela imprensa, o Ministério da Educação encaminhou às administrações das Instituições Federais de Ensino um ofício no qual orienta que sejam tomadas medidas para “prevenir e punir atos político-partidários nas instituições públicas federais de ensino”, acompanhado de uma recomendação de tomada de providências, feita pelo Procurador da República Ailton Benedito de Souza. Essa recomendação trata como atividade político-partidária qualquer manifestação por professores e estudantes, em espaços físicos ou virtuais, seja favorável ou desfavorável ao governo federal.

Além disso, a imprensa também noticia a assinatura de dois termos de ajustamento de conduta em processos administrativos abertos pela Controladoria Geral da União – CGU contra dois professores da Universidade Federal de Pelotas, acusados de “manifestação desrespeitosa e de desapreço direcionada ao Presidente da República”, por criticarem as intervenções que vêm sofrendo as Universidades, com a nomeação de reitores não eleitos pela comunidade acadêmica. Pelos termos de ajustamento de conduta, os professores estão proibidos de criticar o Presidente pelo prazo de dois anos.

Cabe considerar que todos esses ataques contra a liberdade de expressão, contra a liberdade de reunião e contra a liberdade acadêmica e científica violam, pelo menos, quatro decisões do Supremo Tribunal Federal, em sede de ADPF (548, 5537, 5580 e 6030). O Plenário do STF assegurou, por unanimidade, em sede da ADPF 548, a livre manifestação do pensamento e das ideias nas Universidades, quando destacou que a autonomia universitária está entre os princípios constitucionais que garantem todas as liberdades. A Ministra Carmen Lúcia, relatora da ADPF, decidiu que “a exposição de opiniões, ideias ou ideologias e o desempenho de atividades de docência são manifestações da liberdade e garantia da integridade digna e livre. A liberdade de pensamento não é concessão do Estado, mas sim direito fundamental do indivíduo que pode até mesmo se contrapor ao Estado”.

Nas ADPF 5537, 5580 e 6030, contrárias ao chamado “Escola sem partido”, o Ministro Relator Roberto Barroso entendeu que “a liberdade de ensinar e o pluralismo de ideias são princípios e diretrizes do sistema educacional brasileiro. Por isso, a norma afronta o direito à educação com o alcance pleno e emancipatório. (…) a proibição de manifestações políticas, religiosas ou filosóficas é uma vedação genérica de conduta que, a pretexto de evitar a doutrinação de alunos, pode gerar a perseguição de professores que não compartilhem das visões dominantes”.

Não há, portanto, democracia sem plena liberdade acadêmica e científica, sem que professores, estudantes e pesquisadores possam dar a sua contribuição crítica aos diversos temas e questões objetos de discussão na esfera pública, que desafiam a sociedade. É, mais uma vez, a própria Constituição quem estabelece entre os princípios fundamentais da educação (art. 206, II) a “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”, assim como estabelece como um dos seus objetivos a preparação para “o exercício da cidadania” (art. 205).

Imagem destacada / Estudantes e professores de universidades públicas protestam contra agressões e corte de verba na educação – Foto: UFPR via Facebook / Capturada no Jornal da USP

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A poesia de Bertolt Brecht e os ensinamentos da solidariedade

Intertexto — Bertold Brecht (1898-1956)

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro


Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário


Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável


Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

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Teorias conspiratórias e apocalípticas dialogam com o totalitarismo

Nas feiras e em outros ambientes populares uma fala ganha cada vez mais força: “as profecias estão se cumprindo”.

O dito é quase uma senha entre amplas bases do senso comum, dos setores vinculados à onda tradicionalista e nas igrejas evangélicas neopentecostais, de Olavo de Carvalho a Silas Malafaia, profetas do charlatanismo e das obscuridades mais gotescas.

As teorias conspiratórias e apocalípticas põem fermento no negacionismo, disseminando miríades de informações distorcidas e mentiras descaradas sobre a pandemia covid19, levando as pessoas incautas a validarem todo tipo de faz de conta.

Nesse aspecto, o negacionismo dialoga com algumas “teses” de inspiração totalitária, entre elas a crença, a mentira e a ficção, com a enorme potência de produzir narrativas extraordinárias e fora da realidade.

Hannah Arendt, na obra “As origens do totalitarismo”, atenta para o papel da propaganda de massa baseada em recursos que misturam credulidade e cinismo (p. 519-520):

A propaganda de massa descobriu que o seu público estava sempre disposto a acreditar no pior, por mais absurdo que fosse, sem objetar contra o fato de ser enganado, uma vez que achava que toda afirmação, afinal de contas, não passava de mentira. Os líderes totalitários basearam a sua propaganda no pressuposto psicológico correto de que, em tais condições, era possível fazer com que as pessoas acreditassem nas mais fantásticas afirmações em determinado dia, na certeza de que, se recebessem no dia seguinte a prova irrefutável da sua inverdade, apelariam para o cinismo; em lugar de abandonarem os líderes que lhes haviam mentido, diriam que sempre souberam que a afirmação era falsa, e admirariam os líderes pela grande esperteza tática.

Arendt chama atenção também para a figura do Líder no processo de principal referência para tornar a mentira eficaz (p. 520):

Essa reação das audiências de massa tornou-se importante princípio hierárquico para as organizações de massa. Uma mistura de credibilidade e cinismo prevalece em todos os escalões dos movimentos totalitários, e quanto mais alto o posto, mais o cinismo prevalece sobre a credulidade. A convicção essencial compartilhada por todos os escalões, desde os simpatizantes até o Líder, é de que a política é um jogo de trapaças, e que o “primeiro mandamento” do movimento – “o Führer sempre tem razão” – é tão necessário aos fins da política mundial – isto é, da trapaça mundial – como as regras da disciplina militar o são para as finalidades da guerra.

A máquina que gera, organiza e dissemina as monstruosas falsidades dos movimentos totalitários também depende da posição do Líder. À afirmação propagandística de que todo evento é cientificamente previsível segundo leis naturais ou econômicas, a organização totalitária acrescenta a posição de um homem que monopolizou esse conhecimento e cuja principal qualidade é o fato de que “sempre teve razão e sempre terá razão”.

Qualquer semelhança com o comportamento, as atitudes e o discurso de Jair Bolsonaro e dos seus fanáticos seguidores é mera coincidência.

Imagem destacada / Panorama de uma cidade à beira-mar com a orla e os prédios sendo tomados por uma onda de vírus / Fonte da imagem neste site

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Estamos em guerra…

… e Jair Bolsonaro, com a sua indiferença cínica, está transformando o Brasil em um campo de extermínio.

Imagem: abertura de covas no maior cemitério de Manaus / Sandro Pereira / Fotoarena / Folhapress