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O filme “Idiocracia” e o conflito Rússia x Ucrânia

É preciso reiterar sempre o principal: o conflito entre a Rússia e a Ucrânia é de ordem geopolítica, diz respeito a um avanço da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), liderada pelos Estados Unidos (EUA), sobre os territórios da ex-URSS.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, à maneira de novo czar, reage a uma espécie de cerco protagonizado pelos EUA (leia-se Joe Biden, atualmente).

Naquela região cobiçada pelas grandes potências estão reservas e corredores de gás natural, petróleo e outros recursos naturais que movimentam e economia internacional.

Mas, além da motivação principal – econômica, política e militar – existem as peculiaridades inusitadas, como a ascensão do humorista Volodmir Zelenski à presidência da Ucrânia.

Zelenski chegou ao cargo impulsionado por uma série de TV denominada Servo do Povo, nome adotado para o partido político que o elegeu presidente.

Na série, Zelenski aparece metralhando um auditório imaginariamente representado pelo que ele condenava na “velha política”.

Por mera coincidência, o filme “Idiocracia” (leia mais aqui) tem como personagem principal o presidente de um país contagiado pela idolatria às personagens bizarras impulsionadas pelos meios de comunicação, especialmente pelos programas humorísticos e reality shows.

A película serve para mensurar não apenas sobre o atualíssimo bordão “a vida imita a arte”, ilustrativo para entender como a ficção projetou na realidade um presidente fabricado em série de TV.

“Idiocracia” reflete e refrata o obscurantismo, o negacionismo, o narcisismo exacerbado e o estilo grotesco visíveis em personagens como o ex-presidente da Rússia, Boris Yeltsin; o atual Vladimir Putin; o ex-presidente dos EUA, Donald Trump; o brasileiro Jair Bolsonaro e outras tantas figuras que representam não só um perfil de governante, mas uma mentalidade que parece ser anterior ao ingresso do ser humano na perspectiva civilizatória.

Na Grécia, idiota era a pessoa restrita ao ambiente da vida privada, sem interesse nos assuntos da cidade e nas questões do Estado. Em outras palavras, não participava das decisões sobre a polis. Para os gregos, idiota era uma pessoa sem instrução e, nessa condição, considerado inferior.

Ainda não havia naquela época histórica a conotação pejorativa sobre a expressão idiota.

O problema, na contemporaneidade, é a ressignificação do conceito e a expressiva participação dessa forma de comportamento na vida pública.

A internet e os equipamentos de produção e distribuição de conteúdo proporcionaram as condições materiais e virtuais para a difusão da idiotia como fenômeno social.

O idiota não é mais o indivíduo grego ensimesmado na sua tarefa de prover a vida doméstica sem se importar com a coletividade. Nos tempos atuais o idiota participa ativamente da polis, vai às manifestações de rua, prega a destruição das instituições, despreza a Ciência, repudia o Jornalismo, idolatra líderes bizarros, é agressivo, convicto da sua verdade e não admite o contraditório.

E tem idiota que vira presidente!

Enfim, os sinais do filme estão vivos em nosso cotidiano.

Tomara que a realidade não siga imitando tanto assim a ficção.

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