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Poesia em convulsão: livro reúne 70 autores brasileiros contemporâneos

Organizado pelo poeta e ensaísta Manoel Ricardo de Lima, Uma pausa na luta traz poemas dos maranhenses Celso Borges e Josoaldo Lima Rêgo, além de Ricardo Aleixo, Thiago E, Micheliny Verunschk, Júlia Studart, Fabiano Calixto, Ruy Proença, Anitta Costa Malufe, Ramon Nunes Mello, Tarso Melo e Heitor Ferraz, entre outros. 

A partir da reflexão de Pasolini, de que “uma pausa na luta” é também a possibilidade de “reavaliação da luta”, este ajuntamento de poetas e poemas se propõe a reinventar a luta, como uma deriva suspensa do tempo e da história, tentando dizer outras coisas, algumas esperanças contra o diletantismo das circunstâncias atuais. 

“Como reavaliar a vida com força e sem tanto luto, propondo apenas uma filigrana de pausa na luta?” é uma das perguntas que o organizador do livro, Manoel Ricardo de Lima, faz no prefácio da obra, que ele faz questão de afirmar que não é uma antologia, mas uma convulsão.

Uma pausa na luta sai pela Mórola Editorial e está à disposição para download gratuito pelo link  https://morula.com.br/produto/uma-pausa-na-luta/

Manoel Ricardo de Lima é professor da UNIRIO e publicou, entre outros, Falas Inacabadas [com Elida Tessler], Pasolini: retratações [com Davi Pessoa] e Geografia Aérea. Organizou A visita [com Isabella Marcatti] e A nossos pés.  Coordenou a edição da obra completa do poeta português Ruy Belo no Brasil [7Letras] e coordena a coleção Móbile de mini-ensaios [Lumme Editor]. 

pausa

drible no grito

quase

matar o corpo osso a osso

pele a pele

músculos no exílio

nus nós cegos

e desatarmo-nos em praça pública

depois de pendurados

nas agonias do limbo


pause

imagens perdidas do último capítulo da série de sucesso

amarrar o voo das abelhas inclusive o mel

pisar no eco, talvez

o ovo em pé inevitável

quebrá-lo no ar

e refletir

onde se aloja o amado medo

marcado pelo suor de deus


fuga do front

embrulhar com zelo o pacote da pancada futura

pensar que seria um erro fazê-lo agora

sim ao pouso do pássaro acima do chão

por enquanto

não tremer


trégua sem trégua


rigidez e leveza

aceitar que o poema pode ser inútil

intervalo para o último assalto

tomar de assalto o ventre do ringue

antes do nocaute

pensar melhor fora da cabeça

peixe fora do aquário

quase

respiração suspensa

até o segundo final

antes de subir à tona

e soprar o pulmão do mundo

                                   celso borges


Quase a forma

não escrita

A voz

disposta na calçada

e esquecida


Vida pra quem respira

nos intervalos

josoaldo lima rego