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Amigo da onça

Eloy Melonio

Professor, escritor, compositor e poeta

Gosto dos pássaros que têm nomes engraçados. Especialmente dos que soam igual a uma frase ou palavra. Ou seja, os onomatopéicos. Uma pronúncia que imita o som natural que eles produzem quando cantam. Nesse momento, lembro de dois: a fogo-pagou, que é uma espécie de rolinha, e o bem-ti-vi. Coincidentemente, esses dois são meus amigos, pois estão sempre lá na minha casa. Ela, catando migalhas no chão do quintal, e ele… Bem, ele é um caso à parte.

Todo o mundo sabe que o bem-ti-vi é um pássaro muito esperto e atrevido. Em seu currículo, muitas histórias e piadas sobre ele. Nosso conterrâneo Josué Montelo fala deles em seu livro Os Tambores de São Luís. Até eu fiz um poema sobre esses “pestinhas”.

Mas vamos ao nosso bem-ti-vi particular. Ele geralmente chega depois do almoço para catar as sobras da comida da Minie, a minha cachorrinha, e do Leo, o meu papagaio: ovo cozido ou frito, ração etc. Vai chegando de mansinho, como quem não quer nada. E, atento, observa tudo ao redor. Se acha alguma coisa, fica quietinho. E mete o bico! Se não acha nada, solta seus gritos estridentes e ameaçadores.

Um dia, ― só pra sacanear ― resolvi dar um susto no meu amigo. Escondi-me atrás da porta da sala, e fiquei observando seus movimentos. Ele pousou no murinho do terraço bem ao lado da bacia de comida. Olhou ao redor e só viu a Minie, que ― roncando como uma louca! ― nem percebeu sua presença. Aí o meu amigo pulou ao chão e foi direto ao alvo. Subiu na beirada da bacia e já se preparava para bicar a comida.

Chegou a hora, pensei comigo. Abri a porta e dei um grito: Eu tô te vendo, seu bem-ti-vi duma figa!

O pobrezinho passou uns dias sem aparecer. Ontem, depois do almoço, eu ouvi novamente o seu canto no terraço da minha casa. Se era meu amigo, eu não sei. Mas era um bem-ti-vi, e disso eu tenho a mais viva certeza.

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Uma (pequena) grande ação

Eloy Melonio

Professor, escritor, poeta e compositor

O que Zé Raimundo e Neil Armstrong têm em comum?

Quase todo mundo conhece a história de Neil Armstrong, famoso astronauta americano da Apollo 11 e o primeiro homem a pisar na Lua, em 20 de julho de 1969.

Mas a história de Zé Raimundo, um comerciante de bairro, com sua quitandinha de uma janela, protegida por grade, talvez apenas duas ou três pessoas a conheçam.

Para início de conversa, não foi fácil entender direito o que ele fazia. Cheguei a pensar em várias possibilidades. Como geralmente cruzamos um com o outro durante nossas caminhadas matinais, via-o ― geralmente acompanhado de sua esposa ― carregando sacos plásticos com alguma coisa pesada dentro. Até aí, nada de errado. Mas o fato inusitado é que, algumas vezes, parecia vê-lo agachado, como se estivesse pegando coisas do chão. Cheguei a imaginar que talvez fosse aquela débil mania de algumas pessoas idosas.

Quando me lembro disso, sinto um pouco de vergonha. A verdade é que nós geralmente não lemos direito o texto, ou lemos sem atentar ao contexto. E aí, o resultado da leitura é um desastre.

Certo dia, saí mais tarde para caminhar. E tive a sorte de não cruzar, mas andar paralelamente na mesma direção que ele; eu, de um lado da rua, e ele, na calçada da avenida. E por alguns minutos pude observá-lo mais atentamente. Aí sim, texto e contexto agora davam sentido à minha leitura.

Neil Armstrong tem uma biografia de dar inveja. Zé Raimundo, apenas um anônimo cidadão de bem. O primeiro já não está mais aqui; o segundo é apenas um entre nós.

Seja Neil ou Zé, o que importa é o que cada um pôde ou pode legar à humanidade, à sua cidade.

Palavras e atitudes nos inspiram a mudar o enredo de nossas vidas. Vindas de gente importante, ou de gente comum. Lições que temos a dar, lições que temos a aprender. Recentemente alguém me disse: “Tenho me esforçado para fazer as coisas da forma mais correta possível”. Ou seja: estacionar na vaga certa, não jogar lixo na rua, dar bom dia ao vizinho… Pensei comigo: Que lição! Preciso aprendê-la depressa!

Nosso velho mundo carece de boas lições. De gente que faz a diferença, que deixa exemplos. Gente como Chico Mendes, Zélia Arns, Marielle Franco. E tantos outros anônimos que andam por aí, como o cidadão que devolveu ao dono a carteira com dois mil reais que este deixara no banco da praça.

E quanto ao nosso personagem, o que faz de tão especial?

Nas manhãs ensolaradas de nossa estação seca, ele simplesmente enche garrafas pet (2l) com água e sai molhando plantinhas à margem da avenida. Algumas das quais ele mesmo plantou. Plantinhas que não são vistas pelos gestores públicos, pelos comerciantes da região, nem pelos transeuntes. E que um dia darão sombra e abrigo a quem passar por ali.

Não sei quantos passos Neil Armstrong deu na superfície da Lua. Só sei que, quase diariamente, Zé Raimundo dá mais de duzentos para cumprir a missão a que se propôs. E tudo isso sem “posts” nas redes sociais para impressionar os amigos. Um trabalho de formiguinha: constante, silencioso, resoluto.

Seu Zé Raimundo talvez nem saiba quem foi Neil Armstrong, mas imita direitinho seus passos aqui na Terra. E, orgulhoso, poderia dizer ao final de cada caminhada: “Uma pequena ação para mim, uma grande lição para meus concidadãos”.

Imagem: Eloy Melonio / Cajueiro plantado por Zé Raimundo, e do qual já comeu o fruto.

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Tempo de escrever

Eloy Melonio

“Escrever não é fácil”, dizia um amigo meu quando me pedia ajuda com algum texto que estava escrevendo. E de tanto escrever e querer melhorar sua escrita, não é que já está escrevendo razoavelmente bem!

Um artigo sobre “a arte ou o ofício da escrita” não parece leitura agradável. Mas é necessária. Especialmente nestes tempos de redes sociais. Especialistas afirmam que nunca se escreveu tanto como agora. É verdade, tem muita gente escrevendo! Textos com uma, duas, e até mais de trinta palavras são comuns em suas postagens. Gente que não escrevia nada passou de repente a escrever. E nesse escreve-escreve, se aventura na poesia, na crítica política ou social, contos, crônicas. O lado sombrio disso é que, nesse espaço, alguns se acham não apenas inteligentes, mas donos da verdade. E chegam a defender a tolerância e a liberdade de expressão aos gritos, passando por cima da opinião do outro. Seja com for, estão escrevendo de verdade. E não é demais lembrar que o Português é o terceiro idioma mais usado nas redes sociais.

A prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) começa neste domingo (4-11) e prossegue no subsequente. E logo de saída, o terror de quem terá de escrever um texto. E de tão importante, a redação é matéria nos principais canais de TV. Na pauta, a dificuldade em produzir textos claros, bem redigidos, fiéis à norma culta. Isso explica o medo da prova, porque ela pode “reprovar” o candidato, se o seu texto não se enquadrar nos requisitos básicos.

“Escrever é fácil”, dizia um professor nas primeiras aulas de seu curso de Redação. E acrescentava: “Você começa com uma maiúscula e termina com um ponto final. No meio, põe as idéias”. Parece simples, mas é aí que está o problema. Entre a primeira palavra e o ponto final, você precisa escrever. Ou seja, estabelecer uma tese, defender um ponto de vista, argumentar sobre a problemática do tema. E ainda tem a produção do texto: a sintaxe, a coerência, clareza. É neste momento que entra em cena a temida “norma culta”, nome pomposo de nossa velha gramática.

Nunca esqueci o título de um anúncio da Mercedes-Benz que vi numa revista: “Quando se tem o que dizer, fica fácil se comunicar”. Esse título me inspirou a melhorar minha escrita. E me acompanha até hoje. Ter o que dizer: eis a questão! Por isso não há como fugir da necessidade de ler. Ler (quase) tudo: jornais, revistas, blogues. E, em especial, livros. Um bom leitor é geralmente um bom escritor. Todos os grandes escritores são (foram) grandes leitores. Mas é preciso saber o que se deve ler. A fruição do texto quando se lê algo que é realmente útil e interessante.

Leitores contumazes geralmente têm paixão por certos autores. E por certos livros também. Têm seus colunistas e/ou blogueiros preferidos. O importante é tirar de suas leituras conteúdo para enriquecer seu conhecimento. O que busca: informações, conhecimento, fruição. Se busca poesia, Castro Alves possui “o mais rico e colorido repertório imagístico da nossa poesia romântica” (Antônio de Pádua, Aspectos Estilísticos da Poesia de Castro Alves). Quem não gosta de Josué Montello, Machado de Assis, Mário Quintana? E de tantos outros monstros imortais da literatura universal e nacional?

Voltando ao amigo do início deste artigo, “escrever não é fácil mesmo”. Para aperfeiçoar sua produção textual, você precisar ler. E escrever. Sou observador atento de tudo o que leio. De vez em quando me aventuro a corrigir “gente grande”! (Risos!). E assim, geralmente passo a vista nos textos em busca de algum “probleminha”. E nessa busca, encontro alguns errinhos básicos. E para seu espanto, de quem se poderia esperar coisa melhor. Ou seja, de pessoas que escrevem profissional e/ou artisticamente.

Com uma pequena mudança no original, selecionei algumas “pérolas” só para ilustrar esta argumentação: “Sejamos, nós escritores, os baluartes da boa escrita” (Sejamos nós, escritores, … [o vocativo junto com o sujeito]); “(…) e nada tem haver com os conflitos” (tem a ver); “(…) o nosso amigo Juvenal faleceu agora a pouco” ( pouco [tempo decorrido]); “Se trata de poesia estudada, pela mente e pela alma” (Trata-se [em texto formal]); “Depois do que vi, pré-sinto que essa situação” (pressentir); “(…) me incentivava tudo isso e…” (dar incentivo a [uma ação]). Num desses casos, não segurei minha indignação, e desabafei ironicamente: “Pobre língua portuguesa! Tão maltratada e aviltada por seus (supostos) melhores amigos! Aja paciência! (Hein?!)”.

A escrita do profissional do texto (jornalista, escritor, poeta) é coisa de grande responsabilidade. Com sua imagem e com a língua pátria. Se somos os primeiros a errar, o que esperar dos outros?

Errar é uma tarefa difícil. Isso mesmo, considerando-se que hoje se tem (ou é “tem-se”?!) à mão corretor ortográfico, dicionário online, sites com conteúdo gramatical específico. Para escrever este texto recorri a esses recursos várias vezes. Quando publico um texto, tenho um cuidado especial em ver se está bem escrito. E na revisão, descubro alguns “errinhos” também! Todo esse cuidado porque escrevo para outras pessoas. E sempre me pergunto: será que vão entender? Será que vão gostar do assunto, da forma como está exposto?

Essas perguntas me levam a revisar e ver o que realmente precisa ser mudado. Aí vou cortando a “gordura vocabular”, ou seja, as palavras desnecessárias. Verifico a colocação dos pronomes, os tempos verbais, a acentuação gráfica, a pontuação. Frei Betto ensina: “Caço literalmente todos os gerúndios do texto, tudo que termina em “ando”, “endo”, “indo” etc., pois acredito que isso ‘amolece’ a escritura” (Ofício de Escrever, Ed. Anfiteatro). Não há como duvidar que o autor está para o texto assim como o maestro está para a orquestra.

Ardorosos defensores de nossa língua reclamam da falta de paixão pelo idioma pátrio. Falta estudo, zelo, paixão! “Nossa língua é o resultado de séculos de beleza que a literatura nos legou”, defende o jornalista Sérgio Rodrigues, autor de “Viva a Língua Portuguesa!” (Companhia das Letras). Latino Coelho enfatiza: “De todas as artes a mais bela, a mais expressiva, a mais difícil, em sem dúvida a arte da palavra” (A Oração da Coroa).

O amor à escrita (e à leitura) é condição “sine qua non” para quem decide se aventurar no mundo das letras. Mesmo que não tenha objetivos elevados. Ou seja, apenas para escrever textos que possam ser lidos e, se possível, admirados. Por que quero escrever? Para quem vou escrever? Sem uma resposta coerente, fica difícil adentrar o mundo literário. Nos Estados Unidos, cursos de “creative writing” (escrita criativa) são comuns nas universidades. É uma resposta aos alunos que pensam escrever textos para revistas especializadas, ou mesmo um livro temático ou de cunho literário. Seja qual for a sua razão, não se deixe abater pelas primeiras dificuldades. E, principalmente, prepare-se para escrever. Alguém já disse: “Português não é difícil, você é que estudou pouco”. Uma observação dura, mas verdadeira, aos que apresentam uma justificativa para textos desprovidos de conteúdo, graça e beleza.

Leia este excerto do livro “O prazer da leitura”, de Rubem Alves (1933-2014): “Todo o texto é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele desliza sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto apossa-se do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se luta com as palavras, se não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos logo que ela acabe”.

São muitas as razões para se escrever. Pode ser necessidade, prazer, paixão. E aqui faço uma intertextualidade entre Frei Betto (FB), em seu já referido livro “Ofício de escrever”, e Ruy Robson (RR), poeta maranhense, em seu poema “Escrevo”: “Escrevo para ser feliz. Bartheanamente, para ter prazer” (FB); “Escrevo por necessidade,/ pela vontade de ser feliz” (RR); “Escrevo para sublimar minha pulsão e dar forma e voz a babel que me povoa interiormente” (FB); “Escrevo para não sofrer/ escrevo para não matar/ Escrevo para não morrer!!!” (RR).

Fácil ou difícil? A resposta é sua. Só sei que a escrita é uma arte que pode informar, ensinar, entreter. E, quem sabe, “virar a vida pelo avesso”.

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“Acreditar, eu não”

Eloy Melonio

Acreditar ou não acreditar é, hoje, um dos dilemas mais difíceis dos usuários das redes sociais.

Não resta dúvida que “acreditar” é o verbo do momento. Compete com alguns poucos ao posto de “o mais importante” do universo digital. Entre eles, “empoderar” (que só consta em versões atualizadas dos dicionários), “seguir”, “pontuar”… e “coach” (sem versão em português). Este, inclusive, chamou minha atenção numa placa na parede de um prédio que dizia: I am coaching kids.

E assim, numa das acepções do Aurélio, acreditar é “confiar”. E é exatamente aí que mora o problema: confiar em quem, ou confiar em quê?

A torcida do Atlético-MG adotou o lema “Eu acredito” a partir da Copa Libertadores das Américas de 2013. E quando esse grito ecoava nas arquibancadas, torcida e time se fortaleciam para superar situações adversas e se enchiam de confiança na conquista do tão sonhado título inédito. E não é que deu certo!

Não obstante, acreditar, especialmente em coisas veiculadas nas redes sociais, não é tão simples ou seguro. É que hoje pisamos em terreno fértil para a disseminação de notícias falsas. Com o advento da comunicação digital, a verdade anda meio perdida num cipoal de dúvidas e confusão. Mente-se com a cara de pau de um malandro do bar da esquina. Planta-se uma mentira como quem planta uma semente de girassol.

Na propaganda gratuita na TV, a fala solta dos candidatos a presidente se enche de promessas que, sem nenhum filtro, chegam a milhões de lares por todo o país. Não estou dizendo que mentem antecipadamente, mas apenas lembrando que o que dizem hoje já foi dito ontem. Daí a dúvida dos eleitores. Se fizerem 50% do que prometem, nosso país entrará, em apenas quatro anos, para a rol dos desenvolvidos.

Com a mesma percepção, Tadeu Schmidt, apresentador dos Gols do Fantástico (9-9-2018), depois de ouvir algumas promessas do cavalinho do Internacional, forte candidato ao título do Campeonato Brasileiro, retrucou cético: “Qué isso, cavalinho? Parece até candidato!”

Minha inquietação é com a facilidade com que as pessoas, nas famigeradas redes sociais, repassam notícias sem nenhum filtro ou verificação da fonte. As “fake news” viajam na velocidade da luz em todas as direções. É com razão que o poeta detona: “Desconfio que estou ficando louco… /Tanta coisa me passa na cabeça,/ Que se senso me resta é já bem pouco.” (Via-Sacra e Outros Poemas, Marcelo Gama). Parece que o velho bom senso anda mesmo sumido nestes tempos de “passa-repassa”.

Um contato do WhatsApp me enviou um texto, pedindo que eu o repassasse. Respondi-lhe prontamente: “Não creio que este texto seja do juiz Sérgio Moro. Por dois motivos simples: ele não se inclinaria a falar abertamente sobre um assunto tão baixo, e o texto contém erros gramaticais secundários, o que não seria típico de um juiz de sua categoria”. E alfinetei: fake texto é fake news. Sua resposta, curta e seca: “É. Pode ser”.

Esse “pode ser” revela que ele não tinha certeza do que estava repassando. E, mesmo assim, não se limitou a verificar se o texto (e o contexto) fazia mesmo algum sentido. Ao contrário, de forma compulsiva e inescrupulosa, empenhou-se em “repassar” e pedir aos destinatários que fizessem o mesmo. E assim, mais uma vez recorro à poesia para elucidar tal atitude: “Enquanto a mentira berra, a verdade sussurra” (poema “A verdade e a mentira”, de Augusto Pellegrini).

As celebridades ― e agora os “digital influencers” ― gabam-se de ter milhares ou milhões de seguidores, cifras de dar inveja a Jesus Cristo. E com esse poder em seus dedinhos, vendem seus conteúdos (se possível, exagerando) para propagar pontos que visam a empoderar seus contratantes, em geral políticos e partidos. E de tal forma, o poder das palavras (e sua reputação) nunca esteve em tão alta evidência! Hoje todo mundo sabe tudo sobre todo mundo e sobre todas as coisas.

E assim, arrisco-me apenas a, de forma irônica, parafrasear uma citação de Latino Coelho: “De todas as artes a mais influenciadora, a mais empoderada, a mais lucrativa, é sem dúvida a arte da mentira”*.

Recorrendo mais uma vez à poesia, exalto o primeiro verso de um grande samba da saudosa Dona Ivone Lara: “Acreditar, eu não”. Dito isto, seria de bom alvitre se não nos deixássemos enganar por notícias que não têm raízes em fonte fidedigna, no bom senso ou na coerência.

Acredite ou não, confiar no que se lê e no que se ouve por aí está ficando cada vez mais perigoso.

Eloy Melonio é professor, escritor, compositor e poeta

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(*) “De todas as artes a mais bela, a mais expressiva, a mais difícil, é sem dúvida a arte da palavra.” (Latino Coelho, A Oração da Coroa)