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III Conferência Gramsci, Marx e Marxismo

Está chegando a III Conferência Gramsci, Marx e Marxismo (III CGRAM), com o tema Luta por hegemonia e a formação da consciência crítica: lições de Gramsci para o Brasil hoje, a realizar-se no período de 09 a 11 de novembro de 2022, on-line.

A submissão de trabalhos para apresentação nos painéis de comunicação oral e nas mesas temáticas coordenadas ocorrerá no período de 10 de agosto a 15 de setembro/2022, por meio de formulário on-line disponibilizado no link do evento, na página do Grupo de Estudos, Pesquisa e Debates em Serviço Social e Movimento Social da Universidade Federal do Maranhão (GSERMS/UFMA).

No link estão todas as instruções para submissão e apresentação de trabalhos, o detalhamento da programação e demais informações sobre o evento.

Venha participar conosco da III CGRAM, a inscrição é gratuita com expedição de certificado de participação.

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Cinco aberrações em sete minutos

Os tipos obscurantistas e negacionistas não cansam de nos exemplificar sobre os riscos de um retorno à barbárie.

Essa semana eu tentei dialogar com um motorista de aplicativo e constatei novamente o avanço de um tipo de mentalidade perigosa para a civilização.

Como de praxe, sempre que entro no carro, fiz uma pergunta despropositada para passar o tempo:

– Bom dia. A cidade hoje está tranqüila ou agitada?

Bastou essa pergunta para o motorista despejar as seguintes aberrações:

Agitada. O Brasil está se recuperando bem. A gasolina baixou de preço e esse mês foram gerados 380 mil empregos com carteira assinada. Nosso país está crescendo e a economia cada dia melhor.

Com certeza estamos melhor que os Estados Unidos. Lá está ocorrendo uma onda de mortes por causa da vacina contra a covid. As pessoas que tomaram vacina estão tendo uma série de problemas. Eu mesmo aqui não tinha nada no coração, agora sou cardíaco porque a vacina vem com uma proteína chamada “spike” e causa esses males.

Nos Estados Unidos as grandes empresas controlam tudo e querem implantar essa política nojenta aqui no Brasil agora. As grandes empresas e os bancos querem dar um golpe no presidente Jair Messias Bolsonaro para tirar ele do poder, junto com o TSE e as urnas eletrônicas, porque ele criou o pix e deu um prejuízo de bilhões de dólares aos bancos.

Esse presidente Joe Biden é um mala. Agora tem um BO contra ele. Eu vi no maior programa de entrevista dos Estados Unidos. Biden é pedófilo.

– Mas qual é a prova de que ele é pedófilo?, indaguei.

O senhor não sabe?! Os diários secretos da filha dele contam tudo. Ele dava banho e apalpava as partes íntimas da própria filha quando ela tava ficando mocinha.

Graças a Deus, a viagem terminou em sete minutos.

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Se é news, não pode ser fake

Essa lição aprendi com o professor Marcio Carneiro dos Santos, do Departamento de Comunicação Social da UFMA, e passo adiante.

Rigorosamente, a expressão “fake news” não é adequada e pouco usual entre pesquisadores e professores de Jornalismo.

A explicação é simples. A junção das palavras fake = falso e news = notícia em uma expressão caracteriza um oxímoro, figura de linguagem que combina termos de sentido oposto e se excluem mutuamente.

A produção de uma notícia = news implica em uma série de procedimentos de apuração, checagem das informações, ordenamento lógico, coerência e coesão textuais onde não cabe o falseamento ou a distorção do relato com a intenção de induzir a audiência a erro.

Se a notícia é uma forma de conhecimento da realidade e tem o objetivo de aproximar o público do relato sobre o fato, não faz sentido associar o conceito de notícia = news a fake = falso.

Os dois termos “fake” e “news” se excluem, são incompatíveis, as suas definições são distintas e representam sentidos opostos.

Os professores e pesquisadores de Jornalismo preferem usar a expressão “desinformação” em vez de “fake news”.

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Fabrício Carpinejar: uma crônica sobre amizade

Fonte: Fabrício Carpinejar
http://carpinejar.blogspot.com/2019/03/feliz-dia-do-amigo.html

Os amigos não precisam estar ao lado para justificar a lealdade. Mandar relatórios do que estão fazendo para mostrar preocupação.

Os amigos são para toda a vida, ainda que não estejam conosco a vida inteira.

Temos o costume de confundir amizade com onipresença e exigimos que as pessoas estejam sempre por perto, de plantão.

Amizade não é dependência, submissão. Não se têm amigos para concordar na íntegra, mas para revisar os rascunhos e duvidar da letra.

É independência, é respeito, é pedir uma opinião que não seja igual, uma experiência diferente.

Se o amigo desaparece por semanas, imediatamente se conclui que ele ficou chateado por alguma coisa. Diante de ausências mais longas e severas, cobramos telefonemas e visitas. E já se está falando mal dele por falta de notícias. Logo dele que nunca fez nada de errado!

O que é mais importante: a proximidade física ou afetiva? A proximidade física nem sempre é afetiva.

Amigo pode ser um álibi ou cúmplice ou um bajulador ou um oportunista, ambicionando interesses que não o da simples troca e convívio.

Amigo mesmo demora a ser descoberto.

É a permanência de seus conselhos e apoio que dirão de sua perenidade.

Amigo mesmo modifica a nossa história, chega a nos combater pela verdade e discernimento, supera condicionamentos e conluios.

São capazes de brigar com a gente pelo nosso bem-estar.

Assim como há os amigos imaginários da infância, há os amigos invisíveis na maturidade.

Aqueles que não estão perto podem estar dentro.

Tenho amigos que nunca mais vi, que nunca mais recebi novidades e os valorizo com o frescor de um encontro recente.

Não vou mentir a eles “vamos nos ligar?” num esbarrão de rua.

Muito menos dar desculpas esfarrapadas ao distanciamento.

Eles me ajudaram e não necessitam atualizar o cadastro para que sejam lembrados. Ou passar em casa todo o final de semana e me convidar para ser padrinho de casamento, dos filhos, dos netos, dos bisnetos.

Caso encontrá-los, haverá a empatia da primeira vez, a empatia da última vez, a empatia incessante de identificação.

Amigos me salvaram da fossa, amigos me salvaram das drogas, amigos me salvaram da inveja, amigos me salvaram da precipitação, amigos me salvaram das brigas, amigos me salvaram de mim.

Os amigos são próprios de fases: da rua, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da faculdade, do futebol, da poesia, do emprego, da dança, dos cursos de inglês, da capoeira, da academia, do blog. Significativos em cada etapa de formação.

Não estão em nossa frente diariamente, mas estão em nossa personalidade, determinando, de modo imperceptível, as nossas atitudes.

Quantas juras foram feitas em bares a amigos, bêbados e trôpegos?

Amigo é o que fica depois da ressaca. É glicose no sangue. A serenidade.

Crônica publicada em 20/7/2018

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Livro registra a constituição da Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão

O livro “Nas Águas da Resistência, Recontamos Nossas Histórias” traz memórias que marcam os 10 anos de caminhada da Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão. A obra contém textos elaborados por tecedores e tecedoras dos territórios que compõem a Teia no Maranhão, bem como de aliados e aliadas que estiveram juntos na construção, trazendo memórias e experiências de momentos distintos.

A articulação da Teia reúne povos originários, quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, sertanejos, camponeses, pescadores artesanais, o Moquibom (Movimento Quilombola do Maranhão), o MIQCB (Movimento interestadual de quebradeiras de coco babaçu), o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a CPT (Comissão Pastoral da Terra), o NERA (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Questões Agrárias – UFMA), o CPP (Conselho Pastoral de Pesca).

A articulação nasceu diante da necessidade de enfrentar a opressão das expulsões da terra, das exigências de pagamento de foro, as humilhações de toda a ordem dos senhores e jagunços, a inércia proposital do Estado em garantir segurança territorial e de vida aos povos do campo. A possibilidade de uma atuação conjunta se fortaleceu com o sentimento da importância da construção de espaços autônomos e seguros de afirmação de modos de vida (alicerçados nos conhecimentos legados pelos povos ancestrais sobre a terra, os seres, a partilha) e da necessidade de potencializar ações políticas para este fim.

O livro será doado para os povos e comunidades e vendido para outras pessoas no valor de R$ 15 no local do lançamento. Após o lançamento, ficará disponível na sede do Cimi Regional Maranhão.

O que: Lançamento do livro “Nas Águas da Resistência, Recontamos Nossas Histórias”

Quem: Cimi e Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão

Quando: 20 de julho 2022, às15h30.                                                                               

Onde: Auditório Mário Meireles, na Universidade Federal do Maranhão.

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Comunicação e poder: seminário debate cenários da mídia

Fonte: Agência Tambor

É o segundo seminário. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.

(Veja abaixo como se inscrever)

No momento em que a extrema direita estabeleceu no Brasil uma “Comunicação Bomba Suja” – propagando violência e mentiras, renegando o jornalismo, movida por muito dinheiro – será realizado, na cidade de São Luís, nos dias 27 e 28 de julho, o II Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão.

O evento remete ao debate sobre democratização da comunicação no Brasil, país marcado por um cartel midiático, o mesmo que fala em “imparcialidade”, mas é evidentemente alinhado à direita, com um jornalismo patrocinado pelo grande capital, bancos, agronegócio, mineradoras, oligarquias.

O Seminário é um espaço com diferentes forças de um campo político mais à esquerda, havendo entre elas uma pluralidade política. Além disso, existe uma identificação com um jornalismo que aponta para o interesse público, a justiça social, os direitos humanos, a preservação ambiental, onde notícia não é mercadoria.

A referência do evento é uma comunicação popular, alternativa, comunitária, sindical, alinhada com a classe trabalhadora, com as nações originárias (indígenas), quilombolas, povos e comunidades tradicionais.

Esse evento ocorrerá de forma presencial, no auditório do Sindicato dos Bancários do Maranhão, na Rua do Sol, no Centro da capital maranhense.

A organização é da Agência Tambor (MA), do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC-RJ) e da Associação Brasileira de Rádio Comunitárias do Maranhão (Abraço-MA), com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.

As inscrições estão abertas e podem ser realizadas de modo online, no site do NPC.

(Faça aqui sua inscrição )

https://forms.gle/xC4hVwqbKaBbDLTA9

O Núcleo Piratininga de Comunicação é uma instituição criada no Rio de Janeiro, em 1994, pelos jornalistas Vito Giannotti (já falecido) e Cláudia Santiago. Atua na área de formação, sendo uma referência no Brasil. Cláudia Santiago estará em São Luís, falando no II Seminário de Comunicação no Maranhão.

Claudia Santiago do Núcleo Piratininga de Comunicação do Rio de Janeiro

Ao todo serão 19 palestrantes, entre jornalistas, educadoras e educadores, indígena, quilombola, fotógrafa, cientista político, sindicalistas do campo e da cidade, advogado, militantes da comunicação popular, lideranças sociais.

Serão seis mesas, que tratarão de temas como comunicação contra-hegemônica, webjornalismo, luta popular, desafios da comunicação na Amazônia, além de diferentes aspectos da comunicação sindical, incluindo formação, ações na internet e a organização da classe.

(Confira a programação e conheça os palestrantes)

https://nucleopiratininga.wixsite.com/seminarionpcmaranhao

A primeira edição deste seminário ocorreu em 2017, resultando na criação da Agência Tambor, fruto de uma articulação entre Jornal Vias de Fato, Associação Brasileira de Rádios Comunitárias do Maranhão (Abraço-MA) e o Sindicato dos Bancários do Maranhão.

A expectativa é que se estabeleça uma articulação permanente, após este II Seminário, apontando para uma terceira edição, a ser realizada em 2023. A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares poderá abrigar a futura edição do Seminário, que já ocorreu na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e agora será no Sindicato dos Bancários.

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Os valores espúrios da extrema direita

Cada dia é mais comum ver carros adesivados com tons nacionalistas ocupando as vagas de idosos, deficientes e grávidas nos estacionamentos.

As desobediências às regras básicas do trânsito são bem mais visíveis.

Agressões verbais ganham evidência em quantidade e “qualidade”.

Jogar lixo em qualquer lugar, mentir, xingar, furar a fila, manifestar misoginia e homofobia, cometer racismo, atropelar as prioridades do idoso etc tudo isso ocorre com mais força no cotidiano.

Além desses atos corriqueiros, as grandes ações de corrupção na estrutura do Estado ganham velocidade e visibilidade impressionantes.

“Roubar” o dinheiro da educação, da saúde, das obras e dos programas sociais não causa mais os constrangimentos de antes.

O ato de “roubar”, ser flagrado, processado, condenado e preso, que outrora era considerado demérito, assume nova configuração na contemporaneidade.

Ser “ladrão” do dinheiro público ou cometer outras formas de corrupção ganha ares de meritocracia, habilidade, inteligência e competência.

A impunidade soma uma aliada – a glória de ser corrupto, se dar bem a qualquer custo, atropelar as regras da civilização e ser “vitorioso”.

Usar o nome de Deus em vão é outra característica desses tempos de farisaísmo e do negócio da fé, sob as ordens de pastores ladrões e hipócritas.

Mentir e espalhar desinformação torna-se um tipo de defesa diante das instituições civilizatórias.

Se um corrupto é flagrado e noticiado pelo delito, é mais conveniente dizer que os meios de comunicação estão mentindo sobre ele. Tal “regra” vira uma espécie de mantra para diversos tipos de situações.

Essa avalanche comportamental não é um conjunto de fatos isolados, é um movimento “cultural” da extrema direita, representativo da degeneração dos valores civilizatórios e republicanos.

Por isso a direita bruta faz um sistemático ataque às instituições, à Ciência e ao Jornalismo.

Para esse tipo comportamental não basta ganhar eleições e governar. O exercício do poder nos pequenos atos do cotidiano e nas grandes ações é uma prática de negação dos princípios legais, de aniquilamento da legitimidade e da implosão dos mínimos padrões éticos.

A humanidade, principalmente no Brasil, dá um revés de 300 anos.

Vivemos, no chão da rua e nos gabinetes do poder, um tipo novo de barbárie.

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Literalmente esquecidos

Eloy Melonio *

Ele entra na livraria como se fosse uma celebridade. Cordialmente, um vendedor o saúda logo na entrada. “Vou só olhar”, vai logo avisando. Prefere ficar só, demorar-se até achar o que está procurando. Em outras circunstâncias, até aceita ajuda. Mas, sempre resoluto, só vai embora com o produto do seu desejo.

Em casa, mergulha numa solidão de lascar. É que sua companhia não ri, não conta uma piada, não toma um drink. Parece preferir o silêncio do cinema mudo.

É triste constatar, mas nossa personagem é um pobre “esquecido”. Vive largado por aí à caça de bons “títulos” que possam lhe entreter e, se possível, fazê-lo “viver uma aventura”.

Infelizmente, não é um “imortal”. Não tem biografia nem ocupa assento numa academia. Não ganha prêmios, não participa de concursos. Não escreve prefácios, resenhas.

Num dia de sorte, conheceu seu alter ego na tevê: Giulia Prescinato, 13 anos, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo (julho-2022). No imenso espaço do Expo Center Norte, “ela” (com o pai e a irmã mais nova) puxava sua mochila de rodinhas, ― a mesma que leva todo dia para a escola ― olhando atentamente para todos os lados.

“Haja devoção!”, suspirou irônico o nosso amigo.

Percebe-se que ele e Giulia são dotados da mesma índole. A diferença é que ― por um instante ― ela viveu seu minuto de celebridade. E explodiu de alegria: “(…) eu quero passar o dia inteiro aqui, encher minha malinha de livros e voltar pra casa e ler bastante”. Como prêmio, a leitora-mirim ganhou os aplausos de seus pares ligados no Jornal Hoje daquele memorável sábado, 2 de julho.

“Uma cena surreal!”,identificou-se ainda mais com a menina.

Mas uma dúvida lhe esfriou o ânimo: “Será que ― para homenageá-la ― sua escola vai realizar um grande e festivo sarau? A Academia de Letras de seu estado vai pôr seu retrato no salão nobre de suas dependências? A data se deu nascimento será emprestada para a criação do “Dia do Leitor”?

Para sua decepção, essa data ― 7 de janeiro ― já existe desde 1928. E foi instituída nãopara homenagear o “leitor”, mas um órgão da imprensa: o jornal cearense “O Povo”, cujo fundador, além de jornalista, era poeta.

Enquanto isso, Giulia exibia o recém-comprado exemplar de sua devoção. E esbanjou emoção, dizendo que não iria embora sem o autógrafo de sua autora predileta. Referia-se a Paula Pimenta, mineira de 47 anos, cujo sucesso chegou para valer em 2008. Tudo por causa da divulgação boca a boca feita por uma legião de fãs,que transformou em best-seller o romance adolescente “Fazendo meu Filme”. Encarando uma fila quilométrica, Giulia ansiava por seu momento de glória.

Do outro lado da rua, “literatos”sonolentos parecem indiferentes a essa massa de gente. E ―seguindo a visão de outra visitante ― também se apegam a um cansado clichê: “Só a leitura pode nos fazer mais iguais, mais inclusivos, mais democráticos”. Arrisco-me a imaginar que alguns desses “figurões” participam desse tipo de evento porque por lá sempre aparece um bando de “esquecidos”. Contumazes ou ocasionais, eles jamais se esquecem de consumir arte.

Em nossa “feira de cada dia”, não vejo nenhuma iniciativa para atrair esses “coitados” para a nossa banca. Em geral, estamos olhando para nossos próprios umbigos ou em busca de títulos honoríficos. Somos feras nos elogios, e nossos “likes”, incansáveis nas redes sociais. E haja “coraçõezinhos” para revelar tanta admiração!

De certa maneira, tal atitude justifica a alfinetada da atriz americana Viola Davis (um Oscar, um Emmy e dois Tonys) quando diz, em seu recém-lançado “Em Busca de Mim” (Best Seller), que “a maioria dos atores não quer ser artista, quer ser famosa”.

Mas… e o leitor?

Desconfio que certa idolatria paire sobre as diversas formas de leitura. Algo mágico, como “o folhear de um livro de poemas”, sentimento único que o vento não consegue levar, como ensina Quintana. É óbvio que uma obra tem sua importância e seu encanto se nela estão guardadas palavras que falam ao coração.

Só nessa Bienal, 3,5 milhões de livros estavam à disposição dos 600 mil visitantes esperados. Alinhado ao marketing dos editores e organizadores, o “tema”exalava otom nada aromáticode uma cega paixão: “Todo mundo sai melhor do que entrou”.

Opiniões sobre o valor da leitura como um exercício mental são inquestionáveis.  Quanto ao conteúdo do que se lê, há muitos caminhos. Nesse caminhar, leitor e autor aproveitam para se conhecerem e se distraírem. Se um livro vale ou não a pena, só o leitor sabe justificar a sua decisão. E aqui―assumindo a aura de leitor ― aproveito para parafrasear Lya Luft (1938-2021): “A leitura é o território de minha liberdade”.

Neste jardim, nem todos os livros são flores. Aqui também florescem ervas daninhas. Se levássemos em conta os “de alma pequena”, produzidos em uma década, o Expo Center Norte seria uma caixa de sapatos.

Nunca é tarde para se ganhar e se manter leitores. E isso se faz com textos“bem imaginados e bem construídos, fortes e significativos”que encantem e surpreendam. E que convertam leitores em promotores, como os de Paula Pimenta. E assim possam imitar Monteiro Lobato: “Lê o livro, Rangel, e morre. Lê o Lírio, e suicida-te, Rangel. Se não tens aí, posso mandar-te o meu ― e junto o revólver”. Se pudesse sugerir, trocaria o revólver por uma garrafa de vinho, igualmente fatal nessas situações.

Nesta nova ordem digital, nossos olhos facilmente se distraem com cenários mais coloridos. Por isso precisamos seduzir esses esquecidos com uma artetão viva como uma onda que “reflete na areia a nova lua cheia” (Alice Ruiz). Só assim poderemos trazer as filas das feiras para dentro das livrarias. Não sem antes aprendermos a lição de Machado de Assis: “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa”.

E, enfim, que jamais deixemos esses caros e raros leitores se perderem no “vale da sombra da morte”.

Eloy Melonio é professor, contista, ensaísta, cronista, compositor e poeta.

Imagem destacada / Chuva de livros / Fonte: dreamstime

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A PEC do estelionato eleitoral e as consequências para 2023

Mais conhecida como PEC Kamikaze, alusiva ao que seria um suicídio econômico, o pacote eleitoreiro do governo Jair Bolsonaro é uma espécie de veneno que mata lentamente.

Desesperado para alavancar a sua candidatura, o bolsonarismo comete uma irresponsabilidade fiscal sem tamanho, rompendo as regras básicas da economia.

No afã de injetar recursos na forma de auxílios junto às camadas mais pobres, o governo arromba os cofres públicos e vai deixar uma verdadeira bomba a partir de 2023.

Desemprego, inflação, aumento da fome e da miséria serão o saldo negativo dos quatro anos de um presidente que veio “para destruir tudo isso que está aí.”

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A urna eletrônica é segura!

A votação na urna eletrônica é sucesso no Brasil desde 1996.

Jair Bolsonaro disputou e venceu várias eleições com urna eletrônica.

Todos os seus filhos, políticos profissionais, também foram eleitos na urna eletrônica.

Eles nunca duvidaram da eficácia do sistema. Somente agora acharam defeito, em ato desesperado para tumultuar o processo eleitoral.