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Desenrola: governo Lula promove mutirão para renegociações de dívidas

Ação tem parceria com bancos e outros credores do programa. Acordos incluem renegociações de dívidas de até R$ 20 mil. Desde julho, mais de R$ 22 bilhões foram renegociados no país

Site do PT –

Programa Desenrola Brasil do governo Lula lança nesta segunda-feira (20) uma mobilização nacional para o povo brasileiro aproveitar a oportunidade de iniciar o ano de 2024 com nome desnegativado e com crédito na praça.

A partir de agora, o Programa oferece condições de pagamento à vista, com descontos, ou de parcelamento para dívidas com valor atualizado de até R$ 20 mil. As operações podem ser divididas em até 60 meses, com juros de até 1,99% ao mês.

Nesta quarta-feira (22), o Ministério da Fazenda vai promover o “Dia D – Mutirão Desenrola”, uma ação em conjunto com organizações da sociedade civil, bancos e outros credores para fomentar as renegociações de débitos no país.

No “Dia D”, os bancos vão aumentar os horários de atendimento de parte de suas agências. A mobilização inclui parcerias com bancos privados e públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, e demais entidades credoras participantes do programa.

Confira como aderir ao Desenrola Brasil e tire as principais dúvidas

Dívidas de até R$ 20 mil

Na etapa atual do Programa Desenrola Brasil, podem ser renegociadas as dívidas que tenham sido negativadas entre 2019 e 2022, e cujo valor atualizado seja inferior a R$ 20 mil.

De acordo com o Ministério da Fazenda, também estão incluídas dívidas bancárias, como cartão de crédito, e as contas atrasadas de outros setores, como energia, água e comércio varejista.

Leia mais: Aprovado por 70% do povo, Desenrola já limpou nome de 6 milhões de brasileiros

Mais de R$ 22 bilhões renegociados

Desde o lançamento do Desenrola Brasil, em 17 de julho de 2023, pelos menos 3,09 milhões de contratos de dívidas foram renegociados. Conforme a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o Programa beneficiou até agora 2,44 milhões de brasileiros e brasileiras.

A Febraban informa ainda que aproximadamente 6 milhões de pessoas que tinham dívidas bancárias de até R$ 100 tiveram o nome desnegativado.

Descontos médios de 83%

Com o governo Lula, o Desenrola oferece condições únicas para renegociação e os descontos nas dívidas são de 83%, mas podem atingir até 99%.

O Programa ainda permite a renegociação de dívidas sem entrada imediata, assim como a utilização da primeira parcela do 13º salário para solucionar pendências e começar a pagar os débitos a partir de dois meses, ou seja, só em 2024.

Leia mais: Desenrola: leilão de dívidas alcança R$ 126 bi em descontos

Iniciativa inédita

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressalta o ineditismo do programa para ajudar o povo brasileiro a renegociar suas dívidas, voltar a ter linha de crédito, a consumir e, com isso, impulsionar a economia brasileira.

“O Desenrola é uma iniciativa inédita do governo federal, não tem precedente na história do Brasil um programa tão complexo que envolve dívidas privadas, ou seja, não são dívidas com o governo, são dívidas entre consumidores e fornecedores, entre bancos e clientes”, explicou o ministro.

“E nós começamos com muito êxito, então é uma oportunidade que vale a pena para tirar o nome dos birôs de crédito, e você poder voltar ao consumo, voltar ao crediário.”

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Galeria Celso Antônio de Menezes abre agenda 2024 para exposições

A Galeria Celso Antônio de Menezes, localizada no Fórum Desembargador Sarney Costa (Calhau), está com a agenda de 2024 aberta para exposições. O espaço tem o objetivo de promoverações culturais que contemplam as artes em geral (teatro, música, artes plásticas, fotografia). Para expor no local, é necessário agendamento que deve ser feito por meio do e-mail (asscom_forumslz@tjma.jus.br).

Neste ano, a Galeria de Arte do Fórum de São Luís recebeu exposições artísticas de variadas temáticas. No mês de março, a Galeria recebeu a exposição “Maria Firmina dos Reis: 200 anos inspirando humanidades”, que transportou o espectador para o contexto em que Firmina viveu, uma sociedade marcada pela escravidão e pelo patriarcalismo.

Em abril, o servidor da Escola Superior da Magistratura do Maranhão (ESMAM), Alberto Trabulsi, mostrou 35 peças, entre imagens e símbolos da fé católica na exposição “O Amor é Santo”.

O espaço está aberto ao público para visitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Fonte: Núcleo de Comunicação do Fórum de São Luís

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Filha da palmeira de babaçu! Rosa é homenageada no 3º Seminário de Comunicação e Poder

Agência Tambor – Rosa Gregória gosta de ser chamada de quebradeira de coco. Ela tem uma trajetória de luta e resistência no Maranhão, sendo uma das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, o MIQCB.

Ela foi homenageada no 3° Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão, dia 11/11, promovido pela Agência Tambor, em parceria com a Associação Brasileira de Rádios Comunitárias no Maranhão (Abraço) e apoio institucional do Núcleo de Piratininga de Comunicação do Rio de Janeiro.

A quebradeira de coco nasceu no Quilombo de Mucambo, no município de Viana. Foi uma das mulheres pioneiras no movimento sindical rural do estado, historicamente marcado pelo machismo. Ela ressaltou que “queria ter o poder de fala e não apenas ser dependente no sindicato”. 

A homenageada tornou-se quebradeira de coco aos sete anos. Ficou órfã de mãe aos onze. E afirma que, a partir daquela perda, “a minha mãe passou a ser a palmeira”. 

Na 1° edição do Seminário do Seminário de Comunicação e Poder no Maranhão, realizado em 2017, Rosa foi uma das palestrantes. Este evento determinou o nascimento da Agência Tambor. 

Rosa e Jornal Vias de Fato 

“Eu nunca havia recebido uma homenagem, então, foi muito bom”, disse ela.  “Na medida que recebemos uma homenagem de um veículo tão importante como a Agência Tambor, que essa área de comunicação que compreende nosso trabalho como algo importante, fortalece nossa luta”, ressaltou Rosa.

A quebradeira de coco recebeu uma placa das mãos de representantes das duas entidades organizadoras do 3º Seminário (Abraço e Tambor) e também do NPC.  

A placa traz uma capa do Jornal Vias de Fato, que circulou por dez anos (entre 2009 e 2018) e é uma das organizações que está na origem da Agência Tambor.

O evento tratou da comunicação, discutindo sua relação com a democracia e o fortalecimento das alianças no campo popular, na luta contra a violência enorme violência praticada cotidianamente pela elite econômica.   

A quebradeira de coco Rosa Gregória representa esta luta por democracia, por dignidade, pelo bem viver dos povos e comunidades tradicionais. 

Rosa representa, sobretudo, o Maranhão e o Brasil, que para nós é prioritário, enquanto uma mulher quilombola, preta, trabalhadora rural, que nasceu e vive em nossa Baixada.

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Regulação das plataformas em debate

Nesta sexta, 17/11, das 8h15 até às 9h45, Guillermo Mastrini participa de debate sobre Economia Política da Comunicação, Políticas da Comunicação e Regulação de Plataformas.

O evento, aberto à participação por ordem de chegada, é organizado pelo Laboratório de Políticas de Comunicação e acontece no Auditório Pompeu de Sousa, subsolo da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília. Localizador disponível em: https://l1nk.dev/8stwF 

Pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica (CONICET) da Argentina, Guillermo Mastrini é docente da Universidade Nacional de Quilmes e da Universidade de Buenos Aires e, atualmente, atua como professor visitante da Universidade Federal do Espírito Santo.

O debate será transmitido via: https://www.youtube.com/@canalfac953

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Manifestação denuncia grilagem e exige regularização de terras em Junco do Maranhão

Por André Moreno / Imagens: Divulgação

Camponeses e camponesas ocuparam na manhã e tarde de quinta-feira (16) um trecho da BR 316, nas proximidades da rodovia MA-206, exigindo a regularização de suas terras na Gleba Campina, localizada no povoado Vilela, no município de Junco do Maranhão, invadidas por grileiros protegidos por pistoleiros fortemente armados.

Tendo em vista o acirramento de dois conflitos agrários que nunca se resolvem, os camponeses, organizados a partir da União das Comunidades em Luta (UCL), decidiram ocupar a BR 316 em forma de protesto.

Durante o bloqueio, manifestantes apresentaram reivindicações e conquistaram audiência com órgãos públicos

Segundo os manifestantes, a Família Finger e os herdeiros e compradores da Fazenda Nazaré são os responsáveis pela grilagem.

A pauta de reivindicações da UCL é direcionada ao Poder Judiciário e Secretaria de Segurança Pública, ao Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e à Prefeitura de Junco do Maranhão.

Durante a manifestação, portando faixas e cartazes, os camponeses fizeram pronunciamentos denunciando a grilagem das terras e o sistema de opressão no território, cobrando imediatas providências dos órgãos públicos.

Veja abaixo todos os itens da pauta de reivindicações:

Poder Judiciário e Secretaria de Segurança Pública:

1) Ação policial imediata para apreender as armas e prender os pistoleiros da Família Finger que estão entocados na ‘Fazenda St Érica’;

2) Decisão da justiça no processo da Gleba Campina pela manutenção da posse dos camponeses do Povoado Vilela das terras que lhes pertencem;

Incra

1) Cancelamento imediato dos georreferenciamentos do Sigef (Sistema de Gestão Fundiária) das Fazenda St Érica I, II, III, IV e V, que sobrepõe proprietários por usucapião, regularização do Iterma e sete comunidades camponesas, chega de ser conivente com grileiros!

2) Cancelamento imediato dos georreferenciamentos do Sigef da Fazenda Fortaleza Nazaré/Fortaleza e da inexistente Fazenda Iraí, as quais sobrepõem a propriedade da comunidade Novo Paraíso;

Prefeitura de Junco

1) Conserto imediato da estrada da Campina;

2) Exoneração do “Assessor Jurídico” Fabrício Castro Nunes da Prefeitura de Junco.

A ocupação, após ter sido mantida por dois turnos, obteve a resposta que os camponeses buscavam. Segundo nota oficial do movimento UCL: “Manifestação vitoriosa! Companheiros e companheiras, a nossa manifestação foi vitoriosa! Após o dia inteiro de manifestação e interdição da BR-316, conseguimos marcar uma reunião com a presença de todos os órgãos reclamados. A reunião acontecerá na segunda-feira e contará com a presença do Incra, Iterma (Instituto de Colonização e Terras do Maranhão), Secretaria de Segurança Pública, Comissão Fundiária do Judiciário, Corregedoria Geral da Justiça, juiz do processo da gleba Campina contra o finado gaúcho, Promotoria de Conflitos Agrários e Defensoria Pública do Estado.”

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Congresso C-Move terá debates sobre ampliação da mobilidade elétrica no Maranhão

O Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos (C-Move), principal evento do setor na América Latina e que terá edição em São Luís, nos dias 27 e 28 de novembro, promoverá vasta programação com o objetivo de ampliar o debate sobre a mobilidade elétrica em diversos setores no país e no Maranhão, incluindo o portuário e o de transporte público.

O evento, que ocorrerá no Centro Pedagógico Paulo Freire (Campus da UFMA, Bacanga),das 10h às 17h, reunirá especialistas, entusiastas e profissionais da indústria em um ambiente de debates, troca de informações e aprendizado. Para isso, a programação destaca exposições, plenárias e painéis. 

A abertura será às 10h do dia 27 de novembro, com a realização da primeira plenária, sobre o tema “Conselhos de consumidores e a nova classe de consumo de energia para VE”. No período da tarde, serão realizados três painéis abordando os temas “Programas de incentivos portuários”, “Case: Locomotivas Elétricas” e “O peso da micromobilidade na geração de novos empregos e desenvolvimento das cidades”.

A programação do dia 28 de novembro será aberta às 10h, com plenária sobre “Eletromobilidade e o hidrogênio de baixo carbono”. Em seguida, acontecerá o painel “Veículos pesados – transporte de passageiros”. 

À tarde, às 14h, terá início o quinto painel, que debaterá “O impacto dos veículos elétricos na logística do Estado”. Na sequência, será realizada plenária sobre “Infraestrutura de recarga e o impacto dela no desenvolvimento do setor na região”.  

*SERVIÇO*

O quê: Congresso da Mobilidade e Veículos Elétricos (C-MOVE), principal evento do setor na América Latina

Quando: 27 e 28 de novembro, das 10h às 17h

Onde: No Centro Pedagógico Paulo Freire (Campus da UFMA – Bacanga, em São Luís)

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Ser intelectual: um breve diálogo com Milton Santos

Luiz Eduardo Neves dos Santos

Geógrafo e Professor da Universidade Federal do Maranhão – UFMA

Nestes últimos dias, me deparei com um texto do saudoso geógrafo Milton Santos, intitulado O intelectual anônimo, publicado no Jornal Correio Braziliense, poucas semanas antes de seu falecimento, em junho de 2001. Um artigo em seu melhor estilo: crítico, ácido e que, mesmo depois de mais de duas décadas, ainda nos faz refletir bastante, porque, indubitavelmente, permanece atual. Tal artigo é uma espécie de complementação de um outro de sua autoria, publicado na Folha de São Paulo dois anos antes, nomeado A vontade de abrangência*. Este escrito tem o intuito de dialogar com as ideias expostas pelo professor Milton nos textos supracitados a fim de trazê-los para o contexto atual, em que a atividade intelectual é arrastada pela enxurrada da instrumentalização dos saberes e sua consequente submissão às lógicas do mercado.

Segundo Milton Santos, a(o) autêntica(o) intelectual tem a função de buscar, dizer, escrever e sustentar publicamente a verdade. Não é meu objetivo aqui reunir uma gama de significados e noções do que é a verdade, a polissemia conceitual é extensa, desde Descartes e Kant, passando por Nietzsche e Foucault, só para citar pensadores ligados ao que se convencionou chamar de modernidade. Mas, voltando a Milton, se pode inferir que ele, quando fala em verdade, se baseia naquilo que não se fala ou pouco se fala, já que há uma força maior, representada por uma ordem política, econômica e ideológica vigente, que contribui para sustentar um pensamento único, legitimado pelos discursos e pelas ações hegemônicas, as quais atropelam a produção do pensamento livre e autônomo. Por isso, a(o) intelectual precisa ser forte o bastante para o enfrentamento nas batalhas das ideais.

O professor Milton Santos já denunciava em seus textos que a vida universitária docente estava cada vez mais representada pela busca de poder sem relação obrigatória com a procura pelo saber. O trabalho dito “intelectual” fora engolido pela técnica e pelo mercado, com a produção do conhecimento bastante voltada à instrumentalização científica de relatórios e projetos a serviço dos interesses de governos e de grandes empresas. Por isso que nas universidades brasileiras as(os) intelectuais são escassas(os), ao contrário de professores(as) burocratas, que reificados em suas relações sociais, buscam o prestígio, os títulos acadêmicos, os cargos na administração, a turbinagem doscurrículos, os prêmios, as homenagens, e a apropriação de recursos financeiros.

Vejamos um exemplo mais próximo de nós, o da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), hoje comandada por um grupo bem delimitado de docentes que a transformou em verdadeiro balcão de negócios. Fazem lobby atrás de projetos e consultorias e são bem pagos para isso. São umbilicalmente ligados aos ditames dos poderes econômicos estatais e privados. E o que chama atenção é a disputa pelas bolsas, distribuídas entre a cúpula do grupo e seus fiéis apoiadores, eventualmente também utilizadas como poder de barganha para angariar novos apoios políticos a fim de se perpetuarem no poder.

A justificativa para tais projetos na UFMA é velha conhecida: promover o desenvolvimento do Maranhão e melhorar a qualidade de vida de sua população. Repetindo Milton Santos, espertamente, tais “autoridades do ensino superior estão cada vez mais comprometidas com os meios e mais descompromissadas com as finalidades” de suas funções sociais, seus discursos falseiam a realidade, por isso são vazios. Tal grupo é apologista do desenvolvimentismo, uma noção importada, que faz parte de um grande projeto da classe capitalista, uma racionalidade que organiza e estrutura ações do poder político, econômico e acadêmico, bem como a conduta dos seus explorados.

É neste contexto desenvolvimentista e lucrativo, que os professores integrantes deste grupo na UFMA defendem a exploração de petróleo e gás natural no Maranhão (leia-se royalties), a escalada predatória-econômica do agronegócio, a dinamização portuária (São Luís e Alcântara) e suas Zonas de Processamento de Exportação (ZPE’s) e, consequentemente, todos os danos socioespaciais e ambientais que provocam ou podem causar. Seus defensores têm denominado o Maranhão de “a nova rota da seda”, porque grande parte dos investimentos são chineses. Destarte, tais docentes se prestam a fornecer seu knowhow, aquele do discurso competente, técnico e científico, para dar legitimidade a um modelo de desenvolvimento alheio e estranho aos reais interesses da população maranhense, empobrecida num território onde empresas gigantes do ramo da mineração, por exemplo, não param de lucrar.

Nas Ciências Humanas, tanto no Brasil como no mundo, o saber técnico e prático se torna regra, programas de pós-graduação e seus docentes estimulam os alunos a não darem importância a teoria em nome de uma espécie de performance empírica, amiúde, em linguagem matematizada de números, gráficos, tabelas e dados espaciais, tantas vezes carente de reflexão e despreocupada com o saber filosófico. Milton Santos falava que a universidade começava a se tornar ausente dos grandes debates nacionais porque assumia uma postura conformista diante dos rumos atuais da vida pública, algo aliás, que se agravou nos últimos anos porque muitos professores (que deveriam ser intelectuais) têm assumido posturas medíocres, antiéticas, arrogantes, burocráticas e submissas ao poder governamental partidarizado e às corporações que juram se preocupar com o social e o ambiental.

Compreendo que o debate sobre o papel da(o) intelectual levantado pelo professor Milton Santos ainda repercute na realidade atual, a ideia de “vontade de abrangência” se baseia em uma filosofia banal, solidamente fincada na reflexão, na crítica e nos fatos, que devem ser acessíveis a um público maior em linguagem inteligível e simples, porém fundamentados.

Vou mais longe, a(o) intelectual – não necessariamente a(o)da academia – deve, além de estudar muito, ocupar a esfera pública para além dos muros institucionais, nos referimos a presença nos debates e na troca de ideias com pessoas invisibilizadas e oprimidas, onde o chão de terra é mais importante que as salas e auditórios refrigerados. Uma troca em que a escuta deva ser bastante exercitada, pois a(o) intelectual pública(o) tem de estar aberta(o) ao aprendizado de novos saberes, como os decoloniais e os contracoloniais, como diz Nego Bispo, ou mesmo a partir da ideia do pensar nagô como propõe Muniz Sodré, pois a dimensão concreta e histórica do Lugar nos aponta resistências, novas descobertas e significados. Mas sem deixar de lado a compreensão das contradições do capitalismo e sua consequente luta de classes, de forma a exercer a função de denunciar injustiças, racismos e desigualdades.

Destarte, a(o) intelectual deve ser sujeito crítico, visceralmente inconformado com a ordem estabelecida, precisa de coragem suficiente para não se submeter às vontades dos poderes econômicos, necessita ser o(a) pensador(a) engajado(a), que assume posição política publicamente ao auxiliar na construção de novos modelos de ação e novas sociabilidades, isto é, uma epistemologia das vivências, realizada no cotidiano, nas interrelações, na cooperação e na solidariedade.

Em tempos de coaches e “intelectuais” do espetáculo, que gostam de holofotes e dos ambientes corporativos, tempos em que a imagem do marketing e as frases de efeito valem mais que acrítica sobre a consciência mistificada da realidade. Tempos em que os títulos acadêmicos e a produção quantitativa do Lattes são mais importantes que o ensino autêntico e a extensão como dimensão social. Em tempos de consenso de ideias e de produção acrítica do conhecimento, intelectuais combativos como Milton Santos, entre outros, fazem muita falta no debate público.

E,como ele nos ensinou, as armadilhas são muitas para aquelas(es) que querem se manter intelectuais íntegros e públicos, por isso devem permanecer em estado de alerta para obedecer, “ao mesmo tempo, ao imperativo da crítica da História e o da sua própria autocrítica, como seu intérprete”. Desta forma, almejar ser intelectual é emancipar-se das amarras subjetivas e concretas de um sistema voltado para a acumulação, que como uma avalanche, a todo momento, insiste em nos transformar em coisas, nos alienar e desumanizar, para nos tornar indiferentes diante das perversidades do mundo. Lutemos, intelectuais ou não, junto com os periféricos e despossuídos, não importa quantas derrotas teremos, o que vale mesmo é a tentativa persistente de produzir uma nova consciência em direção ao futuro, fazendo História no presente.

*Publicado também na obra O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania, editado pela Publifolha em 2002.

Foto: Colheitadeiras em plantação de soja / Outras Palavras

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FENAJ repudia o assassinato de jornalistas na Faixa de Gaza

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), entidade sindical que reúne os 31 sindicatos de jornalistas do Brasil, denuncia e protesta contra o assassinato de pelo menos 34 jornalistas e profissionais de comunicação palestinos até esta data, no curso do massacre conduzido pelo Estado de Israel contra a população civil palestina na Faixa de Gaza, há pouco mais de mês.

Sabemos, por experiência própria, que os ataques dirigidos a jornalistas têm sempre como motivação impedir o registro e a divulgação ampla de informações de interesse público. O bombardeio em larga escala desferido por Israel sobre uma população de mais de 2 milhões de pessoas aprisionadas em um pequeno território configura diversos crimes pelas leis internacionais, como amplamente denunciado pela comunidade global, incluindo a  Organização das Nações Unidas (ONU). Os ataques que mataram 34 jornalistas e profissionais de comunicação e deixaram centenas de feridos são parte da tentativa dos agressores de impedir que a verdade sobre os seus crimes venha plenamente a público.

O ódio das forças israelenses ao jornalismo foi também expresso em um episódio significativo em meio à atual barbárie, ocorrido em 26 de outubro de 2023, quando tanques do Exército derrubaram o memorial em homenagem à jornalista palestina-americana Shireen Abu Akleh, no campo de refugiados de Jenin, no território palestino da Cisjordânia. Ela havia sido assassinada em 11 de maio de 2022 com um tiro na cabeça. Em 24 de outubro de 2023, a ONU concluiu uma investigação atestando a responsabilidade do Exército israelense pelo assassinato a sangue-frio. A resposta militar truculenta foi a invasão do campo e a destruição do monumento.

A Fenaj lamenta todas as mortes ocorridas neste conflito, e se soma à Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), à qual é associada, e ao Sindicato dos Jornalistas Palestinos condenando os assassinatos e os contínuos ataques a jornalistas na Faixa de Gaza, e chamando uma imediata investigação a respeito de todas as mortes.

É preciso um basta urgente a todas essas atrocidades. A Fenaj se une às vozes que, internacionalmente, defendem um imediato e incondicional cessar-fogo e o fim do bloqueio à Faixa de Gaza! Podem contar com nossa federação sindical em todas as iniciativas para barrar a barbárie em curso.

Investigação e punição aos assassinos dos jornalistas palestinos!

Abaixo o genocídio! Fim do Bloqueio à Faixa de Gaza! Cessar-fogo imediato!

Brasília, 13 de novembro de 2023

Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj

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Andes realiza eventos de comunicação, cultura e arte em São Luís

Estão abertas as inscrições para  VII Encontro de Comunicação e Arte e o II Festival de Cultura do Andes-SN, que serão realizados em São Luís, nos dias 7, 8, 9 e 10 de dezembro de 2023.

Os eventos são sediados Apruma – Seção Sindical do Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior).

O formulário para inscrição está disponível no link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfjmOdoGbEISaPrKYVzx0XjjFw98X_ztHP_tCQkGRvPEMTW4A/viewform?usp=pp_url, até as 18h do dia 24 de novembro de 2023 (sexta-feira).

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Extrativistas do Bico do Papagaio inauguram entreposto para beneficiamento do babaçu

Grupo composto por aproximadamente 500 mulheres integra a Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP), em atividade desde 1992

O território do Bico do Papagaio é cenário para a prática de extrativismo sustentável realizada pelas Quebradeiras de Coco Babaçu da Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP). Da parte interna localizada entre a casca (utilizada na fabricação de carvão) e a amêndoa (matéria-prima para a extração do azeite e do óleo do fruto da palmeira) está o mesocarpo, que dá origem à farinha de coco babaçu. Nutritiva e sem glúten, a farinha vegana é o principal produto a ser beneficiado no Entreposto Viva Babaçu, no centro da cidade de São Miguel do Tocantins (TO).

A reforma do espaço construído no ano 2000 é resultado de uma iniciativa conjunta entre as Quebradeiras de Coco da ASMUBIP, Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais (CAA), DGM Brasil, Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO), PPP-Ecos, ISPN, Fundo Amazônia,, Banco Mundial, Climate Investment Funds (CIF) e CERES Projeto Cerrado Resiliente. A revitalização do espaço e a compra de maquinário contou com um investimento de mais de 250 mil reais em um período de 2 anos de execução.

“É importante destacar a importância dos financiamentos socioambientais para as Quebradeiras de Coco Babaçu e para todos os segmentos de Guardiões das florestas, das Águas da vida e dos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga. Esses financiamentos são fundamentais para a recuperação e preservação desses ecossistemas. Os investimentos são um reconhecimento e apoio a esses guardiões, incluindo as mulheres da floresta e das águas. Juntas, podemos garantir um futuro sustentável para todas e todos”, explica Maria do Socorro Teixeira Lima, Coordenadora-Geral da ASMUBIP.

Durante a inauguração do espaço haverá o lançamento da marca Viva Babaçu, com identidade visual desenvolvida pela agência de design paraense Libra. O produto, que entra como uma alternativa saudável ao amido de milho, será comercializado no mercado local em duas versões: na embalagem de 200g e outra, de 500g. Além do mesocarpo, outros produtos derivados do coco babaçu serão fabricados e porcionados na agroindústria das Quebradeiras de Coco como o azeite e o óleo.

“A criação de um entreposto representa mais do que uma simples estrutura industrial. É a materialização de oportunidades e possibilidades para as Quebradeiras de Coco. Ao terem acesso a um local regularizado junto à vigilância sanitária, elas não apenas garantem a qualidade e segurança dos produtos, mas também abrem portas para novos mercados.”, explica Selma Yuki Ishii, Diretora Executiva da Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO)

O evento também conta com atividades em prol do fortalecimento do babaçu como a visita guiada ao espaço de beneficiamento; assinatura do termo de cooperação técnica entre ASMUBIP, MIQCB e Prefeitura de São Miguel; feira de produtos e lançamento do novo site da ASMUBIP.

SERVIÇO

Inauguração Entreposto Viva Babaçu

25 de novembro
8h30 às 15h
Avenida Santos Dumont, s/nº, Vila Barreto, São Miguel do Tocantins