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Nota da Diretoria do Andes-SN sobre o processo eleitoral

O ANDES-Sindicato Nacional tem a tradição histórica e política de ser uma entidade que sempre buscou intensificar os mecanismos democráticos em suas decisões, tanto que nas duas principais instâncias deliberativas, Congresso e CONAD, o(a)s delegado(a)s são eleito(a)s em assembleias de base, com convocação divulgada nos locais de trabalho, por meio de suas seções sindicais. No 41o Congresso do ANDES-SN, por exemplo, realizado entre os dias 06 e 10 de fevereiro de 2023, na UFAC, os 435 delegado(a)s aprovaram o Regimento Eleitoral e a composição da Comissão Eleitoral Central (CEC).

A CEC é composta por: um(a) representante e respectivo(a)s suplentes da diretoria, um(a) representante e respectivo(a)s suplentes de cada chapa inscrita e posteriormente homologada e, membros indicado(a)s pela plenária do Congresso, em proporção às chapas inscritas. Assim, nesse processo eleitoral, temos cinco docentes eleito(a)s em plenária e seus(suas) suplentes também eleito(a)s.

Importa reforçar que ao término do 41o Congresso, o Regimento Eleitoral – após debates nas bases, nos grupos mistos e na plenária congressual – passa a reger todo o processo eleitoral. Não é um instrumento de chapa A, B ou C, mas de todo o sindicato. E, respeitar a vontade democrática nos parece central para manter a vitalidade do ANDES-SN, bem como o respeito e autonomia que temos entre os sindicatos, movimentos sociais e partidos. Logo, o respeito ao Regimento Eleitoral deve ser tratado a partir do que o(a)s 435 delegado(a)s aprovaram no último Congresso. Não cabe subjetivismo, nem malabarismo. Por óbvio, em cada eleição, surgem elementos omissos, cuja responsabilidade da CEC é deliberar, mas, existem parâmetros e indicações no Regimento, como é o caso da data para que todo(a)s o(a)s candidato(a)s estejam adimplentes, assim como para ser eleitore(a)s.

Vale registrar, que as datas estipuladas guardam legitimidade no Estatuto do Sindicato, que estipula prazos mínimos de sindicalização para candidato(a)s e eleitore(a)s. A inclusão do artigo 10, incisos II e do artigo 53 e seus respectivos incisos, no Estatuto, guardam respaldo na concepção sindical defendida pelo ANDES-SN ao longo de seus 42 anos, qual seja, a de não ser um instrumento à serviço da burocracia sindical, que às vésperas das eleições arregimenta sindicalizado(a)s para disputar o sindicato. Tais regras são fundamentais para evitar casuísmos e oportunismo, infelizmente presentes no campo democrático.

Enfatizar tais aspectos é a expressão da natureza democrática desse sindicato, que terá uma eleição com três chapas, Chapa 1 – ANDES pela Base – ousadia pra sonhar, coragem pra lutar!; Chapa 2 – ANDES-SN classista e de luta e Chapa 3 – Renova Andes. Nos dias 10 e 11 de maio, assim, nossa base, nos locais de trabalho, escolherá quem deve conduzir esse importante sindicato no próximo biênio. Independente da chapa, o respeito ao Regimento Eleitoral, ao resultado e à história desse sindicato é fundamental. Nosso sindicato já sofreu um duro golpe, quando então setores que não aceitavam a natureza democrática, construíram o Proifes, dividindo a categoria e contribuindo para o avanço da precarização das condições de trabalho. Expor, com inverdades, a CEC e não respeitar o Regimento Eleitoral apenas enfraquece a história desse sindicato. A deslegitimação da CEC – e o questionamento de sua composição, sem que isso tenha sido levado à base de nosso sindicato – não nos parece razoável, não é democrático e deslegitima nossa instância máxima.

Consideramos, assim, lamentável os ataques que a presidenta da CEC, e presidenta desse sindicato, Rivânia Moura, tem sofrido, numa campanha baseada na pós-verdade, que não cabe a quem reivindica a tradição da esquerda. O ANDES-SN, aliás, nos últimos 6 anos tem combatido, nas ruas e nas redes, a violência política e a tática criminosa das fake news. O uso de memes, a exemplo da associação de decisões da CEC com movimentos reacionários como Escola Sem Partido – que tanto nos orgulhamos de combater diariamente – é deplorável e despolitizante. Tais práticas não podem ser toleradas.

Dessa forma, conclamamos a todas as chapas o respeito às decisões congressuais e desejamos sair fortalecido(a)s para, nas ruas e nas redes, além de derrotar o bolsonarismo, pressionar o governo federal, e os governos estaduais e municipais para atender nossas reivindicações, assim como reforçar a luta por salário, condições de trabalho e educação pública de qualidade.

Brasília (DF), 26 de abril de 2023.

Diretoria Nacional do ANDES-SN

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A expansão da UFMA: Reflexos sobre o cenário atual e seus impactos no ensino de graduação

Em 2003, as políticas governamentais de estímulo à expansão das Instituições Federais de Educação Superior (IFES) foram implantadas com o objetivo de ampliar o acesso, garantir a permanência e a conclusão, com êxito, dos estudantes dos cursos de graduação.

A primeira fase da expansão foi marcada pelo “Programa Incluir” que estimulava a interiorização. A UFMA criou doze cursos em diversos campi. Em São Luís, foram criados os cursos de Nutrição, Teatro, Música; em Imperatriz, Enfermagem, Engenharia de Alimentos e Comunicação Social-Jornalismo; em Chapadinha, Ciências Biológicas, Agronomia e Zootecnia; em Codó, Licenciatura em Informática. Vale ressaltar que até o ano de 2006 a UFMA oferecia 43 cursos de graduação com 10.889 matrículas e Taxa de Conclusão de Curso de 64,44%.

Em 2007, a UFMA aderiu ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão da Universidade Brasileira (REUNI) assumindo o compromisso de promover a ampliação de vagas em cursos existentes, bem como a criação de novos cursos, prioritariamente no turno noturno, além da oferta de cursos nas diferentes regiões do estado. Na sua adesão, a meta principal foi a elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos para 90%. Para essa finalidade, teve como diretrizes a adoção de modelos de formação acadêmica caracterizados pela flexibilização dos percursos formativos, reorganização e atualização curricular; acreditação, apoio pedagógico, implantação de mecanismos de apoio psicopedagógico e as políticas de inclusão. Assim, a UFMA, no período de 10 anos, saltou de 49 cursos de graduação para 95, com aumento do número de vagas anuais para 3.325, sendo preenchidas somente 3.010 vagas, resultando em 315 vagas ociosas que representam um percentual de cerca de 10%. Uma década depois, em 2018, foram ofertadas 5.925 vagas e ocupadas 5.242, passando as vagas ociosas para 12% (INEP/MEC).

Estes dados demonstram que, de 2008 a 2018, houve uma escalada progressiva de vagas ociosas no contraponto do esperado pelas políticas do REUNI, momento que mereceria uma reflexão da comunidade universitária quanto à gestão do compromisso firmado junto ao governo federal, visto que os recursos foram disponibilizados, cursos e campi criados, matrículas abertas, prédios edificados, professores e técnicos contratados para garantir o acesso pleno, a permanência e conclusão. Quais foram as dificuldades encontradas para o insucesso da implantação dessa política? De 2018 até aos dias atuais, passaram-se 5 anos, e a situação dos cursos de graduação continua sem alcançar melhoria nestes indicadores. Qual estudo deveria ter sido realizado com vistas a um planejamento de ações para reversão dessas fragilidades?

Constata-se, mediante dados do último Censo publicado pelo INEP/MEC, conforme dados do Quadro 1, abaixo, que em 2021 o número de candidatos inscritos no processo seletivo SISU/UFMA foi de 112.561 e o total de vagas ofertadas de 6.237 (demanda de 18 candidatos por vaga). No entanto, ingressaram apenas 4.570,deixando ociosas 1.667 vagas, que corresponde a 26,73% de vagas ociosas no acesso. Diante desses dados, questiona-se: qual é o fator determinante do não preenchimento das vagas? Há uma linha de corte institucional excludente? Há desistência natural do candidato? Se positivo, qual foi o motivo? Qual tem sido a política institucional de ensino para evitar ou minimizar a situação de esvaziamento da UFMA em todos os cursos dos diversos campi? Como pode uma instituição Federal de Ensino não conseguir ocupar suas vagas, situada no estado que tem os piores índices educacionais?

Quadro 1: Candidatos inscritos no SISU/ Candidatos Ingressantes UFMA

Outro dado de relevância a ser considerado é o número de alunos matriculados e concluintes, por campus, turno e grau acadêmico, conforme demonstrado no Quadro 2. Comparando aos dados de entrada de 2018 com os concluintes de 2021, observamos que temos uma taxa de conclusão de 24,53%. E se tivéssemos todas as vagas ocupadas em 2018, essa taxa seria menor ainda, de 18,92%. Se recordarmos que a Taxa de Conclusão de Curso antes da expansão era de 64,44% e pactuamos aumentá-la para até 90%, percebemos que estamos sendo conduzidos para o caminho contrário.

Outros questionamentos devem ser feitos, com base na análise dos dados INEP/MEC (2021), conforme Quadro 2, que demostra a grave realidade entre número de alunos matriculados e concluintes. Então, quais são os nós críticos que precisam ser desatados? O que fizemos ou deixamos de fazer para cumprir as metas pactuadas, pois além de não alcançarmos as metas de ocupação de vagas ofertadas, também não está sendo alcançada a taxa de conclusão de curso. Todos esses dados nos alertam para a urgência de ações e programas que articulem o Ensino de Graduação com as demandas da sociedade e que promovam a indissociabilidade entre a Educação Superior com a Educação Básica.

Percebe-se o isolamento do processo formativo do ensino de graduação, com as ações que permeiam a extensão, a pesquisa e a pós-graduação. Outro problema identificado é o número reduzido de cursos e vagas ofertadas no turno noturno que pode ser um dos fatores determinantes para o crescente número de vagas ociosas desde o acesso até o final do curso. A análise das causas de evasão/retenção merece uma análise criteriosa.

Assim, observa-se que a priorização dos problemas existentes no ensino de graduação é uma demanda urgente, sem a qual nenhuma Instituição de Ensino Superior pode alcançar os indicadores acadêmicos de qualidade, reconhecimento internacional e de Responsabilidade Social.

Autores do artigo:

Luciano da Silva Façanha – Filosofia e PGCult

Marcos Antonio Custódio Neto da Silva – Coordenador do Curso de Medicina – Campus Imperatriz

Maria do Carmo Lacerda Barbosa – Medicina

Maria do Rosário de Fátima Fortes Braga – Técnica em Assuntos Educacionais

João de Deus Mendes da Silva – Matemática 

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Delícias do Maranhão na Semana de Gastronomia Regional 2023

A série “Maranhão na Semana de Gastronomia”, que traz informações sobre a participação do Senac Maranhão no evento “Semana de Gastronomia Regional”, promovido pelo Senac Nacional chega a sua terceira reportagem.  

O início da série abordou aspectos gerais sobre o evento. Já na segunda matéria, o babaçu virou o protagonista, visto que ele é o elemento escolhido como tema central da apresentação do Maranhão em 2023.  

Chegou a hora de desvendar o cardápio que será apresentado na Semana de Gastronomia Regional, com exposição do Maranhão, nos dias 10 e 11 de maio, no Rio de Janeiro e de 8 a 11 de agosto, em Brasília.  

O cardápio que será apresentado na Semana de Gastronomia Regional oferecerá uma combinação de receitas da culinária maranhense produzidas a base de coco babaçu e outras receitas típicas do estado que não são preparadas com o fruto.  

“Ele foi planejado com objetivo destacar o sabor do coco babaçu nas receitas que apresentaremos, já que este é o tema representante do Maranhão este ano, mas a princípio sempre queremos levar a cara do Maranhão em nossos pratos, por isso temos uma grande variedade de pratos regionais, que vão além do sabor do coco babaçu”, afirmou Samuel Mendes, Instrutor e Chef de cozinha do Restaurante-escola do Senac Maranhão e idealizador do cardápio que será apresentado no evento.  

Farinha de mesocarpo, amêndoas, leite, azeite e óleo de coco babaçu são os ingredientes que trarão o marcante sabor do fruto às iguarias que serão preparadas. Serão utilizados desde a fritura da pescada amarela, prato principal típico do estado, até a sablée da cheesecake de juçara, que é uma importante massa da confeitaria de origem francesa.  

Dos dezoito pratos que comporão o menu, sete trarão no seu preparo o coco babaçu, sendo que destes quatro serão deliciosas sobremesas. Para a preparação destes pratos estão estimados o uso de aproximadamente 10 quilos de coco babaçu, 6 quilos de farinha de mesocarpo, 15 litros de óleo e 15 litros de azeite de coco babaçu.  

São esperados cerca de quatrocentos comensais nos salões do Restaurante-escola Downtown, no Rio de Janeiro, para saborearem as iguarias que serão ofertadas nos dois dias da exposição maranhense. Além do serviço de salão, que será aberto ao público, está previsto para acontecer a aula-show, onde serão ensinados o famoso arroz de cuxá, a tradicional peixada maranhense com azeite de coco babaçu e o cookie de mesocarpo, que vai muito bem acompanhado de um bom cafezinho.

Nesta aula profissionais, instrutores e alunos do Senac Rio de Janeiro poderão trocar experiências e ampliar as competências das equipes.   Na próxima semana, a terceira reportagem da série “Maranhão na Semana de Gastronomia” conversaremos com a equipe maranhense que vai representar o Restaurante-escola neste delicioso evento.

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Bar do Léo celebrado em documentário

Um dos espaços culturais mais conhecidos e tradicionais de São Luís será homenageado em um documentário. O filme “Academia Musical Bar do Léo” pretende retratar a história, as peculiaridades e a relevância do estabelecimento localizado no Mercado do Vinhais. O lançamento está previsto para o dia 20 de janeiro de 2024, ocasião em que o bar completa 45 anos.

Na atual etapa do projeto, a equipe busca recursos por meio de investimento direto e leis de fomento para viabilizar a obra. As ações do filme podem ser acompanhadas pelo Instagram @doc_bardoleo e contatos podem ser feito pelo e-mail projetobardoleo@gmail.com

Segundo a diretora do documentário, Marina Rieck Borck, “este momento é crucial para a produção deste projeto que é, para além de um filme, um presente para seu Léo, clientes e amigos do bar. Um trabalho conjunto que ressalta a importância de todos os envolvidos”

Decoração com discos clássicos e apetrechos da cultura popular do Maranhão compõem a cena do Bar do Léo. Foto / divulgação

O título “Academia Musical Bar do Leo’’, já reconhecido por muitos clientes, retrata a dimensão e a complexidade artística do local, além de indicar que o extenso acervo do bar serve como fonte de pesquisa e contribui com a preservação da cultura maranhense e nacional.

O Bar do Leo foi fundado em 1979, na antiga Companhia Brasileira de Alimentos (COBAL) do Vinhais – hoje chamada de Mercado do Vinhais.  Frequentado por um público diverso de estudantes universitários, intelectuais, escritores, figuras da noite e moradores do entorno, o local está presente no imaginário de boa parte dos maranhenses por conta do seu inigualável acervo musical e da sua decoração peculiar.

O bar também é um ponto turístico, visitado, inclusive, por figuras importantes da música e das artes brasileiras, a exemplo de Mário Lago, Teresa Cristina, Fagner, Elomar, Paulinho Pedra Azul, Monarco da Portela, Matheus Nachtergaele e Zeca Baleiro.

 O Léo

Leonildo Peixoto Martins, o dono do Bar do Léo, nasceu no povoado Alinhavão, pertencente ao município de Santa Helena, no Maranhão. Figura humilde, o próprio Léo costuma afirmar que é natural de um local onde não havia igreja e nem escola, uma das razões pelas quais a música se tornou uma de suas obsessões. Apesar da pouca educação formal, Léo sempre valorizou a arte e a cultura. No seu bar, as cervejas dividem espaço com livros, cd’s e vinis. Figura caricata, Leo é conhecido na cidade pela sua autenticidade e sua paixão pela música. 

Equipe

A equipe do documentário é toda composta por profissionais vinculados ao cinema e clientes do bar. A diretora é Marina Rieck Borck, cineasta baiana que já realizou trabalhos em São Luís. Também compõem a equipe: Nezia Souza (produção geral); José de Maria e Gabriela Barros Rodrigues (produção executiva); Daniel Costa (edição); Guilherme Cerveira (direção de arte); Bruno Guerra (direção de fotografia); Paulo Vinícius Coelho e Maricilde Pinto (assessoria de imprensa).

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1º de Maio! Romaria trata de fé, fome, partilha e celebra o trabalho

Fonte: Agência Tambor

A 30ª edição da Romaria do Trabalhador vai acontecer na próxima segunda-feira, dia 1º de maio, na área Itaqui Bacanga, em São Luís.

O tema é “Trabalhador, qual a sua fome?”. E o lema é “Fé e ação na partilha do pão!”.

A concentração está prevista para 14h30, em frente a Unidade Mista, na Vila Isabel, uma das comunidades da área Itaqui Bacanga.

A Romaria do Trabalhador tem previsão de saída às 16h e vai percorrer cerca de quatro quilômetros pela Avenida dos Portugueses, com duas paradas: uma no Teatro Itapicuraíba e outra na Escola Cruzeiro do Sul. 

O ponto culminante da romaria vai acontecer na Paróquia  do Nosso Senhor do Bonfim, na Praça da Família, com uma grande  Celebração, em um ato de fé e esperança por uma sociedade mais justa e igualitária. 

As trabalhadoras e os trabalhadores sempre tiveram formas de se organizar durante a História. E o Dia do Trabalhador surgiu da luta por condições dignas, para todos os trabalhadores e se intensificou em consequências dessas lutas. 

Nenhum povo venceu a opressão sem organização. E a Romaria do Trabalhador é um meio que a Igreja Católica tem para chamar os trabalhadores a se organizarem, partilhar a vida e lutar juntos por seus direitos.

Além disso, diante da dignidade do trabalho tão fragilizada, a Romaria do Trabalhador lembra que “não podemos perder de vista a utopia da igualdade, da dignidade , que o evangelho nos propõe”. 

Os organizadores dessa tradicional atividade lembram que “desde o princípio Deus determina que é pelo trabalho que tirarás com que alimentar-te todos os dias da vida” (Gn 3,17).

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Pódio e oásis

Eloy Melonio

Seria exagero comparar a fila do banco a uma caravana de camelos no deserto? Ou ao pódio da Fórmula 1? Talvez, mas não custa tentar. Numa comparação simples, a fila está para a caravana assim como o interior do banco está para o pódio.

O sol abrasador, a areia quente e a lentidão dos camelos classificam os beduínos como viajantes resistentes e pacientes. A pista regular e os carros supervelozes fazem os pilotos de F-1 se sentirem dentro de um jato.

Sem nada disso na cabeça, saí de casa num dia qualquer para ir ao banco. Não imaginava que teria de enfrentar uma boa fila, coisa que não fazia havia muito tempo. E, lá, afetado pelo espírito de cronista, decidi registrar cada momento dessa experiência em passos cronometrados, como se fosse um diário.

Entro na fila às 9h10.

9h13. O cenário é a rua, a calçada, as pessoas. E um calor de matar! À minha frente, muita gente; e eu ainda sou o último, uma posição nada confortável. Encosto-me no muro do prédio vizinho ao banco. Saúdo o Sol e fico aguardando o sinal verde.

9h15. Chega o meu segundo vizinho, um senhor de uns oitenta anos. Dou-lhe bom dia, e ele só me olha. Outros dois acabam de chegar. E agora já são três.

9h25. Pego uma pontinha da sombra da amendoeira que fica no terreno do prédio vizinho. Nesse ponto, a fila assume o formato de um lombo de camelo por causa do recuo do portão de entrada de veículos. E a fila se “reinventa” a cada movimento.

9h40. Faço estas anotações na última página de um livro — velho companheiro quando vou a lugares onde posso sentar e ler. Hoje, infelizmente, não desfruto tal privilégio. Esgotado o espaço da folha, passo para o celular.

10h5. A fila ganha fôlego à minha frente. As pessoas se reorganizam, e eu avanço uns cinco passos. Mas a porta de entrada ainda é um oásis que escapa à minha visão

10h10. A esta altura, a fila já é uma confraria. Desconhecidos se tornam amigos íntimos. Gente falando alto, gente rindo, gente reclamando. Falam de tudo: da pandemia, de um vizinho antipático, e até dos filhos do presidente. Antenado, um senhor metido a engraçado explode: No meu tempo, rachadinha era outra coisa.

10h20. A fila avança, e a amendoeira agora é sombra do passado. O Sol esquece que já me deu bom dia e me encara como se eu fosse um quadrúpede ruminante do deserto. Um ambulante me oferece água mineral. Penso na higiene e na covid-19. “Não, obrigado”. Inspiro-me nos beduínos e tento esquecer a sede por mais algumas dezenas de minutos.

10h27. Um trecho da fila vira uma arena política. Falam dos políticos e dos ministros do STF. Uma aposentada do INSS faz a conta: gás, comida, remédios. Diz que já fez dois consignados e que não lhe sobra quase nada de seu benefício. Seu Jaime, o senhor da “rachadinha”, vira o rosto e canta baixinho: Na vida a coisa mais feia/ É gente que vive chorando de barriga cheia.

10h38. Um grupo de indignados decide entrar com uma representação no Ministério Público contra o banco. Desenham um plano, anotam nomes e telefones. “Onde já se viu?”, questiona uma senhora com jeito de professora. “Largar a gente ao léu, sem nenhuma assistência. Logo esses, que mais têm lucro neste país”.

10h45. A área em frente ao banco vira uma feira. Transeuntes, ambulantes e fileiros se agitam como fotógrafos em busca do melhor ângulo de Lewis Hamilton. Alguns vigiam a porta de entrada da instituição bancária. Um descarado tenta furar a fila. “Na minha frente não entra”, grita um senhor forte com cara de policial.

10h50. O calor fica mais intenso, e o cansaço dá seu primeiro sinal. Penso em tirar a máscara. Uma pergunta me incomoda: Será que sobreviverei até à linha de chegada? E, para aumentar meu desespero, alguém grita lá atrás: “Essa fila não anda, não?”

11h10. Enquanto faço minhas contas (duas horas em pé), a fila se mexe subitamente. Meu vizinho quase beija minha nuca. Olho para trás com cara de zangado. Ele se faz de desentendido.

11h17. O Sol tinindo no meu rosto, a camisa úmida de suor. Fileiro de primeira viagem, esqueci-me de trazer um boné ou um guarda-chuva. E senti na pele a utilidade dos lenços. Meu oásis agora é só uma sala com cadeira e ar-condicionado.

11h30. Nuvens mal-encaradas ameaçam a estabilidade da fila. Olho para os lados, e não vejo onde me abrigar. Os dois orelhões de um velho telefone público conjugado já estão ocupados. Um poste já me salvou do sol, mas não me salvaria na chuva.

11h35. Sem hesitar, ela dá o ar de sua desgraça. Fina, mas fazendo todo mundo correr à procura de um abrigo que não existe. Acho uma brecha sob o guarda-sol do vendedor de água mineral, de quem, alguns minutos antes, recusara uma garrafinha. A fila se desfaz, e a rua vira literalmente um deserto.

11h50. O Sol reaparece, e o cenário ganha cor novamente. Avisto a porta de entrada do banco e acredito na ilusão do oásis.

11h53. Avanço três metros. Olho pra trás e conto as milhas que percorri, mesmo achando que não saía do lugar. Recupero a energia e a coragem. Na fila preferencial, convenço-me de que sou um “terceirão” de primeira viagem e de que vou completar o percurso.

12h05. Na reta de chegada, imagino a bandeira quadriculada tremulando. E a torcida gritando: Vai, vai! Sinto vontade de levantar os dois braços como fazem os pilotos da F-1 e gritar: Yeah!

12h10. Subo ao pódio. Agora é só esperar o troféu. Minha língua lambe os lábios como se saboreasse o champanha. Num breve devaneio, os gritos da arquibancada me convencem de que sou um vencedor.

12h11. A funcionária que cuida da entrada faz o sinal que esperei por cerca de três horas. Mede minha temperatura e me deixa entrar.

12h12. Sem nenhuma pressa, passo pela porta giratória como se ela fosse só minha.

12h13. Estou dentro da agência. Exatamente como imaginava: um oásis.

Eloy Melonio é contista, cronista, letrista e poeta.

(*) Publicado no blog do ED WILSON em 17 de julho de 2020

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Lula condena taxa de juros: “Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%”

“E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro precisa circular, não apenas na mão de poucos, na mão de todos”, disse o presidente, nesta segunda-feira (24), em Portugal

Fonte: Site do PT

Enquanto o comandante do Banco Central, Roberto Campos Neto, tenta, inutilmente, imprimir algum verniz técnico para a decisão política de manter a taxa Selic na estratosfera, o presidente Lula expõe o risco de uma crise de crédito pelo qual passa o Brasil em decorrência do arrocho monetário imposto pelo bolsonarista. Nesta segunda-feira (24), no Fórum Empresarial Brasil-Portugal, em Matosinhos, na região do Porto, em Portugal, Lula voltou a criticar a taxa de juros de Neto, um dos maiores entraves ao crescimento econômico do país.

“Nós temos um problema, primeiro-ministro [António Costa], que não sei se Portugal tem, que a nossa taxa de juros é muito alta, é muito alta”, discursou Lula. “No Brasil, a taxa Selic, que é a taxa referencial, está a 13,75%”, explicou o presidente. “Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%, ninguém”.

“E a verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro precisa circular, não apenas na mão de poucos, na mão de todos”, afirmou o presidente, em referência à escassez de crédito provocada pela taxa Selic.

“É por isso que eu digo sempre: a solução do Brasil é a gente voltar a colocar o pobre no Orçamento, é a gente garantir que as pessoas pobres possam participar, porque quando eles virarem consumidores, eles vão comprar”, argumentou o petista.

“Quando eles comprarem, o comércio vai vender. Quando o comércio vender, vai gerar emprego, vai comprar mais produtos da fábrica”, esclareceu Lula. “Não precisa importar da China, pode comprar produtos produzidos no Brasil, e a gente vai gerar mais emprego, e mais emprego vai gerar mais salário. É uma coisa mais normal da roda gigante da economia funcionando e todo mundo participando”, observou o presidente.

Leia mais no site do PT

Imagem destacada / Lula, em Portugal: taxa de juros atual impede o consumo das famílias.

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Tambor pra Celso Borges

Autor: Chico Nô

No dia de São Jorge
Celso Borges viajou – bis
Se encantou lá nas estrelas
No céu da ilha do amor – bis

Tambor chorô poesia
Beira mar quem te levou
No carrossel do destino
Vai seguindo o trovador

Nossa Ilha é só tristeza
Valei me meu São João
Quero ouvir os teus poemas
Na fonte do Ribeirão

Saudade pra quem te lembra
Canção para quem ficou
No azulejo da memória
Teu cantar se eternizou

Vento trás e vento leva
Vai simbora viajar
Segue em paz meu poeta
E deixa côro panhar!!!

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Por um orçamento democrático e autônomo

Ao longo das duas últimas décadas houve um processo de expansão das universidades, especialmente, com o advento do Programa de Reestruturação das Universidades Brasileiras – REUNI. Nesse período, a UFMA cresceu de forma quantitativa, com a criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, o que propiciou sua interiorização e o ingresso de novos professores e técnicos educacionais em seus quadros. A expansão veio acompanhada de uma democratização no ingresso nos cursos de graduação, por meio do Sistema de Seleção Unificado – SISU, e da política de cotas (lei 12711/2012), propiciando uma modificação na comunidade estudantil, cujo crescimento tem implicado na necessidade de melhorias em todas as dimensões para atendê-la.

Todas essas mudanças ensejam novas políticas articuladas, práticas inovadoras de gestão que incluam, necessariamente, transparência, critérios amplamente debatidos pela comunidade acadêmica e que sejam mensuráveis e auditáveis. As perguntas mais recorrentes entre as Unidades Acadêmicas é: Porque os recursos não são descentralizados por meio de modelos matemáticos? Porque esse tema retorna ao cenário, apenas, em momentos de consulta à comunidade acadêmica para o cargo de reitor?

Se na UFMA a ideia de distribuição de recursos financeiros por meio de modelos matemáticos, pode parecer estranha, sua utilização é recorrente para repartição de recursos financeiros e mesmo humanos. Ademais, a gestão orçamentária de uma Universidade, que depende fundamentalmente da verba de custeio originária do Tesouro Nacional, e distribuída pelo Ministério da Educação, é feita por meio de um modelo matemático produzido pela Andifes, conforme podemos visualizar:

Apesar de aparentemente complexo, o modelo proposto pela Andifes, adotado desde 1996, considera os parâmetros acadêmicos, tais como a quantidade de alunos ingressantes, diplomados, fator de retenção, turno do curso, curso fora da sede, etc. Isso nos leva à conclusão de que a quantidade de recursos que a UFMA recebe anualmente, por exemplo, depende estritamente desses indicadores. O planejamento orçamentário é peça-chave para que a Universidade possa se organizar e cumprir suas funções sociais e educacionais, haja vista que um planejamento eficaz promove a democratização da gestão do ensino público e toda a sociedade sai ganhando.

Na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 206 são estabelecidos como princípios básicos do ensino no país, dentre outros, o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e a gestão democrática do ensino. Os princípios considerados fundamentais para a Gestão Democrática devem estar voltados para a descentralização a qual inclui formas não hierarquizadas de discussão, decisões e diferentes ações, envolvendo no cotidiano universitário a comunidade interna e externa. Para uma gestão democrática é imprescindível buscar transparência em todas e quaisquer decisões ou ações realizadas no ambiente universitário. E, nesse sentido, a autonomia das universidades, definida no artigo 207 da Constituição Federal, comporta três grandes áreas: a financeira; a administrativa; e, a pedagógica, todas voltadas para o princípio da indissolubilidade do tripé ensino, pesquisa e extensão.

Diante do exposto, algumas reflexões nos parecem necessárias quanto ao exercício dos princípios de Gestão Democrática e Autonomia na UFMA: como teremos uma universidade democrática, uma vez que as decisões têm sido centralizadas na figura do reitor, como podemos ver nas diversas resoluções aprovadas ad referendum, a exemplo da Resolução nº 2.639, CONSEPE/2022, que dispõe sobre normas e procedimentos para a inserção e oferta de componentes curriculares integral ou parcialmente, na modalidade EAD, nos cursos de graduação presencial. Ora, como um tema tão importante, que afeta diretamente o ensino na universidade, pode ser imposto sem realizar o mínimo debate no seio da comunidade universitária, enquanto as outras universidades não aceitaram essa imposição do governo? É a esse tipo de decisão que se refere o princípio da autonomia da universidade? Como esse tipo de ação garante a gestão democrática na UFMA?

Quanto à gestão financeira e patrimonial destaca-se a construção da Biblioteca Central do campus São Luís, que vem se arrastando há anos, por meio de aditivos, evidenciando uma visível distorção da aplicação dos recursos na universidade, tendo em vista a diversidade de problemas estruturais nas unidades acadêmicas e nos diversos campi que afetam o funcionamento cotidiano das atividades da universidade. A este respeito destacam-se a falta de água potável, de manutenção permanente dos banheiros, das salas de aula, dos gabinetes dos professores, salas dos grupos de pesquisa, laboratórios de informática dos estudantes, enfim, o sucateamento de toda a infraestrutura de todas as unidades acadêmicas, comprometendo assim a realização da atividade fim da universidade: ensino, pesquisa e extensão. Tudo isso evidencia uma gestão sem compromisso com os princípios da administração pública da legalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

A ideia de gestão vigente, culturalmente instituída, em que os problemas são vistos de forma isolada, mostra claros sinais de esgotamento. Esse modelo pode até funcionar quando se tem muitos recursos, como no período do REUNI, em que a política do pires é usada como estratégia “dividir para conquistar”, mas nos períodos de “vacas magras” os problemas ficam mais patentes.

Retornando a UFMA, observamos que as funções gratificadas e Cargos de direção estão distribuídos na atividade meio da instituição.  Então, cabe-nos questionar, por fim: Qual democracia temos na UFMA? Qual democracia queremos para a UFMA!

Cidinalva Silva Camara Neris – Estudos Africanos e Afro-Brasileiros

Joao de Deus Mendes da Silva – Matemática

Luciano da Silva Façanha – Filosofia

Maria do Rosario de Fátima Fortes Braga – Técnica em Assuntos Educacionais

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Mara Pop lança “Ladeira & Gravidade”

Fonte: Mundioca

Mara Pop prepara um grande lançamento, cinco músicas inéditas e mais versões que vão fazer o chão tremer, em maio de 2023.

Como a gente não se segura quando o assunto é amor e música, vocês vão receber feito um beijo na boca o single Ladeira e Gravidade, interpretada por Lucélio Muirax e Maria Itskovich. Essa coisa linda estará disponível em todas as plataformas dia 28 de abril e vamos provar desse sabor delícia que é o Mara Pop Dois – O Novo Som do Brasil. A música é uma balada romântica, daquelas que realmente marcam o coração.

O repertório do novo disco que sai mês que vem está repleto de ritmos atualizados. Temos a Pisadinha na Fulô, que além de tudo é uma grande homenagem do grupo ao genial maranhense Joao do Vale.

Vai rolar também o som vibrante e pra cima de Abalada e Alada, o Rio de PiranhasMana, uma música atual que incentiva a positividade na atmosfera diversa do amor.  

Fica agendado para maio desse ano o álbum completo, canções novinhas com as interpretações de Rafael XadrezKelly MenezLucélio MuiraxMaria Itskovich e Beto Ehong, que também assina a produção junto com o DJ TiCall Caio Oiak.

Enfim, o Mara Pop Dois promete e não é pouco: balada, funk, piseiro, baião, trap e muito mais.

Aproveita para fazer o pre-save de Ladeira e Gravidade e aumenta o som pra ouvir o primeiro trabalho lançado que está bombando nas plataformas streams.