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As mortes no Jaracaty, os vereadores e o Plano Diretor de São Luís

Uma das maneiras de conhecer São Luís é navegando fora das avenidas principais. Além das belezas naturais, do Centro Histórico exuberante e do alto astral, a cidade parece ter sido feita a facão.

É como se a capital fosse um garimpo. Cada dono de barranco ergue sua construção sem lei nem ordem. E nas sobras dos terrenos a cidade vai se fazendo.

Muitas áreas nobres em São Luís foram griladas pelos endinheirados. A cidade ficou o caos e vai se agravando a cada dia, priorizando a especulação imobiliária, os carros e as empreiteiras.

Colado ao shopping São Luís ergueram várias torres e o trânsito foi modificado para facilitar a entrada e saída dos carros.

Os moradores do Jaracaty, imprensados entre a avenida e a maré, não têm sequer o direito de atravessar a pista. E mesmo quando estão em suas casas, à noite, celebrando um aniversário, são vítimas da cidade que oprime e mata os pobres para beneficiar os grandes empreendimentos comerciais e imobiliários.

Os transeuntes em geral são excluídos da cidade onde não tem uma ciclovia decente e as faixas de pedestre são marcas de giz nas avenidas mal cuidadas, cheias de ondulações ou buracos.

Já são 30 anos do mesmo grupo político controlando a Prefeitura de São Luís e nem as avenidas principais têm a aplicação dos conceitos básicos da Engenharia.

No aniversário de 407 anos da cidade houve muita festa, deslumbramentos, celebrações e bajulações, mas existe outra São Luís que vive na barbárie.

Domingo morreram 4 pessoas e 5 ficaram feridas. As famílias estão dilaceradas.

Breve chegará na Câmara dos Vereadores a proposta de revisão do Plano Diretor. A maioria da população nem sabe do que se trata porque a Prefeitura escondeu o debate de alto interesse público.

A proposta de revisão do Plano Diretor vai tornar a cidade ainda mais cruel, desumana e excludente. Só para ter uma ideia, 40% da zona rural serão eliminados, caso o pacote seja aprovado na Câmara dos Vereadores.

Entre os 31 parlamentares pouco se fala sobre o Plano Diretor. Embora tenhamos edis atuantes nas suas bases, focados no varejo eleitoral, quase nada existe de debate sobre a legislação urbanística que vai interferir diretamente na vida de mais de 1 milhão de pessoas.

Enquanto as famílias do Jaracaty enterram seus mortos e sofrem nas portas dos hospitais com os feridos, as lideranças da Câmara dos Vereadores celebram um grande feito – a construção da nova sede do Legislativo Municipal.

Isso mesmo! Em meio a essa crise braba, nós, contribuintes, vamos bancar uma fortuna para a construção da nova sede da Câmara dos Vereadores de São Luís, a ser implantada na antiga Fábrica das Artes, perto do Ceprama.

A construção vai custar uma fortuna.

Ninguém pode negar que a obra vai trazer benefícios para o esplendoroso e encantador Centro Histórico, tão amado por todos nós.

Mas, em meio à crise econômica e na iminência de mudanças profundas na legislação urbanística, seria melhor converter essa montanha de dinheiro pelo menos para pintar uma faixa ou construir uma passarela no Jaracaty.

Já seria uma grande coisa.

4 respostas em “As mortes no Jaracaty, os vereadores e o Plano Diretor de São Luís”

Não é a primeira vez que a população do Jaracaty sofre esse tipo de perda, faz mais de vinte anos, muitas crianças também foram vitimadas num trágico acidente automobilístico, na época elas estavam sentadas inocentemente observando o movimento da avenida.
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